Hugo Sequeira tem 34 anos e uma vida dedicada à representação. Em 15 anos fez 27 peças de teatro e admite que possa ter esquecido um pouco a sua vida pessoal. Hoje, com o sonho de se estrear como encenador no horizonte, confessa ser mais seletivo e ponderado. Ser pai pode ter ajudado. O ator vive sozinho com o filho,
Xavier, de dois anos, fruto da relação com a atriz
Dina Félix da Costa, que terminou no verão passado.
Desde então, e até que estejam resolvidas as questões legais da separação, o filho está aos cuidados do pai.
– É difícil passar muito tempo sozinho com uma criança de dois anos?
Hugo Sequeira – É uma experiência de vida. É uma situação que não está completamente estabelecida, porque está a ser resolvida com a mãe em relação à guarda do Xavier, mas na prática eu passo quase todo o tempo com ele e é muito bom. Faz tudo comigo e tenho um grande apoio dos meus pais.
– Não deve ser fácil conciliar a paternidade com a profissão que tem…
– É das profissões mais fáceis para o fazer. O Xavier vai muitas vezes comigo para o estúdio e lá é um verdadeiro ídolo. Só não sai comigo à noite, como é óbvio. Ter um filho resolveu a minha vida. Eu era uma pessoa muito desprendida das coisas, das relações, e cometi um erro na minha vida, que foi não cultivar muito as amizades. As minhas maiores amizades foram sempre pessoas com quem me relacionei emocionalmente. O Xavier é o meu melhor amigo, somos inseparáveis. Às vezes brincam comigo com esta coisa de fazer de pai e mãe, mas acho que isso nasceu comigo, só que nunca tinha era percebido.
– Foi descobrindo?
– Descobri no dia em que ele nasceu. A única vez que senti uma coisa assim, de começar a chorar sem explicação, foi quando me puseram o Xavier nos braços. Somos inseparáveis.
– Fala-se muito da questão das mães solteiras, mas não tanto sobre os pais…
– Penso que as pessoas não estão preparadas para ver um pai solteiro. É importante que se perceba que, hoje em dia, a mãe não tem necessariamente de ser a base principal de uma criança.
– Mas é importante manter o contacto?
– É fundamental. Tal como é fundamental que, quando nascem, estejam com a mãe, mais do que com o pai.
– Esta é uma pergunta inevitável: fala-se muito de uma relação amorosa entre si e a Rita Mendes…
– Eu e a Rita somos amigos há 12 anos. Tenho três grandes amigas na minha vida: a
Paula Neves, a
Mafalda Vilhena e a Rita Mendes. Durante a gravidez, a Rita viveu um período muito parecido com o que eu vivi e fui o amigo que mais se aproximou dela. Acho-a uma pessoa extraordinária e não desminto nem deixo de desmentir por querer fugir de alguma coisa. Se algum dia eu quiser assumir uma coisa dessas, assumo. Agora, a verdade é que tenho sabido, através das revistas, que tenho uma namorada. Até acho normal, temos estado muito juntos, é natural que se pense isso. É um risco que assumimos sem problema nenhum.
– Em ‘Laços de Sangue’ faz uma personagem com um registo cómico. Recebe boas reações do público?
– É um dos personagens que mais gozo me deu fazer até agora, porque tem um cariz muito cómico e um núcleo fantástico que é a
Custódia Gallego e o
João Ricardo.
– Na sua vida mais pessoal é também uma pessoa com bom humor, que gosta de se rir?
– Não consigo dar-me com pessoas que não têm sentido de humor. Quem não tem sentido de humor não pode ser feliz. Até porque, num país como o nosso, se não tivermos bom humor, vivemos numa angústia profunda.
– Acha que isso é importante numa relação, por exemplo?
– Completamente. Muitas vezes as pessoas estão mais preocupadas em procurar o sentido do amor, e deviam procurar mais era o sentido do humor. Uma relação baseia-se principalmente nisso. No lado agradável e divertido das coisas. Claro que todos temos momentos menos bons, mas nessas alturas fico em casa e ninguém me vê.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.