Maria e
Salvador Sottomayor sempre quiseram ter uma família numerosa e agora, que estão à espera do quarto filho, esse desejo torna-se realidade. Pais de
Duarte, de oito anos, de
António, de seis, de
Vasco, de quatro, e brevemente de
Francisco, que vai nascer entre o final deste mês e o início de janeiro, o comandante da TAP e a advogada conseguem ser educadores muito presentes, o que têm conciliado na perfeição com os seus papéis profissionais.
O casal e os filhos passaram um fim de semana na Pousada de Évora, Convento dos Loios, onde partilharam com a CARAS como é que se estão a preparar enquanto família para a chegada de mais um rapaz.
– Falta pouquíssimo tempo para conhecerem finalmente o vosso quarto filho. Como tem corrido esta gravidez?
Maria Sottomayor – Tem corrido lindamente. O que está a ser mais engraçado nesta gravidez é ver que os irmãos estão a vivê-la imenso, muito mais do que a do Vasco, porque, nessa altura, eles eram muito pequenos. E todos os dias me perguntam:
"Mas quando é que ele nasce?" Eles estão a viver tudo como se fosse o primeiro irmão.
Salvador Sottomayor – E eles sempre quiseram mais um irmão. Nem concebiam a hipótese de ter uma irmã, porque ia estragar todo o esquema lá de casa. Queriam era mais um parceiro.
– E também já há um nome para o bebé…
Maria – Sim, vai chamar-se Francisco e foram os nossos filhos a desempatarem. Os dias estavam a passar e ainda não tínhamos nome para o bebé, porque falou-se em várias possibilidades. E às tantas, eles disseram:
"Vai ser Francisco." Não há primos direitos com esse nome, gostámos e achámos ternurento o facto de eles terem participado na escolha do nome do irmão.
– O Salvador não tem pena de não ser pai de uma menina?
Salvador – Não sei… Pode-ríamos ter tido meninas, mas agora não concebo viver sem estes rapazes. Claro que se viesse uma rapariga, eu iria gostar à mesma, mas não sinto falta nenhuma de ser pai de uma menina. E de certeza que, daqui a uns tempos, vamos ter a casa cheia delas.
– Uma casa com três crian-ças deve ser sempre uma animação…
Maria – É mesmo uma animação, porque eles, desde o momento em que acordam até se irem deitar, não estão quietos um segundo. Estão sempre a correr de um lado para o outro ou a fazer birras… Mas é engraçado ver a relação que têm entre eles. Como têm idades próximas, e como são rapazes, gostam do mesmo tipo de brincadeiras. E o mais aconselhável quando eles estão em casa o dia inteiro é levá-los para a rua para correrem e brincarem à vontade e gastarem toda a sua energia.
– Sempre quiseram ter uma família numerosa?
Salvador – Sim. Eu sou o mais velho de sete irmãos e, comparando com o exemplo dos meus pais, ainda estou longe dessa meta. Mas em número de rapazes já os consegui ultrapassar, porque os meus pais só tiveram três. Sempre tive a casa cheia de gente…
– Mas também deve ser mais
complicado gerir uma família numerosa do que um núcleo familiar mais pequeno…
Maria – O facto de termos mais do que um filho, depois mais do que dois e agora mais do que três, não aumenta o tempo que temos disponível para eles. A forma de gostar de cada um deles é ilimitada e penso que conseguimos transmitir-lhes isso. E uma família com vários irmãos tem outra vantagem: para além de aprenderem com os pais, aprendem uns com os outros. E são mais solidários, sabem que têm de dividir as coisas. Quando temos uma família numerosa, aprendemos a separar o que é essencial daquilo que é acessório. Eles sabem que vão ouvir ‘não’ em relação a muitas coisas que pedem, mas também percebem que não é por isso que os pais gostam menos deles. Claro que, ao termos mais filhos, é mais difícil controlá-los…
Salvador – E nós também vamos aprendendo com eles. Quantos mais irmãos eles têm, mais independentes se tornam dos pais. Assim, divertem-se uns com os outros e até fica mais fácil para nós, porque os mais velhos já nos ajudam com os mais pequenos.
– Agora que estão à espera do quarto filho, sentem que são pais muito diferentes daqueles que esperaram o primeiro ou o segundo?
– Sim, sem dúvida. Lembro-me que durante a primeira gravidez estávamos preocupados com tudo! Agora, já achamos tudo natural. Já não nos preocupamos da mesma maneira.
Maria – E também aprendemos a simplificar. Por exemplo, nas férias, quando tínhamos apenas um filho, íamos muito mais carregados, porque achávamos que tudo ia fazer falta. Levávamos mesmo a casa às costas. Agora, levamos o essencial e lidamos com as coisas de uma maneira muito mais natural.
Salvador – Com o primeiro filho, passávamos a vida no hospital, porque tudo o que fosse acima de 37,5 graus de febre era motivo de urgência. [risos] Como em tudo na vida, a experiência ajuda-nos a facilitar.
– A Maria é o exemplo per-feito de como é que se pode conciliar uma carreira exigente com uma família numerosa. Contudo, acredito que arranjar esse equilíbrio entre a vida familiar e profissional não deva ser fácil…
Maria – Não é muito fácil… O principal é aproveitar ao máximo o tempo que se tem com os filhos. E não seria pelo facto de ter mais tempo livre para estar com eles que seria uma melhor mãe. Eu sei que tenho uma vida exigente, ando sempre a correr de um lado para o outro, mas até agora tenho conseguido equilibrar tudo. Durante a semana tenho um trabalho muito absorvente e não consigo chegar muito cedo… Tenho essa rotina, com pouco tempo durante a semana, mas depois tenho o fim de semana só para eles. Com o Salvador passa-se o oposto, porque não tem um trabalho com horários certos ou rotinas. E assim tem a possibilidade de fazer durante a semana aquilo que muitos pais não conseguem, que é levá-los ao cinema, jogar à bola…
– Até nisso a Maria e o Salvador se complementam…
– Sim, somos uma equipa.
Salvador – Fomos nós que os quisemos e por isso temos de os ‘aturar’, o que fazemos com muito gosto. Hoje todos nos perguntam:
"Mas por que é que vão ter mais um filho?" Acho que é uma forma de egoísmo não se querer ter filhos. Eles são a nossa imortalidade. E podermos partilhar as coisas com eles é tão bom, que todo o trabalho que temos acaba por ser compensado.
Maria – E são uma fonte de juventude.
Salvador – E Portugal precisa de crianças. Nós já contribuímos com a nossa parte…
– E há espaço para continuarem a ser um casal?
– Há, porque nos organizamos muito bem. A minha profissão obriga-me a fazer
checklists e temos tudo dividido. Preciso de ter tempo para o trabalho, para a minha mulher, para os meus filhos… Tenho o meu planeamento.
Maria – É ótimo viver entre crianças, mas também temos necessidades de adultos, como ir ao cinema, ao teatro, viajar… Claro que não é fácil, mas, mais uma vez, o segredo é flexibilidade e simplicidade. Temos de fazer uma lista de prioridades e gerir o dia-a-dia sem grandes complicações. Os filhos são a parte mais essencial da nossa vida, mas também não podemos perder a nossa identidade enquanto adultos.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.