Durante um fim de semana no Algarve,
Virgínia d’Almeida Gerardo, de 59 anos, e
Flávio Carmelo, de 64, partilharam com a CARAS como têm sido estes quase quatro anos de casamento, data que vão celebrar de forma especial em Outubro.
– Como têm sido estes anos de casamento? Como reinventam a paixão para não caírem em monotonia?
Virgínia – Com a nossa idade, acho que a paixão já se mantém.
Flávio – Não há monotonia. Quando há filhos pequenos, entra-se numa rotina, há muita preocupação. Agora, com a nossa idade, vivemos só para os dois e sabemos que temos de viver o dia-a-dia e aproveitá-lo.
Virgínia – Mas gostamos muito de estar com a família, com os filhos e os netos que já existem da parte do Flávio. Já não é por obrigação, é por gosto. O resto é vivermos para os dois, fazermos programas a dois. Por exemplo, adoramos viajar e jogar golfe, e também temos a dança, que praticamos em aulas em casa uma vez por semana, com amigos. Acho que nestas idades se aproveitam melhor os relacionamentos, as paixões, os amores, os casamentos… Não quero dizer com isto que os anteriores não tivessem sido bons, porque foram, mas tinham outras exigências. Agora é para os dois e já com o sentido de que isto é para o resto das nossas vidas.
– E como é que a Virgínia se sai nesse papel de avó, já que não tem filhos?
– Não me sinto nada na pele de avó. Gosto muito deles, mas talvez os sinta mais como filhos do que como netos. É curioso que eles (o mais velho, porque o mais novo ainda não sabe falar) também não me chamam avó. Sou a Ninita. O
Martim começou a ir lá a casa desde muito pequenino e uma das cadelinhas que eu tenho, que é muito amorosa e meiga, chama-se Nikita. E como o deixámos aproximar-se muito dela quando era bebé, por ela ser muito meiga, ele associou a Nikita a mim e passou a tratar-me por Ninita. Não me importo nada, acho amoroso, ternurento. E para eles vou ficar para o resto da vida como Ninita.
– O Flávio ainda continua tão romântico como no início?
Flávio – Estou ainda mais romântico do que era.
Virgínia – Confirmo. O Flávio é muito romântico, atencioso, amoroso, é muito cuidadoso comigo, trata-me como uma menina e eu adoro. Sou muito mimada.
– É mais fácil encontrar o amor na vossa idade?
Flávio – Acho que não. Nestas idades, juntar duas pessoas não é fácil. Mas nós temos coisas tão certinhas na nossa base… só podia dar certo.
Virgínia – Temos, também, muito em comum. Por exemplo, nascemos os dois em África, ele em Moçambique e eu em Angola, vivemos ambos no Rio de Janeiro durante alguns anos… E acabámos por nos encontrar, já os dois viúvos, eu há dez anos e ele há cinco, a fazer uma coisa que ambos adoramos, que é a dança. Parece que fomos feitos um para o outro e só nos descobrimos com esta idade.
– Acham que foi tarde?
– Não, não foi. Quem sabe se tivesse sido antes poderia não ter resultado. Encontrámo-nos na altura certa. Ele viveu um percurso, eu vivi outro, e depois acabámos por nos encontrar os dois…
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.