Quem vê diariamente
Cristina Ferreira no programa Você na TV talvez não perceba que, por detrás do sorriso fácil e da pessoa doce, há uma mulher determinada e assertiva que sabe muito bem aquilo que quer. Talvez seja esta confiança em si própria que a permite desvalorizar o que muitas vezes se escreve na imprensa sobre a sua relação de 14 anos com
António Casinhas, de quem tem um filho,
Tiago, de 18 meses. Os rumores de que o companheiro é um pai pouco presente e de que troca a companhia da mulher por saídas nocturnas nunca abalaram a felicidade do casal. Aliás, a sintonia de ambos parece aumentar com os anos de vida em comum e Cristina está convicta de que encontrou, logo aos 18 anos, o homem com quem continua a querer partilhar o resto da sua vida.
Foi durante uma conversa franca que a apresentadora, de 32 anos, contrariou rumores e falou sobre aquilo que é essencial na sua vida para ser uma mulher feliz.
– Depois desta produção, pode dizer-se que há uma Cristina assertiva e determinada, bem diferente daquela que se vê na televisão…
Cristina Ferreira – Sou assim nestas fotografias e na vida. O que transparece na televisão é a minha alegria, o gosto que tenho em trabalhar, e isso é natural, espontâneo… Não se consegue enganar as pessoas durante muito tempo. Acho que já perceberam que quem ali está no Você na TV sou eu. Mas depois há um lado muito esforçado e assertivo que tenho na vida, de conseguir concretizar tudo aquilo que planeei, seja a curto ou a longo prazo, e que pode estar no meu olhar nestas fotografias.
– É essa certeza e determinação que lhe permitem ter uma relação de 14 anos?
– É sentir-me bem ao lado da outra pessoa, sentir-me amada, observada, diariamente, e isso faz-me melhorar e apostar tudo. Sei que sou criticada, mas é para que cresça. E, acima de tudo, é amar incondicionalmente. É isso que me faz estar lá.
– O amor cresce com os anos?
– Cresce e muda. Pareço aquelas pessoas já de 60 anos. [risos] Mas tendo uma experiência já tão longa… Ter começado a namorar com 18 anos – era uma criança, não sabia nada – deu para perceber que mudamos, vamos querendo coisas diferentes, mas que há uma base comum, que está lá sempre presente.
– E de alguma maneira têm mudado juntos…
– Sem dúvida. Temos crescido a dois, cometido erros juntos e em separado. Falámos desses erros, e isso é que é importante. Temos de ver o outro como alguém que falha, que em determinados dias pode não estar bem, mas que isso faz parte da vida, e é ela que nos une.
– A Cristina tem um casamento feliz?
– Claro. Qualquer pessoa tem de perceber isso. Estando segura, nada me abala.
– As notícias que dão a entender que atravessa uma crise no seu casamento devido ao comportamento do seu companheiro nunca abalou a confiança que tem nele?
– Não. É claro que dói, que magoa, ninguém gosta de mentiras e que se digam coisas que não são as correctas. Mas o que fazer quando, neste momento, estamos a passar por uma fase em que algumas pessoas – não em toda a imprensa – gostam de ser incompetentes?
– O António é um pai presente?
– Muito. E não me surpreendeu, porque sabia que ele iria ser assim. E se há coisa que me enche de felicidade é ver os dois a brincarem, a darem ‘beijinhos de nariz’. É estarem juntos e chamarem-me, precisarem de mim. É isso que me dá força para acordar às seis da manhã e ter um dia inteiro de trabalho, porque sei que esperam por mim no final do dia.
– Depois de tantos anos juntos sem filhos, foi difícil adaptarem-se a uma criança?
– Não me ajustei em nada. O Tiago já existia em nós há muitos anos, o nome estava escolhido… Nós sabíamos como é que ele iria ser. É impressionante. Se tivéssemos escrito aquilo que queríamos que fosse o Tiago, física e psicologicamente, ele não teria nascido tão perfeito. Ele é aquilo que nós imaginámos durante 13 anos, mas agora está ali, é o nosso filho.
– E continuam a ter tempo um para o outro?
– Temos, mas é um tempo diferente. De vez em quando temos momentos a dois, mas nesta altura ainda não nos faz muito sentido. O Tiago é tão pequenino que precisa de estar lá. Sentimos que nos falta alguma coisa. Ele tem tempo de, aos 18 anos, sair de casa. [risos] Se ele nos completa tanto, para quê passar já momentos sem ele?
– O casamento faz agora sentido?
– Eu já fui daquelas miúdas que sonhou muito com o vestido de noiva. Quando vinha com a minha mãe a Lisboa, obrigava-a a parar em todas as montras com vestidos de noiva. E ainda hoje tenho um fascínio muito grande por esse mundo. Acho que um dia o casamento vai fazer sentido na minha vida. O Tiago também surgiu de uma forma natural, possivelmente com o casamento há-de ser assim também.
– E quer ter mais filhos?
– Tenho um medo que acho que passa pela cabeça de muitas mulheres: o de não conseguir amar da mesma maneira outro filho. Como é que conseguimos dividir as coisas? Como é que pode ser igual o amor por duas pessoas quando elas são tão diferentes? Claro que o amor vai ser diferente, mas será incomensuravelmente grande. E tenho um companheiro que adorava ter uns cinco ou seis filhos. [risos] Mas penso que vamos ficar por dois, três, até porque acho que neste momento a vida que tenho permite-me criar mais do que uma criança. Se não tivesse de passar de novo pela gravidez, até podia ter outro filho já! [risos] Mas não faço planos. Há coisas que deixo que venham ao sabor do destino. Acredito muito nele.
– O Tiago já reage quando a vê na televisão?
– Reage, e já há muito tempo. Ele até já conhece os anúncios que dão antes do programa. Fica a rir-se em frente à televisão até que eu apareça. E sempre que passa ao pé de uma televisão, diz: ‘mamã’. [risos]
– Faz o mesmo programa há cinco anos. Ainda não se cansou?
– Não. Já sinto saudades só de pensar no dia em que o programa terminar. Estou ali numa parceria com o
Manel [
Luís Goucha], que tem anos e anos de televisão. Sei que este trabalho há-de terminar e dou por mim a pensar no dia em que não tiver o Manel e o Você na TV. Duas pessoas com vinte anos de diferença, como eu e ele temos, serem tão parecidas, acontece uma vez em cem anos.
– Tem medo de se aventurar na televisão sem o Manuel Luís Goucha?
– Não tenho medo nenhum, acredito realmente nas minhas capacidades. E sei que, com trabalho, consigo fazer tudo. Quando vou substituir a
Júlia [
Pinheiro] no programa da tarde, o Manel não me faz falta, porque é outro registo, e ali não tenho de ser o que sou de manhã. O Manel existe na minha vida há cinco anos e eu tenho 32. E não sou uma boneca que diz o que os outros querem.
– É uma pessoa exigente?
– Comigo e com os outros, e os meus colegas podem queixar-se um bocadinho. [risos] Acho que podemos errar, temos é de aprender com os nossos erros. E há pessoas que não o fazem. Isso bloqueia-me, deixa-me furiosa.
– Tem a mesma atitude na vida pessoal?
– Sou mais exigente no trabalho. Na vida afectiva, dou margem para que se cometam mais erros, para que não se diga a palavra certa, para que não se acorde todos os dias bem-disposto, para que não haja sempre dias perfeitos.
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