Aos 41 anos,
Fátima Lopes sente-se orgulhosa por ter tido a "
coragem" de tomar a decisão de mudar de estação de televisão, após 16 anos na SIC, e "
privilegiada" por ter a família que tem. Assegura continuar a amar incondicionalmente o marido, o enfermeiro
Luís Morais, de 36 anos, com quem está casada há cinco anos e de quem tem um filho,
Filipe – que completa dois anos em fevereiro próximo -, que se juntou a
Beatriz, de dez anos, fruto do seu anterior casamento.
"Tenho mesmo uma família abençoada. Só posso deitar as mãos ao céu e agradecer", diz a apresentadora nesta entrevista que deu à CARAS, na qual revela que, apesar de não fazer parte dos seus planos, se tiver outro filho, será tão desejado como os anteriores…
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– Com a saída da SIC, iniciou uma ‘vida nova’, que representou para si uma mudança muito grande…
Fátima Lopes – Sim, foi uma grande mudança de vida porque, depois de tantos anos a trabalhar na mesma empresa, ir para uma estação nova, com formas de funcionar e projetos diferentes… É óbvio que foi precisa alguma coragem para tomar esta decisão, mas achei que era uma linha de carreira que me interessava e que tinha de ir atrás dos meus sonhos. Não foi uma mudança fácil, até porque a parte afetiva leva o seu tempo a ser resolvida…
– Na altura foi muito criticada por pessoas que não compreendiam a razão da mudança e por não se ter despedido delas. Como reagiu a essas críticas? Magoaram-na?
– Antes de criticarem, as pessoas devem ouvir as partes envolvidas. Eu deixei muito claro que só não me despedi porque não me deixaram. Acho que não posso ser condenada por isso, porque não foi uma opção minha, e também não posso ser condenada por ter vontade de mudar, porque acho que todos os seres humanos têm vontade de mudar, de crescer. Na minha profissão, em Portugal, com a exceção do
José Figueiras, acho que sou a única que nunca tinha mudado de estação, e não me parece que se tenha atirado mil pedras às pessoas que mudaram de estação.
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– Mas foi doloroso ouvir essas críticas?
– Eu não li essas críticas, porque sabia que não me iam fazer bem. Há coisas que não vale a pena ler, porque as pessoas reagem muito a quente, em cima da emoção. Estar a lê-las era magoar-me, ficar triste, e pensar que as pessoas mudam de opinião acerca de mim só porque resolvo mudar de trabalho ou de estação. Eu continuo a ser intrinsecamente a mesma pessoa. Por isso, achei que a melhor coisa era não as ler. Sei que elas estavam lá, porque obviamente me disseram, mas não as li. Quis dar tempo às pessoas e mostrar-lhes que mudei para fazer uma coisa completamente diferente, conforme já puderam constatar.
– O novo programa é, de facto, diferente. Foi fácil habituar-se a este novo registo?
– Levou o seu tempo a perceber que podia fazer um programa em que só me divertisse, brincasse, e desse espaço à minha loucura. Agora já o faço tranquilamente e sem qualquer tipo de complexos, embora tenha a certeza de que, mais dia, menos dia, farei programas de entrevistas porque é isso que está no meu caminho, porque é aquilo que mais gosto e melhor sei fazer.
– Entretanto, as rotinas familiares também se alteraram. O seu filho Filipe, por exemplo, já passa mais tempo no jardim-de-infância…
– Sim. Começou com uma redução de horário que, entretanto, já foi alargado por recomendação das próprias educadoras, para que ele se integrasse mais nas atividades do infantário, e ele está a reagir muito bem.
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– Aos 22 meses, ele já deve correr pela casa fora…
– Sim, corre tudo! É um menino cheio de energia. Diz poucas palavras, mas palreia muito, está muito giro. Acho que todas as fases dos nossos filhos são giras, mas é curioso que, não sabendo falar quase nada, ele percebe tudo. Dizemos-lhe as coisas e ele executa-as.
– A Fátima por vezes aparece com olheiras. Quem é o responsável? O Filipe ou o excesso de trabalho?
– Não tenho tido excesso de trabalho por aí além, mas é verdade que tenho algumas olheiras. São fruto das noites mal dormidas. Ele tem sido uma criança supersaudável mas, quando lhe estão a nascer dentes, fica muito entupido… Quando assim é, acordo duas ou três vezes por noite e, nessas alturas, fazemos a recuperação em andamento, não tiramos dois ou três dias para dormir. Ficamos com olheiras, mas são olheiras de felicidade!
– O Natal do ano passado foi muito especial porque já existia o Filipe. De que maneira vai ser diferente o Natal deste ano? Costuma ser dividido, certo?
– Sim. Como o pai da Beatriz vive longe, é um Natal com um e, no ano seguinte, com outro. Este ano o Natal não é comigo. [emociona-se] Já é assim há uns cinco anos, e eu tenho um ano para me mentalizar disso. Não vou negar que me custa sempre, como tenho a certeza que também custará ao pai dela o ano em que não está com a filha, mas a Beatriz não se divide ao meio. E o que nós queremos é que ela viva o Natal de forma harmoniosa, seja em que casa for. E ela também já percebeu que é assim. Quando regressar do Natal com o pai, vem passar a semana seguinte comigo, e fazemos um segundo Natal, com direito a ceia e presentes!
– Então a Beatriz é uma privilegiada, tem dois Natais por ano!
– E ela sabe que o é, não se queixa. Acho que, quando tudo é bem explicado e organizado, corre sempre bem.
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– O Luís entrou na sua vida há sete anos e estão casados há cinco. Têm conseguido superar todos os obstáculos e desafios que uma relação implica?
– Acho que os dois encaramos as coisas do mesmo modo: temos de ultrapassar esses desafios que a vida nos coloca, se possível de forma harmoniosa. Não vale a pena perdermos a nossa saúde, a alegria ou o sorriso. Gostamos de ultrapassar as coisas sempre com harmonia. É assim que tem acontecido ao longo da nossa vida, tanto com as mudanças profissionais como pessoais… Quando precisamos, sabemos que o outro está do nosso lado. E eu acho que isto é que é amar uma pessoa: é as pessoas saberem amar incondicionalmente sem passar a vida a levantar a fatura, caso contrário, não estamos a falar de afeto, mas de outra coisa qualquer.
– E a crise dos sete anos? Há muitos casais que se queixam que nesta altura a relação sofre um pequeno abalo…
– Isso são ideias preconcebidas que fazem parte da experiência de algumas pessoas. Se eu quiser metê-las na minha cabeça, e dizer que comigo também vai acontecer o mesmo, podem ter a certeza que me vai acontecer mesmo! Mas, se a minha experiência é outra, a que propósito é que eu tenho de viver uma crise dos sete anos, dos oito, ou dos 20? Eu tenho é que viver a minha relação, porque é que hei de estar a projetar sofrimento e crise? Graças a Deus, estamos quase a acabar os sete anos e ainda não dei por nada. Pelo contrário, acho que estamos os dois superunidos, como sempre estivemos.
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– Ter outro filho agora seria um ato de coragem? Houve uma altura em que não punham esta hipótese de lado….
– E continuo a não pôr. Não posso dizer nem que sim, nem que não. Posso dizer que, se isso acontecer, será tão desejado como os outros dois. Não posso dizer que não quero ter mais filhos, porque, na verdade, adorava ter muitos mais, assim eu fosse mais nova… Como também não posso dizer que me vou empenhar em engravidar outra vez. É uma coisa que, se acontecer, ficarei felicíssima e o Luís também. Mas estamos completamente descontraídos e relaxados em relação a isso, não é uma prioridade nem um objetivo, como já foi, nem tão-pouco uma recusa, que isso nunca foi. Por nós, estamos sempre dispostos a ter mais filhos.
– Este é o primeiro filho biológico do Luís. Nota alguma diferença na relação dele com o Filipe em relação à Beatriz?
– Não, o Luís tem o mesmo comportamento com os dois, não faz distinção entre eles. Tanto dá mimo como educa. Sempre fez isso à Beatriz e agora fá-lo ao Filipe. Ou seja, quando é para dar colinho, dá, quando é para pôr na ordem, fá-lo. Agora, conheço-o bem e sei que, para ele, é uma felicidade imensa ter um filho, porque era um desejo imenso dos dois. Ele é um pai muito babado, dedicado e muito colaborante. Se, por qualquer motivo, tiver de deixar os dois filhos entregues a ele, fico completamente descansada. Depois, é naturalmente uma felicidade enorme, e quem o vê com o filho percebe o quanto ele é um homem muitíssimo mais feliz desde o nascimento do filho.
– Parece que, fisicamente, o Filipe é muito parecido com o pai…
– É igual! Tem o cabelo loirinho e as covinhas da mãe quando sorri – modéstia à parte, acho que ele tem um sorriso encantador. De resto, tem as mãos, os pés, os olhos e as pestanas grandes como o pai. Ele é igual em ponto pequeno, é impressionante. Acho que uma fotocópia não saía tão bem.
– Sente-se abençoada pela família que tem?
– Sinto-me uma privilegiada com a família que tenho porque vejo que, hoje em dia, não é fácil conciliar e articular tudo, sobretudo quando há uma criança de outra relação. Tem de haver muita generosidade de ambas as partes para que as coisas corram bem, e eu, graças a Deus, não me posso queixar, porque tenho uma família que, a nível afetivo, tem uma ligação muito forte, e onde nós nos respeitamos muito uns aos outros e conseguimos articular muito bem as nossas vidas. Ou seja, não há da parte do Luís nenhuma atitude de egoísmo em relação à Beatriz, o Luís compreende perfeitamente. A Beatriz já existia na minha vida, ela é minha filha, e se isso não causa transtorno é logo uma tranquilidade, porque eu já assisti a algumas coisas que calculo que sejam geradoras de imenso stresse. Tem de haver generosidade de ambas as partes e eu não me posso queixar, porque as coisas funcionam bem, estão organizadas, afetivamente as coisas mantêm-se como nós queremos, fortes e unidas, portanto tenho mesmo uma família abençoada, só posso deitar mãos ao céu e agradecer.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.