FOTOS: Pedro Melo
O seu sorriso, humildade e profissionalismo foram as qualidades mais enaltecidas pelos amigos e colegas de trabalho do jornalista
Mário Bettencourt Resendes, que lhe quiseram prestar uma última homenagem, esta tarde, na Igreja de São João de Deus, em Lisboa. O antigo diretor do Diário de Noticias faleceu ontem de manhã, aos 58 anos, vítima de cancro.
Pedro Santana Lopes:
"Era um homem bom, sério, livre, independente e de convicções. Nunca escondeu as suas convicções ideológicas, sempre as assumiu. Sempre foi um homem da liberdade e educado. Deixa muitas saudades e faz muita falta. É um exemplo a seguir por todos os cidadãos portugueses. Foi um cidadão de corpo inteiro, muito decente e a quem a democracia portuguesa deve muito."
Edite Estrela:
"Vou recordá-lo como uma pessoa de bem, um grande jornalista, um comentador político muito equilibrado e muito lúcido. E também um amigo. Para além do grande profissional que ele foi, também era uma pessoa extraordinária cheia de qualidades humanas e é isso que o vamos recordar, todos os seus amigos."
Ricardo Sá Pinto:
"Conheci-o há dois anos na faculdade, no Instituto de Comunicação Empresarial, foi meu professor na cadeira de técnicas de jornalismo. E tive a honra de aprender e conviver com ele. Era um homem sábio, culto e preocupado com o futuro dos seus alunos. Para mim, foi um enorme prazer tê-lo conhecido e é com imensa pena que o vejo partir."
José Manuel Fernandes:
"Eu era diretor do Público ao mesmo tempo que ele era diretor do Diário de Notícias. Ele foi diretor durante 12 anos e eu 11 e houve uma sobreposição, entre 1998 e 2003, em que disputamos alguns colunistas, algumas notícias, mas isso fez-se sempre com correção. Era uma pessoa com quem se podia discutir, porque ouvia os argumentos, uma pessoa serena, que não passava rasteiras, o que era uma coisa importante, e ajudou muitos novos profissionais a chegarem à profissão de jornalistas."
Luís Marinho:
"Foi um mestre, na forma como esteve sempre na profissão e na vida. Para mim foi um mestre, sem dúvida nenhuma. Nunca trabalhamos juntos, mas considerei-o sempre como uma grande referência do jornalismo e como pessoa. Era um homem de bom senso, uma pessoa que tinha opiniões firmes, mas com um espírito diplomático. É uma pessoa que nos vai fazer muita falta e ao jornalismo."
Mário Crespo:
"O Mário não é uma pessoa substituível. Viver o desaparecimento dele não vai ser fácil. Era um cavalheiro, um senhor, como há poucos e com muito senso de humor. Há uma história dele, terrível, mas de uma beleza grande… Já no fim, ele sabia que o fim era iminente e inevitável e houve um dia em que teve uma noite péssima e quando acordou de manhã disse: "Mas ainda estou vivo?" Olha para a mulher e com aquele sorriso que era só dele e diz: "E agora o que é que dizemos às pessoas?" E isto era o Mário que eu recordo e com quem tive o prazer de privar alguma coisa, mas não muito… mas também nunca seria o suficiente. É uma pena que se tenha ido embora."
Luís Delgado:
"Vou recordá-lo como um homem de muita coragem, profissional, pessoal e humana. A forma como ele enfrentou tudo na vida, tanto profissionalmente como a nível pessoal, a forma como ele enfrentou a doença, acho que é um exemplo. Eu muitas vezes lhe dizia: "Mário, tu és um exemplo para nós, não te vás embora." E esse exemplo, nós devemos segui-lo, porque ele foi uma pessoa que conseguiu ter uma noção muito relativizada da vida, que não era como nós em que tudo é muito dramático e serio. E ele nesse ponto de vista, no meu caso específico, até me acalmava um bocado e dizia: "Isso não é tão dramático, essa crise, o problema do país e mais não sei do que." Trabalhei com ele durante muitos anos, gostei muito e foi um diretor excecional. E tudo o que se possa dizer dele é pouco. Porque só conhecendo o Mário pessoalmente… não há ninguém que não tenha gostado dele, porque ele era tão afável e empático que as pessoas gostavam mesmo dele."
Francisco Sarsfield Cabral:
"Era uma pessoa muito sábia e que tinha a humildade de até se julgar menos bom do que aquilo que era. Era uma pessoa sensata, sóbria, inteligente e que vai fazer muita falta. Era uma pessoa que não se deixada arrebatar por paixões, capaz de criticar mesmo as pessoas de quem politicamente estava perto. E isso tudo abonava a favor dele."
Carlos Andrade:
"Eu nunca trabalhei numa redação com o Mário, mas os nossos destinos profissionais cruzaram-se muitas vezes. Eu guardo do Mário a inteligência, a simpatia, a nobreza… há muitos anos que olho para o Mário, não apenas como amigo, mas como um mestre, um mestre na profissão de jornalista, um mestre como infelizmente já há poucos e um mestre na cidadania, no olhar, um homem que nos ajudava a pensar. E ele era sobretudo isso. E a recordação que guardo como amigo e camarada de profissão, é a de uma gargalhada inimitável, de um sentido fino da ironia, de uma simpatia transbordante… Confesso, estou muito comovido com o desaparecimento do Mário, embora fosse uma notícia que já esperava, até porque eu sabia que, nas últimas semanas, ele estava a enfrentar a maior das batalhas, o maior dos desafios que tinha enfrentado ao longo dos 15 anos. E eu tive o privilégio de também o acompanhar nesse percurso e pude testemunhar a sua enormíssima coragem. Acho que o Mário nos deu uma grande lição de vida, não apenas na forma como enfrentou o cancro, mas na forma como, com ou sem cancro, conseguiu ser um tão admirável profissional e um amigo tão grande de tanta gente. Não conheço alguém que tendo conhecido o Mário, não sinta orgulho em dizer que era seu amigo."
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
FOTOGALERIA: O funeral de Mário Bettencourt Resendes
Familiares e amigos despediram-se hoje do jornalista e comentador político.
+ Vistos
Mais na Caras
Mais Notícias
Parceria TIN/Público
A Trust in News e o Público estabeleceram uma parceria para partilha de conteúdos informativos nos respetivos sites