O fado colorido e ritmado a que
Ana Bacalhau, de 32 anos, tem dado voz na banda Deolinda não conquistou só os portugueses: se os próximos concertos do grupo estão agendados para Santarém e Manteigas, os seguintes serão… em Londres e na Galiza. Um processo de internacionalização que se concretiza para uma banda que se pode considerar familiar: a vocalista é casada com o contrabaixista,
José Pedro Leitão, e é prima dos outros dois músicos,
Pedro da Silva Martins e
Luís José Martins. Foi precisamente esse lado pessoal que quisemos ‘espreitar’ nesta entrevista.
– Consegue deixar o trabalho à porta de casa, tendo em conta que o seu marido faz parte da banda?
Ana Bacalhau – Sim, é algo bastante natural. A nossa postura sempre foi a de não misturar as coisas, aliás, até já aconteceu haver quem não soubesse que somos marido e mulher.
– Namoraram durante seis anos e casaram-se há três. Como tem sido?
– Tem sido maravilhoso. Temos passado muitas coisas juntos, temos crescido os dois, partilhado o mesmo sonho… É uma parceria musical e pessoal.
– Neste caso, o facto de trabalharem juntos será uma mais-valia?
– Exatamente. O meu marido sabe que tipo de trabalho é o de um músico, que tem de estar sempre muito disponível e, por isso, as ausências são compreendidas. Mas também gostamos de fazer coisas individualmente e achamos extremamente necessário para que haja um equilíbrio. E assim até sentimos saudades um do outro… A saudade é essencial em qualquer relação. Desde que estamos juntos, sinto-me uma pessoa melhor e julgo que numa relação tem de haver diálogo e cedência. Temos gerido bem as nossas personalidades e, mantendo a individualidade de cada um, conseguimos ser uma unidade.
– Editaram o segundo disco e têm vários concertos agendados, estão numa fase muito trabalhosa e promissora. Faz parte dos seus planos ser mãe?
– Quero ser mãe, mas nesta fase ainda temos algumas batalhas pela frente, especialmente a nível internacional, onde estamos a ser mais conhecidos. Mas num futuro próximo, num ano em que estejamos mais tranquilos, com certeza que sim. O desejo já existe e pela minha idade também não posso adiar muito mais, mas terá de ser planeado.
– É uma mulher de paixões?
– Sim, mas tenho muitas paixões na vida: a música, a comunicação… Faço tudo sempre com muita paixão e só assim vale a pena fazer o que quer que seja.
– E como lidam com os fãs enquanto casal?
– [risos] É tranquilo, não há ciúmes de qualquer espécie. Se calhar por as pessoas saberem que somos um casal respeitam e nunca ninguém foi mais atrevido. Também não somos ciumentos um com o outro, temos uma relação madura e de confiança.
– Considera-se uma mulher vaidosa?
– Sim… com conta, peso e medida [risos]. Não sou demasiado vaidosa, mas gosto muito de roupa, de sapatos, de me pôr e ver bonita. Encaro a moda como uma forma de arte e expressão individual. Reportando para os Deolinda, também tentamos com as nossas roupas representar as músicas que fazemos. Vamos buscar elementos à tradição, mostrando-os de uma forma contemporânea, moderna e atual.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.