Soraia Chaves esteve uns dias em Lisboa para celebrar o Natal com a família, matar saudades de
Tiago Santos, o produtor com quem namora há cerca de um ano, e dos amigos, e receber o prémio de Melhor Atriz pelo filme
Salazar – A Vida Privada, atribuído pela Fundação GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas. Desde que foi viver para Madrid, há dois anos e meio, que a atriz só vem a Portugal em dias de festa ou quando tem trabalhos cá. Desta vez, apesar de ter a agenda bastante preenchida, marcou encontro com a CARAS e pôs a conversa em dia.
– Agora só a vemos em Portugal em dias de festa…
Soraia Chaves – Sim, venho cá muito esporadicamente, quando há um aniversário de alguém querido e próximo ou, neste caso, o Natal. Tirando isso, só venho mesmo em trabalho. Este verão estive cá três meses a gravar o filme
Voo Directo, mas assim que terminou voltei para Madrid.
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– Gosta mais da vida que leva em Madrid?
– Não seria justo dizer isso, porque também gosto da minha vida aqui. São duas realidades distintas. Encontro um equilíbrio nestas duas formas de estar completamente diferentes. Em Portugal, trabalho, faço sessões fotográficas, dou entrevistas. Em Madrid sou uma estrangeira, uma estudante, e passo completamente despercebida. Não existe glamour nenhum na vida que tenho em Madrid. E na que tenho cá existe bastante. Às vezes é quase como se tivesse uma vida dupla, e gosto disso.
– Então, nem vale a pena perguntar-lhe se está cansada desta ponte aérea…
– Não estou nada cansada, na verdade acho que preciso disto, preciso de movimento, preciso de mudar de sítio constantemente… não sei porquê, talvez tenha que ver com uma fase da minha vida e estou a passar por ela. Faz-me bem passar uma temporada num sítio e depois ter oportunidade de ir para outro, porque mudo de ares, renovo energias, estou com pessoas diferentes, conheço pessoas novas, e isso vai-me alimentando o dia-a-dia.
– Voltar para Lisboa nem pensar?
– Para já, não. Mas não sei o que poderei pensar daqui a dois ou três anos. Não faço planos a longo prazo, pelo menos por enquanto. Tenho 28 anos e, se calhar, daqui a uns anos isso muda e começo a querer assentar, mas, para já, vou vivendo o momento e vou improvisando.
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– Gosta dessa instabilidade?
– Sim, para já gosto. Eu procurei um bocado esta forma de estar na vida, este movimento constante.
– E não abdicaria desta vida para se casar ou ter filhos?
– Para já, não penso nisso. Naturalmente, como mulher, acho que ter um filho deve ser das sensações mais fascinantes e maravilhosas que se podem ter. E sei que quero passar por essa experiência. É um milagre, nós mulheres termos esse dom, esse privilégio… acho lindo. Quando as minhas amigas estão grávidas, fico babada e emocionada, mas neste momento a maternidade não é para mim. Mas vou querer ser mãe, vou querer passar por isso, vou querer sentir esse amor.
– Estará numa fase mais egoísta da sua vida em que nem o seu namorado a faria mudar de ideias?
– Não falo sobre a minha vida pessoal, pois quero proteger a minha intimidade. Não falo sobre os meus relacionamentos. Mas, respondendo em parte à pergunta, eu não considero egoísmo, porque não tem que ver só com o meu trabalho, tem que ver com a minha forma de estar na vida. O que acho é que é preciso ter muita maturidade… e também é verdade que se diz que uma pessoa se eleva à altura das circunstâncias.
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– É fácil manter um relacionamento à distância?
– Falando de uma forma geral, acho que cada pessoa gere a sua vida de maneira diferente e adapta-se a situações diferentes. Tudo depende da forma como se encara a vida. Se calhar, para algumas pessoas é complicado, mas para outras é saudável.
– Tem facilidade em manter-se longe das pessoas de quem gosta? Lida bem com a saudade?
– Para já, sim. É óbvio que sinto imensas saudades, mas quando estou por perto, estou realmente perto. Claro que às vezes sinto falta de partilhar as pequenas coisas do dia-a-dia com a minha família, mas nesta fase não poderia fazer as coisas de forma diferente. Todos sabem que é assim que sou feliz neste momento, que nesta fase esta aposta faz sentido. E nunca se põem em causa os sentimentos que temos uns pelos outros.
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– Acaba de receber o prémio de Melhor Atriz pelo papel no filme Salazar – A Vida Privada…
– Foi muito surpreendente, não estava nada à espera. E foi muito bom ter recebido o prémio das mãos de outros atores. Foi um momento muito especial, porque foi o reconhecimento do meu trabalho por parte de colegas. Senti-me muito lisonjeada.
– Foi difícil de alcançar esse reconhecimento dos colegas?
– Confesso também que fiquei surpreendida nesse sentido, porque eu própria tive a ideia – não pelas pessoas próximas com quem trabalhava – de que muitos atores olhavam para mim como se eu não fosse atriz e sim como uma modelo que de repente faz de atriz.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.