Há 25 anos que
Zulmira Ferreira segue entusiasticamente o marido, o treinador de futebol
Jesualdo Ferreira, até onde a carreira o leva. Habituada a delegar a sua vida para segundo plano em função do bem-estar da sua família, a consultora de investimentos garante que essa opção continua a ser a correta, até porque acredita que a longevidade de uma relação depende também de alguns sacrifícios. Orgulhosa do caminho que tem percorrido, sempre com o apoio do filho,
Eduardo, de 30 anos, mas também das filhas do treinador,
Raquel Gonçalves, de 36 anos, e
Cláudia Ferreira, de 34, a consultora garante ser feliz.
Poucos dias depois de ter sabido que iria para a Grécia, onde o marido está já a treinar o Panathinaikos, Zulmira conversou com a CARAS e deixou-se fotografar com
Afonso e
Catarina Gonçalves, de nove e quatro anos, respetivamente, e
Margarida e
Manuel Ferreira, de oito e quatro, netos de Jesualdo.
–
Na última entrevista que deu à CARAS, estava de partida para Málaga. Agora, está a caminho da Grécia…
Zulmira Ferreira – Tem sido tudo muito a correr. No espaço de três dias, altura em que tínhamos acabado de chegar a Lisboa, tudo mudou novamente. Nem chegámos a desfazer as malas. [risos] O Manuel [assim trata o marido] já foi, eu só vou depois da passagem de ano. Esta é uma fase de adaptação para ele, com jogos constantes, e não vou estar a preocupá-lo, para já, com a logística que implica fazermos vida lá. O melhor é ele estar sozinho e devidamente concentrado. Claro que tenho muitas saudades, mas ele vai estar cá no Natal e aí também teremos tempo para conversar sobre a melhor forma de estarmos em Atenas.
– Foi uma decisão tomada a dois?
– É sempre. O Manuel nunca toma nenhuma decisão sozinho e conversamos sempre muito. Desta vez, foi com muita calma que ele me abordou, para uma eventual saída do País, por ter sido algo em muito pouco tempo. Assim que o vi tão entusiasmado e até já dedicado ao novo projeto, dei-lhe a maior força. Aliás, fazemos reuniões familiares sempre que há uma decisão destas para tomar.
– Para si, o entusiasmo do Jesualdo é suficiente para, de certa forma, se delegar para segundo plano?
– Claro que sim. O que seria se eu não lhe desse força, ou não o apoiasse?! Tenho a certeza que ele não deixava de ir, mas ficaria com certeza de outra forma e nem sequer se conseguiria concentrar devidamente no seu trabalho. Para ele, embora não pareça, a família é muito importante e todas estas ausências familiares lhe custam imenso. Estar longe dos netos é doloroso, pois não os vê crescer e não está atento às suas mudanças como gostaria.

– Esse seu apoio pode ser considerado como uma prova de amor constante…
– Mas isso é que faz uma relação funcionar ou não. No nosso caso, felizmente, tem funcionado muito bem, exatamente por isso, porque há um equilíbrio entre nós, muito apoio e ajuda.
– Já passaram duas décadas… Têm sido anos com mais altos ou mais baixos?
– A nossa relação é feita maioritariamente de altos e esses fazem parte dos segredos que não se podem revelar. [risos]
– Alguma vez pensou que se não apoiasse tão facilmente as decisões do seu marido, poderiam já estar numa fase mais tranquila e dedicados um ao outro?
– Eu gostava muito. Era uma alegria muito grande que ele me dava se isso acontecesse, mas o Manuel só se sente bem a trabalhar e não faz parte dos horizontes dele ficar em casa. Como ele diz habitualmente, uma semana depois de estar em casa sem trabalhar já começa a sentir o cheiro da relva. [risos] E eu estou bem vendo a felicidade dele.
– E como é a sua relação com as filhas do Jesualdo?
– Conheci-as em pequenas, cresceram comigo e somos muito cúmplices, confidentes e amigas. Aliás, estamos mais vezes as três e conversamos mais umas com as outras do que propriamente o pai com elas.

– Elas sempre aceitaram a vossa relação?
– Sempre e queriam mesmo que o pai refizesse a vida dele. Somos uma família muito bonita e tenho muito orgulho em todos.
– E a sua relação com os filhos delas?
– Sou uma grande amiga e veem em mim uma outra avó, aliás, tratam-me por avó Zulmira.
– Não sendo seus netos biológicos, sente-os como se fossem seus e com certeza que adora ser avó…
– Mesmo. Adoro ser avó e que me tratem como tal, aliás, quanto mais, melhor. [risos] Faço tudo o que os avós fazem, sou mais condescendente do que fui enquanto mãe e faço-lhes as vontades todas e mais algumas. [risos]
– Parece ser uma avó muito dedicada e orgulhosa…
– É verdade, eles fazem as suas traquinices, mas são meninos muito bem educados, bem formados e independentes, o que acho fantástico… Mas também tenho muito orgulho nas minhas enteadas, eles são o reflexo do que elas são.

– Como será o vosso Natal?
– Como todos os anos: em família. Temos uma família numerosa, especialmente do lado do meu marido, e o Natal é sempre uma animação, com muito barulho, muita alegria…
– Será também o primeiro Natal sem o seu pai…
– Estou-me a preparar para isso, até porque esta é uma altura que me deixa sempre muito deprimida e com certeza que este ano ainda vai ser mais difícil. Mas tenho a certeza que o meu pai vai estar presente…
– Tem sido complicado?
– Muito, por mim e pela minha mãe, pois tenho de a apoiar muito.
– Agora vão ficar afastadas?
– Em Espanha ela esteve comigo e agora quero ver se a levo para a Grécia, tenho a certeza de que vai gostar. Até ela já está habituada a ter as malas feitas. [risos]
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.