Alegando
"razões pessoais e profissionais",
Carla Bruni faltou à 64.ª edição do Festival de Cannes, que inaugurou no passado dia 10, precisamente com o filme de
Woody Allen em que a primeira-dama francesa tem um pequeno papel,
Midnight in Paris. Esta ausência de Bruni aumentou o tom das vozes que dão como certo que o casal Sarkozy espera o seu primeiro filho em comum.
Uma gravidez que a ex-modelo de origem italiana não confirmou nem desmentiu. Numa entrevista que concedeu recentemente, no Eliseu, a alguns leitores do jornal
Le Parisien transformados por umas horas em jornalistas, Carla, que dissimulou a silhueta com um enorme xaile, brincou com as palavras, usou eufemismos, e conseguiu responder…
"nin". Quando
Patricia Diomande lhe perguntou, muito diretamente:
"Correm rumores, ouvem-se muitas coisas… está à espera de bebé?", Bruni foi eloquente, mas, no mínimo, dúbia:
"Se me permite, não responderei a perguntas sobre a família. Se estivéssemos as duas num café, dir-vos-ia francamente. Porque é que não respondo? Cerca de 180% do tempo do meu marido é dedicado ao país (…) Quando eu falo de outras coisas, isso impõe-se sobre tudo o que ele faz. Gostaria de lhe falar, de mulher para mulher, da minha vida familiar, dos meus sonhos pessoais (…) Mas estou, de certa forma, com a boca selada. Não por arrogância ou por gosto do secretismo, mas para proteger uma coisa e proteger o trabalho que ele [Sarkozy]
faz."
Depois desta fuga da mulher do presidente ao que lhe foi perguntado,
Jean-Claude Bion, sagaz, inquiriu:
"Portanto, saberemos daqui a seis meses?" Bruni riu, disse
"Sim", tornou a rir e desabafou:
"Gostaria de poder ser mais tranquila em relação a estas questões, mas o cargo do meu marido multiplica-as 100 mil vezes e transforma um peixinho numa baleia…" Desabafo mais do que conclusivo de que está mortinha por contar ao mundo que espera um filho. O segundo para ela, que é mãe de um rapaz de dez anos,
Aurélien, da sua relação com
Raphael Enthoven, o quarto para ele, que do primeiro casamento, com
Marie-Dominique, é pai de
Pierre, de 26 anos, e
Jean, de 25, e do segundo, com
Cécilia, teve mais um rapaz,
Louis, de 14.
Casada com o presidente francês desde 2 de fevereiro de 2008, a cantora já assumira por diversas vezes o seu desejo de ter um filho com ele. Disse-o, por exemplo, em agosto de 2008, quando promovia o seu segundo CD, à correspondente em Paris da revista americana
Vanity Fair:
"Adoraria ter filhos com o Nicolas. Espero conseguir, se ainda tiver idade. Seria um sonho!" Mas assegurou, também, que isso só aconteceria se a natureza assim o entendesse, pois não tencionava submeter-se a tratamentos de fertilidade.
Mais confiante nos poderes sobrenaturais do que na ciência, quando, em dezembro de 2010, fez uma viagem oficial à Índia com o marido, a primeira-dama terá confessado a um monge do templo budista de Fatehpur Sikri a sua vontade de repetir a experiência da maternidade. E terá feito às divindades locais um pedido de ajuda nesse sentido. Pedido que foi ouvido e rapidamente cumprido, pois, ao que tudo indica, Bruni deverá dar à luz em outubro.
E assim, o casal Sarkozy continua a fazer história. Nicolas, que foi o primeiro presidente a divorciar-se em pleno mandato (de Cécilia), e o segundo em exercício a casar-se, e Bruni, que se tornou a primeira mulher de um presidente que os franceses já viram nua, ficarão agora nos anais como o primeiro casal presidencial a ter um recém-nascido dentro das paredes do Eliseu.
Quanto ao motivo que leva os futuros pais a não quererem confirmar a notícia, dizem os teóricos da conspiração que é
marketing político, para aumentar a popularidade de Sarkozy, que anda pelas ruas da amargura. Tendo em conta que as presidenciais francesas se realizam em 2012, é bem verdade que a curiosidade suscitada por este assunto tornado
top secret poderá derreter os corações de alguns eleitores mais românticos. Uma teoria que parece ainda ser reforçada pelo facto de Bruni, que antes de se casar era assumidamente de esquerda, renegar hoje esse passado, assumindo-se
"100% sarkozista".
Mas o cinismo desta interpretação cai por terra perante uma questão bem menos política: aos 43 anos, Bruni enfrenta uma gravidez de alto risco, que provavelmente não levará até ao fim se os exames pré-natais o desaconselharem. E um dos exames mais conclusivos a este respeito é a amniocentese, que normalmente é feita pelas 16 semanas de gravidez. Bruni estará agora pelas 13 ou 14. O mais certo é ser apenas a espera pelos resultados que a mantém com a
"boca selada".