Afastada do seu público há algum tempo,
Eugénia Melo e Castro acedeu dar esta entrevista à CARAS com o intuito de ajudar a promover o ano dedicado à sua mãe, a escritora e poetisa
Maria Alberta Menéres, que, aos 80 anos – que se completam a 25 de Agosto próximo -, acaba de lançar mais um livro infanto-juvenil, intitulado
Camões, o Super-Herói da Língua Portuguesa. "A minha mãe tem mais de 60 livros editados, e o último, Ulisses
, que fala de um herói da Grécia Antiga, foi um best-seller,
vendeu 600 mil exemplares em Portugal. Se houve esse interesse tão grande por um herói que não é nosso, vamos tentar, com este novo livro, criar o mesmo interesse por um herói nosso, que existiu, não é um mito nem ficção", explica Eugénia Melo e Castro, que durante a conversa acabou por revelar uma série de novidades: vai lançar o seu primeiro livro infantil,
Camufilda,
a História de + uma Princesa, dedicado à mãe, à filha,
Ana Mariana, – que se estreia como ilustradora nesta obra – e… à neta. "
É a história que eu contava à Mariana na hora das refeições e agora também vou contar à
Mia", revela a cantora, que aguarda com alguma ansiedade o nascimento da sua primeira neta. Isto porque Mariana, que vive há alguns anos em Bruxelas – onde se casou e iniciou a sua carreira profissional ligada às artes plásticas -, está na recta final da gravidez. A bebé deverá nascer já na próxima semana e, em Agosto, a família prevê mudar-se para Lisboa, estando Eugénia a ultimar os preparativos para os receber. Antes disso, porém, no dia 5 de Junho, véspera do seu 52.º aniversário, a cantora vai ser condecorada em Paris pela Société Académique des Arts, Sciences et Lettres, e prepara ainda o seu próximo trabalho discográfico,
Conversas com Versos Cantados, em que pela primeira vez também cantará poemas da autoria da sua mãe.
– Está psicologicamente preparada para ser avó?
Eugénia Melo e Castro – É uma coisa que já desejava há muito tempo. Se a Mariana tivesse tido um filho com a mesma idade com que eu a tive a ela, já teria uma neta ou um neto com dez anos. Eu já estou nessa angústia há muito tempo. A Mariana sempre me disse que fiz mal em ter tido só um filho, porque dela não iria ter netos tão cedo… Acho que este bebé foi uma coisa que aconteceu, porque ela não tinha isto planeado na vida dela. Agora está felicíssima, mas teve de cancelar imensos projectos quando descobriu que estava grávida.
– As duas sempre foram muito próximas. Teve que se habituar à distância física?
– Ela é que me deu essa distância, precisou de se afastar de mim, dos avós, de toda a gente da família. Precisou de criar o espaço dela, pois era constantemente massacrada com o facto de ser filha de ou neta de. E, em vez de se acomodar a esse espaço garantido, ela quis ir à luta, quis provar o seu valor, tanto que ela nem assina Melo e Castro nem Campos Rosado [o pai,
António Campos Rosado, é um reconhecido artista plástico e gestor cultural], assina Mariana Melo.
– Parece que, depois da bebé nascer, a família vai mudar-se de Bruxelas para Lisboa?
– É verdade. Ela e o marido querem experimentar ficar cá em Portugal.
– Assim, sempre lhes poderão dar mais apoio nestes primeiros tempos com a bebé…
– Acho que eles sentem falta de sol. Era um projecto antigo que tinham, e a bebé deve ter acelerado a vinda deles, porque querem que a Mia apanhe mais sol numa cidade não tão pesada como é Bruxelas. Portanto, vão experimentar… Ela ainda não chegou e já está cheia de projectos e convites: para fazer uma revista de jovens artistas, para ser decoradora de uma galeria que vai abrir…
– Herdou a veia artística da família…
– Ela é uma máquina de trabalho, está ligada à produção de eventos de artes plásticas. Imagine que ela conseguiu libertar um parque de estacionamento de vários pisos, entregou dois lugares de estacionamento a cada artista, e fez uma mega-exposição, inaugurada pelo rei! Foi ela, aliás, quem fez as ilustrações do livro infantil que vou lançar em Agosto. Eu tinha convidado a
Fernanda Fragateiro e, quando a Mariana soube, ligou-me ofendidíssima, porque a história era dela! Claro que liguei para a Fernanda, que se riu imenso com a reacção, e até se ofereceu para ajudar a Mariana se ela precisasse.
– Provavelmente, sentiu-se intimidada, tal como a Eugénia se deve ter sentido quando chegou a hora de se expor a nível artístico, sendo filha de escritores consagrados…
– Intimidada não, senti-me responsabilizada, pois as únicas pessoas do mundo que eu nunca quis desiludir foram os meus pais. Foram sempre os meus primeiros ouvintes, que leram as coisas que fui escrevendo, embora nunca as tivesse publicado, por medo, insegurança… seria sempre a escritora filha de escritores.
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