A ideia de raiz não foi sua, mas quando a editora Esfera dos Livros lhe lançou o desafio de escrever histórias insólitas sobre juízes, advogados, procuradores, arguidos e polícias,
Sofia Pinto Coelho não pensou duas vezes e ‘mergulhou’ nos arquivos que construiu ao longo de 15 anos de profissão. Segundo a jornalista, bastou ir ao "baú" para encontrar muito material que não chegou a aproveitar nas reportagens televisivas: "
Tinha muito material que nunca deitei fora, muitas sobras de reportagens, em que foi utilizada a parte noticiosa pura e dura e que não consegui explorar a parte mais humorística ou a moral da história." E assim, após dois anos intensos de trabalho, ‘nasceu’ As Extraordinárias Aventuras da Justiça Portuguesa – Histórias Insólitas de Juízes, Advogados, Procuradores e de Todos Nós, apresentado há dias no antigo Tribunal Militar de Santa Clara, em Lisboa.
Este livro representou um grande desafio para Sofia, na medida em que teve de abdicar de algum tempo em família para o escrever. Ainda assim, garante, foi um desafio que valeu a pena: "
As pessoas pensam que é muito fácil, mas não é. Demorei muito tempo a escrever este livro. Abdiquei de fins-de-semana fora, de jantares, festas… Abdiquei de tudo o que era lazer durante dois anos. A família não reclamou, já está habituada. Mas eu consigo conciliar as coisas. Sou muito disciplinada, nunca perco tempo no trabalho, nem em conversas de corredor, nem vou almoçar fora com ninguém, levo a marmita de casa e almoço em 15 minutos… Portanto, compacto o tempo para conseguir ter um bocadinho para escrever ao fim do dia."
Apesar de ser advogado, o marido da jornalista,
Ricardo Sá Fernandes, praticamente não contribuiu para nenhuma história deste livro, que só viu quando já estava escrito, mas ao qual tece grandes elogios: "
É uma visão dura, mas verdadeira. Quem fala da Justiça, fala muitas vezes sobre questões gerais e abstractas, e isso muitas vezes não é claro para quem ouve. Este livro tem a grande vantagem de falar sobre a prática, os casos concretos, e daí espero que se retirem muitos ensinamentos, além de boa disposição."
O livro foi apresentado pelo antigo bastonário da Ordem dos Advogados,
António Pires de Lima, e o colunista
João Miguel Tavares. Quem não perdeu este lançamento foi a mãe da autora,
Maria Filomena Mónica, que se afirmou "
muito orgulhosa" da filha, e o actual bastonário da Ordem dos Advogados,
António Marinho Pinto, que gostou do livro: "
Para mim, isto não é uma novidade, porque eu próprio tenho dois livros sobre aventuras da Justiça à portuguesa, algumas tão extraordinárias como estas aqui. Acho que é muito positivo divulgar obras onde se plasmem episódios que nos fazem sentir a todos a necessidade de reformar a Justiça."