Foi com uma alegria única que
Isabel Stilwell, jornalista e diretora do jornal
Destak, recebeu a notícia de que ia ser avó, e logo em dose dupla, pois a sua filha
Ana, de 24 anos, esperava gémeas. Após 35 semanas de gestação,
Madalena e
Carmo nasceram perfeitamente saudáveis, dia 5 de agosto. A partir do momento em que vieram para casa, as gémeas passaram a ser o centro das atenções da avó e de toda a família. Por isso, é com a voz da razão, mas também com muito apego emocional, que a jornalista reconhece que nem sempre é fácil perceber que
"os netos não são nossos e que estamos numa segunda linha".
A CARAS esteve em casa de Isabel Stilwell, em Sintra, onde a jornalista e a cantora partilharam como estão a viver esta nova fase das suas vidas.
– Parece muito empenhada neste seu novo papel de avó…
Isabel Stilwell – Ser avó é uma emoção enorme e nem eu própria pensava que ia ser assim. Revive-se todos os sentimentos que tivemos quando fomos mães. Apaixonamo-nos pelos bebés muito depressa, até mais do que as próprias mães, que ainda estão atordoadas pelo parto. Mas ser avó não é um papel simples. Temos de aprender que os netos não são nossos e que estamos numa segunda linha. Não podemos entrar pelo quarto adentro e dizer:
"Dá cá o bebé que eu é que sei."
– Tem essa tendência para dizer como é que se faz?
– [risos] Controlo-me. Eu e a minha filha conhecemo-nos muito bem e, mesmo que eu não intervenha, ela sabe o que é que eu estou a pensar. Mas tanto a Ana como o meu genro vieram da maternidade mais habilitados do que eu para lidar com as bebés.
– E para a Ana foi fácil adaptar-se ao papel de mãe, com duas recém-nascidas para cuidar ao mesmo tempo?
Ana Fonseca – No outro dia li um livro em que perguntavam às pessoas o que era ser um bom pai. Todas diziam que ser um bom pai era estar presente, mudar as fraldas… As respostas de como é ser uma boa mãe apontavam para uma perfeição inatingível! Toda a gente espera que a mãe seja tudo e mais alguma coisa. A mãe que tento ser é alguém que está aqui para lhes dar exatamente aquilo de que elas precisarem. Dou a minha melhor resposta, que pode estar aquém da resposta de outra pessoa, mas é a minha. Tenho a certeza de que quando tiver de me zangar com as minhas filhas, as minhas verdadeiras pérolas de sabedoria não me vão servir para nada. [risos] Sinto que é importante ter algumas coisas em que acreditar e tudo o resto constrói-se no dia-a-dia.
– A Ana parece ser muito descontraída e pouco dada a complicar. Acredito que assim tudo se torne mais fácil…
– Ajuda imenso, porque assim podemos desfrutar de todos os momentos e não me estou a preocupar se está tudo bem feito. Eu e elas temos de estar bem, felizes e calmas. A tentação de as proteger de tudo é grande, mas tenho de perceber que não posso estar sempre a esterilizar todas as chuchas. E, nesse sentido, o facto de serem duas ajuda a que não compliquemos.
– E como é que tem sido para a Isabel conciliar a direção de um jornal e várias colaborações profissionais com os papéis de mãe, avó e mulher?
Isabel – Num primeiro momento, foi um embate, não conseguia pensar em mais nada para além das minhas netas. Entretanto, a pessoa vai encontrando o seu lugar, o prazer no seu trabalho… Tenho de ter a consciência de que a minha vida não pode passar somente pelas minhas netas. E mais uma vez, não nos podemos esquecer de que aqueles bebés não são nossos. Os netos não são nossos filhos. A Ana esteve cá em casa um mês e quando se foi embora eu fiz o que era sensato, falei com ela e montámos a logística necessária… Mas quando as vi sair da minha casa, só eu sei como fiquei! Só me lembrava daquela música da
Ágata:
"Podes ficar com as joias, o carro e a casa, mas não fiques com ele." Neste caso, era com elas! [risos] Percebemos que vamos ter um papel de grande apoio à mãe, ambicionando sempre por aqueles momentos em que eu e o meu marido ficamos com elas e brincamos aos pais.
– Com tantas atenções, não tem medo de que as suas filhas venham a ser muito mimadas?
Ana – Todos os pais têm esse medo, mas o facto de serem duas serena-me nesse sentido. E elas vão sempre crescer nesta condição, que é ter uma irmã gémea. As minhas filhas andam na rua e pára tudo para olhar para elas, porque são iguais, e isso é como crescer sendo uma estrela de
rock. Acima de tudo, quero que sejam felizes.
– Quando ficou grávida, a Ana já estava a dar os primeiros passos para gravar um disco. O sonho agora ficou adiado?
– Não, e agora até me sinto mais inspirada. No primeiro concerto que dei depois de elas nascerem, senti-me com uma energia única. É bom saber que posso fazer aquilo de que gosto e chegar a casa e tê-las lá. E a produtora que está a trabalhar comigo, a Blim Records, sente esta minha energia e entusiasmo. Em princípio há uma editora interessada e espero que depois comecemos com as gravações para o disco. Estou ansiosa!
– É curioso perceber que mesmo na sua vida profissional, a Isabel dá muita importância ao conceito de família, nomeadamente com os livros infantis ou as crónicas que escreve…
Isabel – Dá-me imenso prazer escrever sobre isso. Agora, estou a lançar o livro
Quem Tem Medo do Lobo Mau?, que fala muito do que é ser pai e mãe. Peguei na história do Capuchinho Vermelho para explicar como é que podemos proteger os nossos filhos dos perigos. Para os meus livros infantis inspirava-me muito nos meus filhos, em características deles e histórias que se passavam com eles. Portanto, agora vou ter um novo manancial para escrever por causa das minhas netas.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.