Gosta de preservar a sua vida privada, "
de viver longe das lu-zes da ribalta", o que justifica o facto de raramente aparecer em eventos sociais e só muito esporadicamente dar uma entrevista como esta. Fê-lo porque tinha duas novidades que quis partilhar com a CARAS: está apaixonada e acaba de lançar o livro
As Primeiras-Damas, editado pela Esfera dos Livros.
Uma estreia como autora na qual, explica, revisitou "
momentos da história recente através do olhar das mulheres dos presidentes". Quanto aos assuntos relacionados com o coração, a jornalista revela que conheceu
Paulo Franco, de 48 anos, no início de janeiro do ano passado por… acidente. Alberta despistou-se numa manhã chuvosa e Paulo,
team leader numa empresa nacional, foi o único que parou para a auxiliar. Os dois mantiveram o contacto, apaixonaram-se e hoje partilham os seus momentos de felicidade com os filhos de ambos:
Luísa, de dez anos – fruto do anterior casamento de Alberta –
Duarte, de 16 anos, e
Marta, de 21, filhos de Paulo.
– Parece que vai guardar boas recordações do último ano…
Alberta – A vida é feita de momentos. Todos nós temos momentos bons e maus, andamos num carrossel, e a minha vida tem sido um carrossel. Neste momento estou a viver um momento muito bom.
– Um momento muito bom de realização pessoal?
– Pessoal, profissional, a todos os níveis. Tenho de dar graças a Deus porque sabemos o quão efémero tudo é, há que dar valor àquilo que temos. E eu estou a viver um momento muito bom. Em termos profissionais tenho uma vida que me permite acompanhar a minha filha, ter uma vida pessoal e, ao mesmo tempo, ter gozo profissional, porque gosto do ritmo da RTPN. Em termos pessoais, conheci, por acidente, um homem que me preenche em absoluto.
– Foi literalmente "por acidente"…
– Sim, numa manhã de sábado chuvosa. Ia passear com a Luisinha e despistei-me numa curva. Foi muito complicado, o meu carro ficou muito danificado, mas como tanto eu como a minha filha estávamos com cinto de segurança, não sofremos grande coisa. Na altura saímos do carro, pois tinha receio que outra viatura embatesse na nossa, pus a minha filha do outro lado do raile, e fiquei aflita, sem saber muito bem o que fazer. Passaram vários carros e só o Paulo parou. Ele ia sozinho, parou, ajudou-me, reconfortou a Luisinha, deu-me alguma calma e ficou ali à espera que chegasse o reboque. E foi assim que nos conhecemos.
– Foi o destino?
– Foi o destino. Não acredito em coincidências, acho que nada acontece por acaso. Acho que tudo na nossa vida, bom ou mau, tem uma razão de ser. Mesmo que não se perceba na altura, mais cedo ou mais tarde vamos perceber. Sou profundamente crente, portanto, acho que mesmo as coisas terríveis que nos acontecem na vida têm uma razão, um motivo. Significa que estão ali para nos obrigar a um crescimento emocional, espiritual, para nos tornar pessoas melhores. Pode ser que não aproveitemos a oportunidade, mas que estão ali para isso, estão.
– Um encontro que aconteceu há um ano?
– Já foi há mais de um ano, no princípio de janeiro. A partir daí fomo-nos conhecendo. O Paulo tem dois filhos, e fomo-nos aproximando os cinco. Eu costumo dizer, por graça, que namoramos a cinco, porque não podia ser de outra maneira. Eu e a Luísa somos duas e estamos sozinhas, eles são três e estão sozinhos porque, infelizmente, o Paulo perdeu a mulher há três anos. É viúvo e, por isso, os filhos são a coisa mais importante na vida, tanto para o Paulo como para mim. Eles estão sempre à frente de tudo, inclusivamente à frente do nosso namoro! Temos construído uma relação a cinco, com obstáculos para ultrapassar, mas com muita doçura, com muito prazer. Acho que precisamos todos muito um dos outros e gostamos muito uns dos outros. Estamos todos a aproveitar este momento e a pedir a Deus que se prolongue.
– Terão certamente apoiado o seu mais recente projeto, um livro sobre as primeiras-damas do pós-25 de abril. Foram dois anos a escrever um livro em segredo?
– Não foram dois anos intensivos. Primeiro, porque tenho um trabalho que me ocupa imenso tempo, depois, porque tenho uma filha que não prescindo de acompanhar. Portanto, foi escrito só nas horas que tenho para mim.
– É a sua estreia na escrita literária…
– Não é escrita literária, é jornalística. Eu não sou escritora, sou jornalista, e este é um trabalho jornalístico com um fôlego diferente do da espuma dos dias, que é aquilo que faço diariamente. Todos os dias faço jornais, de hora a hora, com a notícia do dia, com aquilo que está a acontecer. Não há espaço para pensar e refletir naquilo que está a acontecer. Quando
a editora me desafiou para fazer a biografia das primeiras-damas, pensei: cá está uma oportunidade de poder fazer um trabalho refletido, pensado, com tempo, revisitando momentos da história recente através do olhar das mulheres dos presidentes. E foi nessa perspetiva que aceitei o desafio.
– Seduziu-a por ser o olhar de mulheres?
– Seduziu-me imenso a ideia do feminino. Eu não sou feminista, mas sou feminina, e acho que a história também se faz no feminino. Acho que estas senhoras, apesar de não terem sido eleitas, estiveram num lugar privilegiado para acompanhar uma série de coisas. Por outro lado, há uma ideia muito superficial das primeiras-damas, de que são apenas uma figura decorativa, um
bibelot. Mas estas quatro senhoras estão muito longe de o serem: trabalham imenso e têm uma agenda carregadíssima. Além disso, descobri uma coisa com a qual fiquei escandalizada, que é o facto de não terem direito a despesas de representação. Não faz sentido nenhum que a primeira-dama de Portugal tenha de pagar do seu próprio bolso as roupas que usa para representar o país em atos oficiais! Foi um enorme privilégio conhecer melhor estas quatro senhoras.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.