Assim que se conheceram, durante as gravações da telenovela
Ganância, exibida na SIC,
Mafalda Vilhena, de 37 anos, e
Pepê Rapazote, de 39, apaixonaram-se de imediato. Casaram-se em Março de 2002, e hoje têm duas filhas,
Júlia, de cinco anos, e
Leonor, de seis meses. Foi sobre esta união, mas também sobre a forma como encaram a vida e como a paternidade os mudou, que os dois atores conversaram com a CARAS durante um fim de semana passado em família, no troiaresort.
– Como descreveriam estes oito anos de casamento?
Pepê Rapazote – Péssimos. [risos] Temos tido um casamento maravilhoso, sem reclamações.
Mafalda Vilhena – Se assim não fosse, não teríamos tido outro bebé.
– Qual é o segredo?
– Não sei se existe, mas o respeito é fundamental.
Pepê – Não quero parecer moralista, mas acho que pode resumir-se a uma questão de formação, mas também de amor e maturidade. O casamento deve ser encarado com seriedade. É algo para a vida, e se não for dessa forma, não vai dar certo.

– A vossa vida mudou muito desde que foram pais?
– Imenso, e a todos os níveis. Como casal, conseguir o equilíbrio é muito complicado, principalmente agora, com a segunda filha, pois é preciso gerir outro género de coisas, como ciúmes.
Mafalda – Quando éramos só os três, funcionávamos como um triângulo, agora, é um quadrado, e quando um está com uma, o outro está com a outra. Reencontramo-nos lá para as quatro da manhã. [risos]
Pepê – Até na nossa vida profissional as coisas mudaram, tudo tem de ser muito conversado, para que ninguém fique sobrecarregado. E também a nossa vida social e cultural arrefeceu em função de uma prioridade maior.
– E a Júlia, como tem reagido ao facto de já não ser filha única?
Mafalda – Nós somos muito presentes e o tempo é a melhor cura para tudo. Faz parte da vida e as coisas são mesmo assim. Ela é muito paciente, tem aquela ciumeira normal, mas é realmente uma grande mudança.
– E para vocês, como foi voltar a ter um bebé em casa, cinco anos depois?
– É como se tivesse sido ontem, não se perde a prática. [risos] Julgo que a maior diferença é que estamos mais tranquilos. Sou um pouco mais stressada do que o Pepê, mas acho que faz parte das mães.
– Sempre quiseram ter mais do que um filho?
– Nunca tinha pensado em ter filhos, depois, o Pepê queria muito, e tivemos a Júlia. A seguir, andou a convencer-me quase cinco anos e tivemos a Leonor… E realmente é a melhor coisa do mundo.
– De certa forma, esta decisão pode ser considerada como uma ‘prova de amor’ por parte da Mafalda.
– Era um grande sonho do Pepê e por ele teria muitos mais. É evidente que se num casal algum dos elementos tem um grande sonho, não há por que não ajudarmos a realizá-lo. Só se eu não quisesse mesmo ter filhos, o que também não era o caso. É óbvio que é também um ato de amor, pois fomos os dois que produzimos estas meninas maravilhosas.
Pepê – Não tenho nada a acrescentar. [risos]

– Sentem que o facto de terem a mesma profissão ajuda no bem-estar da relação, pois entendem mais facilmente as ausências um do outro?
Mafalda – Sinceramente, acho que não tem nada que ver, mas sim com a personalidade.
Pepê – De facto, esta é uma profissão com muitas tentações, mas tudo isso tem que ver com respeito e com a relação que se tem com a pessoa.
– Quais são os principais valores que querem transmitir às vossas filhas?
– Gostava que fossem os mesmos que me transmitiram a mim, pois acho que tive uma educação fantástica. Julgo que a principal obrigação dos pais é incentivar os estudos, depois, elas têm de fazer pela vida. Claro que terão sempre os pais à espera, mas têm de trabalhar muito e não esperar facilidades.
Mafalda – Também é fundamental serem generosas.
Pepê – Mas não demasiado, pois há quem o confunda com tolice. Devem ser assertivas, mas generosas.
– Como se consideram enquanto pais? Permissivos ou autoritários?
– Permissivos e muito pacientes. Converso sempre com a Júlia como se ela fosse uma adulta e explico-lhe tudo.
Mafalda – Também é preciso explicar que a Júlia é muito adulta, a cabeça dela é assustadora. Ela é extremamente compreensiva e se lhe pedir para não fazer alguma coisa, ela entende.

– Agora com uma bebé, a logística para sair de casa não deve ser fácil…
– É muito trabalhoso. É de dar um tirinho na cabeça. [risos]
Pepê – Até há três meses, a Leonor não tinha regras e era uma desgraça, desde que tem, dorme 12 horas seguidas. Por isso, temos de abdicar de algumas coisas em função dos horários dela.
– Fazem por ter tempo a dois?
Mafalda – Gostávamos muito de ter mais. Fomos ao Rock in Rio e éramos como dois namorados, até deixei de ouvir a música para olhar para o Pepê. [risos] Momentos como esse fazem muita falta. Tem de haver muito amor entre o casal para lidar com as alterações que os filhos trazem às relações.
Pepê – Um filho pode realmente destruir uma relação se não houver amor suficiente entre o casal. O afastamento pode surgir devagarinho e quando se acorda já não há volta a dar.
– Todos os clichês em torno da paternidade são verdadeiros?
– Totalmente. Sonho em ser pai desde os 12 anos e lembro-me que nessa altura pensava que gostava de ter um filho aos 20, para ter um companheiro aos 40. Houve alturas em que pensei ser educador de infância e li imensos livros, e julgo que também é isso que me faz educar as minhas filhas com tanto cuidado, pois sei que mais que bater, as palavras são terríveis.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.