Aos 23 anos,
Aurea Sousa, natural de Santiago do Cacém, no Alentejo, já é considerada uma das revelações musicais do ano de 2010. Apesar de sempre ter tido a música por companhia de eleição, nunca sonhou ser cantora, até ao dia em que alguém a ouviu cantar e acreditou que aquela voz, que ecoava numa sala em Évora, poderia um dia encher os palcos nacionais.
Depois de três anos a preparar o seu disco homónimo, a artista da Blim Records estreou-se e de imediato conquistou uma legião de fãs. Hoje, o seu álbum já é disco de ouro e a cantora, com o seu cabelo loiro platinado, já não passa despercebida na rua.
Se profissionalmente Aurea se sente realizada, o mesmo se pode dizer em relação à sua vida privada, pois tem um namoro feliz e estável com um músico cujo nome prefere não revelar. Foi sobre a sua vida dentro e fora dos palcos que a CARAS falou com a cantora alentejana, que se prepara para dar um grande concerto dia 31 de Março no cinema S. Jorge, em Lisboa.
– Hoje é cantora, mas em tempos acreditou que a sua vida poderia passar pela representação…
Aurea – A música sempre foi algo muito presente desde que nasci. Aliás, o meu pai diz que assim é desde que eu estava na barriga da minha mãe, porque já nessa altura ele tocava para mim. Fui crescendo com a música, mas não tinha nem o sonho de ser cantora, nem atriz. O sonho de representar nunca existiu.
– Mas frequentou o curso de Teatro, na Universidade de Évora…
– Sim, mas primeiro entrei no curso de Linguística, em Lisboa. Estive cá um mês e pouco, mas não me revi nesse curso. Pensei que tinha de mudar, sair de Lisboa e ir para um sítio e para um curso que tivesse mais que ver comigo. Fui à Universidade de Évora, vi que havia o curso de teatro, concorri, entrei e comecei a apaixonar-me pelo teatro.
– Nessa altura não foi o seu talento para a representação que se destacou e sim a sua voz…
– Pois… Estávamos numa sala, num ambiente descontraído, e estava lá o
Rui Ribeiro, que é um dos compositores do disco. Ele ouviu-me a cantar, na brincadeira, e gostou. Foi para casa e decidiu fazer uma música para mim. Tudo começou aí.
– Quando veio definitivamente para Lisboa, há cerca de dois anos, já era uma mulher. Ter crescido num meio muito mais pequeno teve mais vantagens ou desvantagens?
– Saí de casa com 18 anos. Cresci no Algarve, em Silves, para onde fui com dois anos. Conhecia toda a gente e era lá que tinha os meus sítios especiais. E foi complicado sair desse meio. Senti muito a falta dos meus pais e dos amigos. Gostei muito de ter tempo para crescer. Em Silves podia brincar na rua, não havia qualquer perigo. Tive um crescimento muito saudável.
– Pela maneira como fala, percebe-se que a família tem muito peso na sua vida…
– Sim, dou muita importância aos meus pais e ao meu irmão. Serei sempre uma menina da mamã! Amo a minha família. O meu irmão vive em Lisboa e posso estar mais vezes com ele, o que é ótimo! É sempre bom pedir conselhos ao irmão mais velho.
– Para se sentir segura, precisa de pedir a opinião às outras pessoas? Ou é independente?
– Sou um misto dessas duas coisas. Só tomo uma decisão depois de pensar muito sobre o assunto. Sou muito ponderada e não dou passos em falso. E é importante reunir-me com os meus pais e com o meu irmão e perguntar o que acham sobre determinada situação. Depois disso, penso e tomo a minha decisão. Sou uma sonhadora de pés bem assentes no chão.
– Optou por aparecer na cena musical com uma imagem muito glamorosa e com muitas características
vintage. Porquê?
– Eu quero transmitir ao público quem é a Aurea através dessa imagem. A maquilhagem carregada e o cabelo loiro é a minha imagem do dia-a-dia. Eu já era assim e no palco tento ser a pessoa que realmente sou. Não estou a inventar uma personagem. E é uma imagem que se encaixa bem nos concertos e entre nós, banda.
– Neste disco, canta letras que falam de amores correspondidos e outras de desgostos. Revê-se nestas duas realidades?
– Sim. Também tive os meus desgostos de amor na adolescência. E chorei, como todas as meninas e meninos.
– Mas parece que o cenário mudou, porque tem uma relação estável e feliz…
– Exatamente. Estou feliz tanto pessoal como profissionalmente. Estou muito realizada.
– O seu namorado está fora do país. É fácil manter uma relação à distância?
– Quando as pessoas gostam uma da outra, manter uma relação à distância é fácil.
– O facto de o seu namorado trabalhar na área musical é uma vantagem?
– Claro que sim. Ele apoia-me imenso e sabe muito bem como é que este meio funciona. Eu também o apoio nas coisas que são importantes para a vida dele e para a sua carreira.
– Já há novos projetos ou este disco ainda é a sua prioridade?
– Ainda estou a viver muito este disco. E agora quero apostar nos concertos. Espero que 2011 seja preenchido com muitos espetáculos ao vivo.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.