Sem saudades da televisão, mas sim das pessoas com quem trabalhou,
Raquel Prates dedica-se atualmente de corpo e alma à revista
Luxos Time, da qual é diretora, e à galeria de arte Artelection. Casada há quatro anos com
João Murillo, a apresentadora, de 34 anos, confessa que ainda não sentiu o seu ‘relógio biológico’ dar horas, mas garante que uma gravidez será um momento de grande felicidade para si e para o marido.
Fotografada na casa de família no Algarve, onde gozou alguns dias de descanso, Raquel assume ser muito cuidadosa com o seu bem-estar e aparência, mas recusa a ideia de ser refém da sua própria imagem. Nem da imagem, nem de ideias preconcebidas relacionadas com o processo judicial que envolveu o marido. Sobre este tema, Raquel deixa uma certeza:
"É com o que fazemos que nos preocupamos e não com o que fazem ou tentam fazer connosco."
– Este é o seu refúgio algarvio. É aqui que se prepara para mais um ano de trabalho?
Raquel Prates – As férias são essenciais para o bem-estar de cada um de nós. Servem para recuperar forças e perspetivar a nossa noção de tempo e espaço. Este é um local onde recupero as minhas forças e de alguma forma me preparo, não para o ano de trabalho, mas para todos os dias que vêm a seguir. É preciso dar, cada vez mais, uma outra atenção aos dias e não aos anos.
– Estes são dias de descanso dedicados exclusivamente à família ou aproveita para fazer muitas daquelas coisas que a falta de tempo a impede de concretizar?
– São dias consagrados às emoções e durante os quais se pode deixar um pouco de lado a racionalidade que o dia-a-dia nos impõe. Dias de sol, de praia, de mar e, claro, rodeada das pessoas mais importantes para mim.
– Tem saudades da televisão?
– Não é da televisão que tenho saudades, tenho saudades de tudo aquilo que marcou a minha vida de uma forma positiva. Nunca fui dependente da televisão e sempre tive consciência do efémero que é esse mundo. É um mundo muito alicerçado no conceito de ilusão e entretenimento, que são dois conceitos abstratos que estão em permanente mutação, e nem sempre essas mudanças são positivas. Mas como gostei muito de tudo o que fiz, da forma como o fiz e das pessoas com quem o fiz, tenho que reconhecer as saudades que tenho de tudo isso.
– Recentemente disse numa entrevista que é uma mulher reservada, tímida… Isso quer dizer que a mulher que vemos nesta produção fotográfica é outra Raquel Prates?
– Depreendo pela pergunta que considera que esta produção não foi reservada, nem tímida [risos]. Ser reservada e tímida não significa que não saiba lidar com uma exposição que sinto desde muito cedo, o que acontece é que sou sempre a mesma Raquel, que se relaciona com os desafios de forma diferente, por uma questão de personalidade e de aprendizagem.
– Tem muito cuidado com a sua aparência e é considerada uma das mulheres mais elegantes de Portugal. Sente-se refém da sua própria imagem?
– Tenho cuidado comigo e é natural que isso se reflita na minha aparência. Não sou refém da minha imagem, mas sou refém do meu bem-estar. É profundamente lisonjeadora a forma como me consideram, mas não é um fim em si, julgo tratar-se de uma consequência agradável da preocupação que tenho, diariamente, com o meu bem-estar.
– Tendo em conta a atividade do seu marido, que é artista plástico, deduzo que existam discussões quase filosóficas sobre estética…
– Conversas, sempre muitas conversas. O João é muito atento, estudioso e tem uma capacidade de fundamentação invulgar. Nós adoramos conversar, e como ambos temos um conceito de perfeição semelhante, que é na sua essência bastante imperfeito [risos], essa situação dá origem a muitas horas boas de conversa.
– Gosta de ouvir a opinião dele antes de sair de casa?
– Gosto e faço questão, porque gostamos ambos de partilhar tudo e de o fazer de uma forma generosa e sincera. É algo que aconteceu desde o primeiro dia e que simplesmente nunca deixou de acontecer.
– Completaram, em Junho, quatro anos de casamento. Que balanço faz desta união? O João continua a surpreendê-la?
– Quem conhece o João sabe que é impossível ele não surpreender. É a natureza dele. O João está sempre a celebrar e a tentar encontrar o lado positivo das coisas e o mais engraçado é que encontra mesmo e tem a capacidade de nos envolver nesse processo. É por isso que fazemos balanços diários e, olhando para trás, são tantos dias, dos bons!
– Pelo meio viveram ou estão ainda a viver uma grande prova de fogo [com o processo judicial em que João Murillo foi acusado de ter agredido a ex-namorada]. É possível tirar alguma conclusão ou lição desta situação?
– Esse é um não-assunto. Como sabem, nunca me pronunciei sobre ele e vou continuar a manter a minha posição. Há coisas na vida em que as atitudes subtraem as palavras. Mas posso dizer uma outra coisa: eu e o João sabemos que a forma como as entidades individuais e coletivas se querem relacionar connosco não são percetíveis nem na sua motivação, nem nos seus objetivos, por isso, canalizamos a nossa atenção para as nossas reações e não para os estímulos que vêm de fora. Por outras palavras, é com o que fazemos que nos preocupamos e não com o que fazem ou tentam fazer connosco~.
– A Raquel tem 34 anos. Não sente despertar o relógio biológico? Para quando um filho?
– Procuramos não pensar assim, não fazer projeções nem idealizações. Tenho um relógio biológico sem hora marcada no despertador, quanto este tocar, vamos ficar, os dois, ainda mais felizes.
– E as famílias? Têm pressionado para que isso aconteça?
– Há uma área de conforto que só diz respeito à família que eu e o João inaugurámos. Sabemos que a restante família irá gostar tanto como nós, mas não nos pressionam.
– Fez questão de ser fotografada com a sua cadela, que recolheu depois de ter sido abandonada. Que mensagem gostaria de deixar a esse propósito?
– A Diana, que depois passou a Batata e agora é só Táta, é um ser maravilhoso, que enche a nossa vida de alegria. É um de nós, faz parte da nossa casa, entende tudo, e é atenciosa e cuidadosa no superlativo destes carinhos. Eu e o João sabemos que nunca nos abandonará. Porque será que as pessoas abandonam seres frágeis e que nos amam incondicionalmente? Cada vez que alguém abandona um animal é responsável pela morte de um ser que depositava nessa pessoa todas as suas esperanças, mais que isso, todo o seu amor.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.