O período mais conturbado da vida de
Fernanda Serrano parece estar definitivamente ultrapassado e a atriz prepara-se agora para regressar em pleno ao trabalho, três anos depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro da mama, que ultrapassou. Antes do início das gravações da nova novela, previsto para setembro, Fernanda, casada com o empresário
Pedro Miguel Ramos há quase seis anos, revela à CARAS como ultrapassou os momentos mais complicados, fala sobre o crescimento dos filhos,
Santiago, de cinco anos,
Laura, de dois, e
Maria Luísa, que acaba de completar um ano, e mostra a sua boa forma física numa produção fotográfica em que veste a pele de três personagens: a pintora
Frida Kahlo, a atriz
Rita Hayworth e a figura imaginária Catwoman.
– O que a motivou a vestir a pele de figuras tão distintas?
Fernanda Serrano – É algo que todas as pessoas podem fazer, mas correriam o risco de ser consideradas loucas se o fizessem. Eu posso sempre esconder-me um pouco atrás da capa da profissão e dar asas a este sonho. Foi também uma forma de antecipar o meu regresso. Apetece-me muito voltar a trabalhar.
– Esteve praticamente três anos sem trabalhar, não deve ter sido fácil…
– Passei por várias fases. Pela fase da preocupação, pela fase da insegurança, pela fase de achar que não voltaria nunca mais a fazer aquilo que tanto amo, pela fase do conformismo, do terror, e agora estou a tentar fingir que estou normal, mas estou ansiosa pelo primeiro dia de gravações.
– Foram três anos em que o seu principal papel foi o de mãe?
– Fui exclusivamente mãe estes três anos. Foi um privilégio. Muitas mães gostariam de o conseguir, não pelas mesmas razões que eu, claro, mas porque faz muita falta termos tempo para desfrutar do crescimento dos nossos filhos. E o papel de mãe é o mais importante e o mais difícil da nossa vida.
– Como tem sido o crescimento dos seus filhos?
– Eles são crianças ótimas, muito afetivas, e também muito vigiadas e assistidas pela família. Temos uma rede familiar muito coesa, eles percebem isso, e acho que vão ser pessoas muito estruturadas. E eu tenho mesmo a minha família como base de tudo, pelo que é importante que eles sintam isso.
– Vai conseguindo manter um certo
low profile, mesmo quando está a fazer um papel de destaque numa novela…
– Não me preocupo nada com o mediatismo, nem vivo em função disso. Essa plasticidade da exposição pública não tem absolutamente nada que ver comigo. Saio à rua de forma normal. Não penso que tenho que estar toda aprumada porque posso ser fotografada. Ninguém pensa em levar os filhos à escola de saltos altos, maquilhada e com um grande vestido. Eu ando sempre sem maquilhagem, por exemplo, e uso isso como arma, porque é bom viver de cara lavada.
– Mesmo havendo duas pessoas mediáticas em casa…
– É engraçado, porque eu e o Pedro, antes de nos conhecermos, sempre imaginámos o outro como uma pessoa diferente. E foi fantástico, porque foi uma descoberta muito interessante e que deu frutos lindos, os três filhos maravilhosos que temos em casa.
– O Pedro tem sido um grande apoio…
– Nada acontece por acaso. Cada vez mais tenho esta capacidade de aceitação e reconhecimento. E é muito bom constatar isso, com um grande sorriso na cara.
– Têm tentado preservar a imagem dos vossos filhos.
– Sim. Hoje em dia a sociedade provoca-nos esses medos e pensamentos. Não vivo preocupada com muita coisa, mas no que toca aos meus filhos, aí penso em tudo e mais alguma coisa. Tento preservá-los e protegê-los com tudo o que está ao meu alcance. Eles são mais importantes do que qualquer outra coisa, e não têm que ter exposição pública, apesar de serem filhos de… Se um dia quiserem fazê-lo, que o façam, mas por sua conta e mérito.
– A Maria Luísa acaba de fazer um ano de idade. Como tem sido a adaptação dela à família e vice-versa?
– São três crianças muito diferentes. Fisicamente nem por isso, mas todos têm um caráter muito diferente. E, apesar de serem crianças muito afetuosas e humanas, sabem que existe ali qualquer coisa diferente com os pais. O Santiago, por exemplo, não percebe muito bem como é que as pessoas na rua sabem o seu nome. [risos] Aos cinco anos tem já uma perceção diferente das coisas. Tem observações muito pertinentes e interessantes, é muito atento e parece mais crescido do que é. É muito parecido com o pai.
– E já ajuda a tomar conta das irmãs?
– Sim, muito. É muito atento, disciplinado e regrado. Ele é, felizmente, igual ao Pedro. Já as duas bonecas, não sei como vai ser… [risos]
– O Pedro, apesar de não poder estar sempre presente, é um pai dedicado…
– Ele tem essa noção e muita pena de não poder ser mais presente, mas também está a investir noutras áreas que são fundamentais, e que foram pensadas e aceites pelos dois. E está lá sempre que é necessário, isso é o mais valioso quanto a mim.
– Hoje, olhando para trás e pensando que tudo vai voltar à normalidade…
– … [risos] Vamos ver. Espero que sim. Porque agora nunca se sabe. Sempre que estou para regressar, já toda a gente faz brincadeiras disso. Os meus colegas perguntam-me logo se não vou engravidar ou algo assim. Mas engravidar agora não, à partida, pelo menos… Se bem que a última vez que falámos também não sabia. Mas felizmente engravidei, porque a Maria Luísa é um presente que recebi de braços abertos, é uma bênção aquela bebé, e uma força da natureza, uma sobrevivente.
– Uma sobrevivente, tal como a Fernanda, de alguma forma. Sente que a vida lhe deu uma segunda oportunidade?
– Sinto sim. E acho que tenho tido muita sorte. Se calhar há alguns anos não o diria com este sorriso, mas agora admito que tenho tido muita sorte mesmo.
– Como conseguiu recuperar a boa forma depois de três filhos e de tudo o que lhe aconteceu?
– Correndo atrás deles. [risos] Sendo mãe a cem por cento, acaba por perder-se algum peso, e a genética ajuda, como é óbvio. Mas tive que fazer um esforço nesse sentido, claro. Tenho cuidado comigo, pois também vivo da imagem. E, de qualquer forma, fá-lo-ia por brio pessoal.
– E esse cuidado passa por dietas, ginásio?
– Não gosto muito de ir ao ginásio. Sei que funciona e vou lá de vez em quando, mas não consigo ser escrava do ginásio. Já recorri à ajuda de médicos, institutos, uso bons cremes, e tenho uma alimentação muito saudável e regrada.
– Que conselho daria a outra mulher que tivesse passado pelos mesmos problemas por que a Fernanda passou de forma a recuperar a autoestima?
– Em relação a pessoas que tenham tido problemas oncológicos e que possam sentir-se diminuídas, há diversas soluções e os próprios médicos que acompanham as pessoas são quem melhor as pode aconselhar. Já bastam esses meses e anos em que a pessoa fica… em que a vida para, nada mais é importante quanto ficar bem. Sobreviver é o ponto número um. Depois de estar tudo controlado e estável, aí voltamos calmamente a pensar que estamos no bom caminho para recuperar uma vida normal e queremos sentir-nos bem de novo. Normalmente acontecem deformações físicas, devido a cirurgias e tratamentos, há quem ganhe peso, há quem perca, e hoje em dia é possível corrigir tudo isso, e ainda bem. É importante que a pessoa se sinta bem, que quem passa por isso se sinta bem. Vi coisas ou casos muito complicados. Se bem que o mais importante é a pessoa estar bem. Mas falo da cirurgia reconstrutiva, quanto à cirurgia estética, respeito quem o faz, mas eu não o faria.
– Hoje continua a ser abordada devido aos problemas oncológicos que teve. Gostava que as pessoas colocassem um ponto final nessa questão, que fizesse definitivamente parte do passado?
– Gostava, mas também compreendo que as pessoas tenham essa necessidade de falar, porque sabem que eu vou compreender e então acho que é uma boa oportunidade para falar sobre o assunto. Mas depois também penso que as outras pessoas não percebem que não quero falar mais sobre isto, enfim. Mas claro que não levo a mal que me falem do assunto.
– Esta é uma altura muito positiva e feliz da sua vida?
– É mesmo. O mais importante é estarmos bem connosco próprios. Avaliando tudo o que se passa à nossa volta, acho que tenho tudo aquilo que quero e que me faz feliz.
– Tem algum sonho por cumprir?
– [risos] Até tenho medo de falar nisso. Há uns anos queria muito ter cinco filhos, agora, bem… [risos] Não, agora não. Preciso de voltar a trabalhar, para recuperar a minha sanidade mental.
– Mas estou a ver que não põe de parte voltar a ser mãe…
– Ponho de parte, sim. Quer dizer, ponho e não ponho. [risos] Mas três é a conta certa e só assim conseguimos dar a atenção necessária a cada um deles.
TEXTO:
Rodrigo Freixo
VÍDEO:
João Lima
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*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.