Rosalina Machado é das mulheres portuguesas que mais se destacou no mundo empresarial, comandando o destino da Ogilvy & Mather durante vários anos. Empreendedora e muito otimista, encara sempre como meta algo que esteja no futuro: acomodar-se ao que já conseguiu não é para ela. Contudo, a empresária, que se ocupa agora da gestão de empresas familiares e do restaurante Belcanto, em Lisboa, é também, e acima de tudo, uma mulher de tradições, por isso, mantém a Quinta do Lago, no Algarve, como destino de férias de verão com o marido,
Francisco Tavares Machado, com quem está casada há 42 anos. Durante alguns dias da sua estada em terras do sul, a empresária conta ainda com a companhia dos netos,
Diogo, de três anos, e
Catarina, de seis, do filho,
João Pedro, e da nora,
Cláudia.
Foi sobre o seu lado mais descontraído e o seu papel de avó que a CARAS falou com Rosalina, depois de uma manhã passada entre banhos de mar e brincadeiras com baldes, pás e ancinhos.
– Vir para a Quinta do Lago, pelo menos 15 dias por ano, é já obrigatório no seu calendário…
Rosalina Machado – Gosto de vir para aqui todos os anos. Os meus hábitos de conservadora são visíveis em muita coisa na minha vida… Este sítio tem uma tranquilidade e um sossego que ambicionamos ter sempre em férias.
– Acredito que, quando os seus netos estão cá consigo, as férias tenham um sabor especial…
– Sem dúvida nenhuma! Os netos são muito diferentes entre eles, mas são uma mistura do avô e da avó. É um encontro de personalidades que nos faz lembrar, e muito, o tempo em que o João Pedro era criança, e que saudades eu tenho! Mas com uma diferença: filhos só consegui um, e netos já tenho dois, e espero que venham mais! É um bocadinho reviver o passado.
– Apesar de ter sempre muitos deveres profissionais, a Rosalina consegue ser uma avó muito presente na vida deles…
– Sim, sou. Quem tem de educar os filhos são os pais, é uma responsabilidade muito maior do que a dos avós, que só têm de divertir os netos. Conservo ainda um gosto pela meninice, pela brincadeira, e transmito isso aos meus netos e até aos filhos e netos de amigos nossos. E isso torna as relações mais confidentes. Gosto de tornar as coisas mais leves.
– Mas não acha que também é necessário discipliná-los enquanto avó?
– Também lhes passo disciplina. E às vezes eles até olham para mim com um ar desconfiado para verem se estou a brincar ou a falar a sério. Quando percebem que é a sério, ficam calados e fazem o que quero. E não se pode abusar do poder em coisa nenhuma. O poder deve ser apenas exercido em ocasiões excecionais.
– Uma das características mais visíveis no seu marido é o humor. Acredito, então, que partilhe consigo algum desse gosto pela meninice de que falava…
– Sim, talvez não seja tão presente. É, se calhar, um avô um bocadinho distraído. Agora, nesta altura, o mais importante para ele são exatamente os netos. Ao sábado está sempre a dizer que os netos vêm aí e está atento para ver se eles chegam cedo… É muito participativo na ausência.
– Tanto a Rosalina como o seu marido parecem ter personalidades muito fortes. Com 42 anos de casamento, tornou-se mais fácil ceder a favor do outro?
– Não, e até acho que estamos mais em desacordo agora, porque também estamos mais disponíveis um para o outro. Mas isso não altera nada no nosso relacionamento. Não temos uma relação cómoda. E talvez hoje desculpe menos do que no início. E é positivo. A comodidade na vida nem sempre é muito saudável. Não saberíamos estar numa relação só por comodidade.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.