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Catarina Larcher
Carlos do Carmo concretizou, há dias, o seu sonho de uma vida: cantar Frank Sinatra com a Count Basie Orchestra. O músico subiu ao palco do Pavilhão Atlântico, em Lisboa, e interpretou 15 canções do seu ídolo acompanhado pela orquestra que atuou com Sinatra durante os anos 50 e 60 e que com ele gravou três álbuns. Durante cerca de uma hora e meia em palco, o músico foi lembrando momentos da sua vida e explicou a admiração pelo cantor norte-americano: "Apesar de ser filho da Lucília do Carmo, seguramente uma das grandes figuras do fado do século XX, seria muito difícil para mim ter sido cantor se não existisse o Frank Sinatra. Quando aos 12 anos ouvi uma canção dele, The Tender Trap , estávamos no princípio dos nossos namoros, de férias, de praia. Andava no terceiro ano do liceu e comecei a ter as primeiras lições de inglês, mas o meu professor complementar de inglês grátis era o Frank Sinatra, através dos seus discos. Com ele aprendi muitas outras coisas: que gostar do que se faz em cima do palco é fundamental, que ligarmo-nos ao público é ganharmos uma vida, que ouvir os músicos que nos acompanham é indispensável. Só não o conheci pessoalmente."
Emocionado, Carlos do Carmo partilhou ainda com o público outros sonhos concretizados neste ano que tem sido tão especial para si: " Este foi o ano em que completei 70 anos de idade e em que me aconteceram coisas muito bonitas. Uma das coisas que sempre prezei e que, sinceramente, estimulo muito é o sonho. Acontece que, este ano, alguns sonhos que julguei imaterializáveis se concretizaram, e isso, para mim, foi uma coisa absolutamente divina. E aqui partilho com vocês este sonho bom da minha vida ao qual poderia somar ainda uma coisa muito linda que me aconteceu este ano. O meu sex symbol de toda a vida foi a Sophia Loren, e este ano fui-lhe apresentado e cantei para ela. A juntar a isto, a minha gravadora ‘obrigou-me’ a gravar um disco, que vai sair este ano, que é só voz e piano com o Bernardo Sassetti. Aconteceram coisas boas este ano. Para 70 anos de vida e 47 de carreira, é muita festa."
Esta foi também "uma noite muito especial" para os filhos do fadista. Gil do Carmo emocionou-se a ouvir o pai cantar: "Há temas que o meu pai cantou que são marcantes na história da nossa família e do namoro dos meus pais. É um orgulho vê-lo com esta idade concretizar o seu sonho e, sobretudo, vê-lo ter um prazer como um miúdo a quem dão uma bola de Berlim… Ele comeu a bola de Berlim sofregamente. É muito engraçado." Por seu lado, Cila do Carmo confessou ser "uma filha orgulhosa": "É bom vê-lo neste registo. Adoro Sinatra, adoro o meu pai, os dois juntos é fantástico. Ele é uma força da Natureza e é isso mesmo que ele nos passa a nós."
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.