"Há cem mil pessoas que vão todos os anos para Los Angeles tentar a sorte e só 5% das que vão para lá atingem qualquer coisa." Uma afirmação de
Daniela Ruah, que, aos 26 anos, é uma das protagonistas de
NCIS: Los Angeles, uma série de sucesso, o que lhe permite situar-se nesse grupo de eleitos de cinco por cento. Com o sonho de ter uma carreira internacional, a atriz deixou Portugal e foi para os Estados Unidos. Os primeiros anos não foram fáceis. Respostas negativas atrás de respostas negativas abalaram por vezes a confiança naquele sonho que levou na bagagem e no coração. Contudo, as adversidades não a fizeram desistir e valeu a pena: iniciou uma carreira internacional e em Portugal ganhou este ano o Globo de Ouro Revelação.
Aproveitando uma pausa nas gravações, a atriz veio a Portugal matar saudades da família e dos amigos e também para ser apresentada como a nova cara da Pantene Pro-V. Foi nesta ocasião que a CARAS falou com a atriz sobre a verdadeira história que está a viver em Hollywood.
– Olhando para trás, como é que encara o sucesso que já atingiu nos Estados Unidos?
Daniela Ruah – Foi tudo fruto de muito trabalho. Uma das coisas em que tenho reparado recentemente é que estou tão focada nos objetivos e nas coisas que vêm a seguir que me tenho esquecido um bocadinho de apreciar aquilo que está a acontecer agora. Por exemplo, bastou a nomeação para os Teen Choice Awards para me deixar superfeliz. Nem preciso de ganhar! Mas esta nomeação faz-me pensar nas possibilidades futuras, como a visibilidade que me pode trazer. E assim não aprecio a cem por cento o facto de ter sido nomeada.
– A Daniela que foi aos 23 anos para os Estados Unidos é muito diferente da mulher que é hoje?
– Em termos de personalidade, não creio que tenha alterado muito. É claro que cresci, amadureci, as minhas prioridades já são um bocadinho diferentes das de antigamente, aprendi a apreciar um bocadinho mais as coisas que tenho. Lembro-me de estar no liceu e de pensar que a vida nunca mais andava para a frente. Depois acabei o liceu e a minha vida começou a andar a 120 à hora. Com a maturidade comecei a agarrar mais nas coisas que me têm acontecido.
– Nos anos anteriores a conseguir o papel na série
NCIS: Los Angeles ouviu muitos ‘nãos’. Essas experiências foram importantes para manter a humildade?
– Foram. O que é importante em relação à humildade é o trabalho que fazemos com a nossa personalidade. Não nos podemos achar mais do que os outros só porque fazemos isto ou aquilo. E sinto que me rodeei de pessoas muito saudáveis de cabeça e com muita estabilidade na sua vida. Tive muita sorte de ter sido integrada num elenco que é muito estável. Todos têm parceiros há imenso tempo, e isso mostra estabilidade, ao contrário da instabilidade de Hollywood que se vê nas revistas. E isso faz-me bem, mantém-me humilde e humana. Não entro num mundo quase de sonho que afinal não existe. Hollywood não é um mundo à parte, as pessoas têm borbulhas na cara, têm celulite e o
bad hair day.
– Acredito que a sua família também tenha tido um papel preponderante nisso…
– Como é óbvio. Tenho muita sorte em ter nascido na família em que nasci, pois sempre me apoiou muito. Houve alturas em que a quantidade de ‘negas’ que levava não me fez questionar mais as coisas graças à força que os meus pais me deram, porque eu dizia ‘pai e mãe, o que é que os outros têm que eu não tenho’? E eles deram-me muita força. Foi engolir o orgulho e seguir em frente.
– Nessas alturas ajudou-a a sua filosofia de vida de sonhar em grande?
– Sim, sem dúvida alguma. Eu gosto de apontar para as estrelas, mas acho que sempre fui muito realista. Sempre estive à espera de recusas, demorei imenso tempo a arranjar um agente… Apontar para as estrelas também nos pode destruir se não tivermos cuidado, porque cega-nos. Há cem mil pessoas que vão todos os anos para Los Angeles tentar a sorte e só cinco por cento atingem qualquer coisa. Se todas apontassem para as estrelas…
– Mas em Los Angeles a sua vida não é só trabalho…
– Sim, claro. No princípio fui um bocadinho forçada a criar as coisas. Graças a Deus adapto-me muito bem, mudo conforme preciso de mudar. Os amigos que tenho são praticamente todos do trabalho. À medida que cresço vou ficando mais seletiva com as pessoas que deixo entrar na minha vida. E sendo figura pública, temos de ter sempre um bocadinho de cuidado com quem pode não ser de confiança. Mas já criei a minha vida em Los Angeles, gosto de lá estar e não me faz confusão nenhuma saber que vou lá viver nos próximos anos.
– E já há projetos para concretizar logo a seguir à série?
– É um bocadinho difícil prever o que vou fazer daqui a seis anos, porque é o tempo que dura o contrato. Eu estou presa à CBS, eles é que não estão tão presos a mim e não sei o que é que pode acontecer à minha personagem. Só posso fazer filmes nas férias da série.
– A nível profissional, está muito feliz. E pessoalmente?
– Não vou responder. [risos] Pessoalmente estou feliz, muito feliz, e não preciso de entrar em mais detalhes.
– Está a ser apresentada como a cara de uma campanha para cabelos. Está a gostar da experiência?
– Sabe-me lindamente e fico muito contente que me tenham feito este convite, porque é uma marca que uso há imensos anos e na qual confio. E era um desejo de miúda. Sempre tive o cabelo comprido, e quando o cortei pela primeira vez curtinho, disse que nunca mais ia fazer isso, porque um dia achava que ia conseguir uma campanha de cabelos. Sempre fui vaidosa em relação ao meu cabelo. Gosto de o abanar em frente ao espelho e de lhe dar movimento.
– E a sua profissão também a obriga a ter vários cuidados com o cabelo…
– Trabalho numa indústria em que a imagem é importante e tenho de ter alguns cuidados. Quando estou a trabalho, utilizo ferros para esticar o cabelo, para enrolar, muito secador… E preciso de ter certos cuidados, como cortar as pontas regularmente, fazer uma máscara duas vezes por semana, usar o condicionador para o manter saudável.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.