Após três anos parada, primeiro por causa do cancro da mama, depois pela terceira gravidez,
Fernanda Serrano voltou ao trabalho. A CARAS acompanhou a atriz no quarto dia de gravações, para a nova novela da TVI
Bem me Quer, Mal me Quer, e pediu a Fernanda um balanço dos seis anos de casamento com
Pedro Miguel Ramos, que comemorou no dia 28 de agosto, e do qual resultaram os três filhos do casal:
Santiago, de cinco anos,
Laura, de dois, e
Maria Luísa, de um.
– Que balanço faz destes seis anos de casamento?
Fernanda Serrano – Acho que o melhor elogio que posso fazer é que, se voltasse atrás, faria exatamente o mesmo. Era o que me saberia melhor ouvir se estivesse no outro lado. Tem sido muito, muito agradável. Tem sido uma vida feliz, um equilíbrio muito bom, recheado de alegria, harmonia e muito amor. Às vezes há relações confortáveis e equilibradas às quais falta paixão e amor. E nós isso temos muito.
– Qual é o segredo?
– Não sei, acho que não existe uma fórmula. É sobretudo gostarmos muito de estar juntos. Gostamos muito de estar em família, mas gostamos muito de estar só os dois. E desfrutamos muito desses momentos.
– Passou tempos conturbados a lutar contra um cancro e ficou grávida da Maria Luísa logo a seguir. Acredita que o vosso amor saiu reforçado no meio disso tudo?
– Ao contrário do que se costuma dizer, que por vezes os filhos afastam mais o casal, ou que quando acontece esta ou outra situação, as tais inevitabilidades da vida, as pessoas até se separam, eu acredito no contrário. Acho que quando as pessoas se amam verdadeiramente, que só pode aproximar, que só pode ser um reforço desse amor. E ao passarmos, eu e o Pedro, por tanta coisa, sabemos que o nosso amor resiste a tudo. E só saiu reforçado e ainda mais cimentado.
– Em relação à sua saúde, está tudo bem?
– É sempre muito relativo falarmos em relação a isso, até para uma pessoa que nunca tenha tido problemas de saúde… Mas sinto-me muito bem.
– Tem medo que o cancro volte a aparecer?
– Não penso nisso. Nunca pensei e sou apologista de que nunca se deve pensar nisso. Acho que só nos devemos preocupar com o nosso presente e viver um dia de cada vez, e bem. E é isso que estou a fazer.
– Esta novela marca o seu regresso à televisão. Depois de tão grande ausência, como se vem para as gravações? Com medo?
– Não. Acho que a minha grande vontade de regressar se sobrepõe ao nervosismo que está sempre inerente ao início de um projeto. Se um dia eu deixar de estar nervosa e insegura no início, internem-me, é porque as coisas não estão a correr bem.
– Custa-lhe vir trabalhar a um domingo e deixar os seus filhos?
– É mais um dia, não custa nada. É indiferente ser uma segunda ou um domingo. Eu estou sempre bem apoiada e eles sentem sempre que existe família, a harmonia está lá presente, portanto, também não lhes custa.
– Eles estavam habituados a estar consigo o tempo todo e agora vão ficar sem a mãe durante algum tempo…
– Sim, eles já repararam que a mãe agora está demasiadas vezes ausente. E o Santiago pergunta:
"Mãe, mas tu agora vais trabalhar todos os dias?" E eu respondo-lhe que sim, e depois ele diz:
"Mas mãe, tenta chegar a horas de estarmos acordados."
– E a Fernanda consegue?
– Consigo.
– Há atores que conseguem, por vezes, sair um pouco mais cedo. Conseguiu que a Plural a deixasse ter esse privilégio?
– Não. Mas estou tão cheia de vontade de voltar que quero é trabalhar. Estou cem por cento disponível para tudo. Porque também estive cem por cento em casa disponível para os meus filhos. Fui mãe a tempo inteiro, agora sou atriz a tempo inteiro.
– Há muitas saudades de casa nestes dias?
– Estou tão absorvida, tão concentrada… Ainda não atingi a velocidade de cruzeiro para poder descansar e ter tempo para pensar como é que eles estarão. E estou perfeitamente descansada, porque eles estão com os meus pais e com o Pedro.
– O trabalho também funciona como um escape? Agora sabe-lhe bem estar longe de casa?
– Sim, sabe-me muito bem. Para mim, é voltar à minha vida normal. Porque eu sou uma pessoa muito ativa profissionalmente e fazia-me confusão estar há tanto tempo parada, tinha muitas saudades disto. Mas achei que, já que tive esta oportunidade, ia fazer aquilo que todas as mães quereriam ter, que era estar a cem por cento junto dos meus filhos, acompanhar todas as suas fases e desfrutar deles ao máximo.
– Hoje gravou uma cena violenta, a explosão de um carro
que a atinge. O Santiago não vai ver este episódio?
– Eu não queria que ele visse. Mas ele já distingue bem a realidade da ficção, as outras duas é que não, são muito pequeninas. O Santiago percebe tudo. Eu às vezes nem parece que sou atriz, pois assusto-me em certas cenas de filmes, e ele diz-me logo:
"Oh mãe, mas por que é que ficas assim? Aquilo é só na televisão, só acontece nos filmes, o monstro não vem cá para casa."
– Descansou antes de voltar ao trabalho? Teve férias?
– Eu fujo sempre com o Pedro, só os dois. Não vou dizer para onde fomos, mas digo que correu muito bem. Namoramos sempre muito e pelo meio apanhamos sempre sol. Na verdade, não interessa para onde vamos, porque na realidade o que queremos mesmo é estar juntos. E com três filhos compreende-se, não é? Temos que fugir, de vez em quando.
– E as crianças não se queixam da vossa ausência?
– O Santiago já sabe. E ainda por cima anuncia no colégio:
"A minha mãe este fim de semana não vai estar em casa porque vai namorar com o meu pai." Ele diz tudo.
– Às vezes diz, em tom de brincadeira, que está sempre a engravidar. Mas agora não está a pensar nisso, pois não?
– Não. Agora tenho de me concentrar a cem por cento no trabalho. Faz-me muita faltar voltar ao trabalho.
– Três filhos também já é uma família grande…
– Sim, e já dá muito trabalho. Para dar aquela atenção que eu acho que qualquer mãe deve dar, que gosta mesmo de ser mãe e de acompanhar todos os momentos… para estarmos realmente presentes, três filhos já é pisar o
red line. Porque não conseguimos estar a cem por cento com cada um dos três, temos de nos dividir e fazê-lo por momentos. Eu gosto de ser uma mãe mesmo muito presente. De acompanhá-los ao primeiro dia de escola, saber quais são as suas cores favoritas, os amigos preferidos, o que é que gostam de fazer, tudo.
– E vai agora ao primeiro dia de escola deles, embora esteja a trabalhar?
– Acho que vou conseguir ir, o que é bom. Porque na minha cabeça ficou marcado o meu primeiro dia de escola, a que a minha mãe me levou. Isso fica na memória de todos nós e queria que eles tivessem essa memória também, quero que seja uma memória simpática.
– Recuperou a forma física que tinha antes de engravidar. O que fez para emagrecer?
– Com três crianças, faço muito exercício lá em casa. Claro que tenho também alguns cuidados, como sempre tive, mas nada exacerbado e nada de novo.
– E não vai ao ginásio?
– Eu gosto muito de lá ir, mas depois começo a falar e esqueço-me que fui lá para fazer exercício. O meu marido já me diz:
"Vais lá para fazer o quê? Para falar, falas, não precisas de te equipar sequer."
– Também não faz dietas ‘malucas’?
– Não, nem pensar. Não faço, nem posso. Não é nada conveniente… a nenhum de nós, muito menos a mim.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.