Os 20 obesos que querem emagrecer em
Peso Pesado são os rostos visíveis do programa de grande sucesso da SIC. Contudo, por detrás deles, está uma equipa, coordenada por
Teresa Branco, que trabalha diariamente para que percam pe-so e adquiram um estilo de vida saudável. Fisiologista na gestão do peso, Teresa tem-se dedicado a ajudar os outros a sentirem-se mais felizes com o seu corpo e, consequentemente, com as suas vidas.
Coordenadora e fundadora da Metabólica – Clínica de Gestão de Peso, a fisiologista, de 42 anos, manda fazer, mas também faz, ou seja, na sua vida segue à risca uma dieta saudável complementada com a prática diária de exercício físico.
A par do tempo de que dispõe para a sua carreira e treinos, Teresa faz questão de ser uma mãe presente para
Lourenço, de dez anos, e
Santiago, de sete, fruto do seu casamento com
João Mata, gestor e seu sócio na clínica.
Foi sobre as rotinas que têm feito de si uma mulher plenamente realizada que a CARAS conversou com a fisiologista.

– O que é que tem sido mais difícil incutir nos concorrentes do
Peso Pesado para que mudem efetivamente a relação que têm com a comida e com o seu peso?
Teresa Branco – Julgo que o maior desafio tem a ver com a necessidade de aumentarem a gestão de vegetais e frutas. Temos de os fazer gostar de vegetais e até os confecionamos de uma forma diferente para que se habituem e comecem a gostar. Pessoalmente, está a ser um grande desafio e uma ótima experiência de trabalho de equipa.
– O que é que leva a maior parte das pessoas a recuperarem o peso independentemente das dietas que façam?
– A maioria das pessoas, independentemente da forma como perde peso, volta a ganhá-lo. E o que se sabe atualmente é que as pessoas que o conseguem manter têm rotinas que incluem atividade física regular e que conseguem ter um controlo calórico bastante razoável. Julgo que a vida que levamos hoje, o stresse, a pressão, alguns fatores hereditários, a sedentarização e a parte social, que inclui quase sempre comer e beber, fazem com que as pessoas, ao longo dos anos, ganhem quilos que depois se tornam difíceis de perder de uma só vez. Isto nunca pode ser encarado como um sacrifício e sim como uma forma de vida de que se pode gostar. Não podemos pensar:
"Que chatice lá vou eu comer uma salada outra vez." Ou
"Que chatice, lá vou eu ao ginásio." O exercício tem de fazer parte da rotina diária, como lavar os dentes. Mudar hábitos custa sempre.

– O que é que a atrai nesta área na gestão do peso? Foi uma criança ou adolescente com excesso de peso?
– Não se pode dizer que fosse obesa, mas era uma criança com algum excesso de peso, uma coisa perfeitamente normal. No entanto, toda a minha família tem excesso de peso. Alguns familiares maternos pesam mais de 100 quilos. Sabia que tinha uma genética que não me era favorável e, inconscientemente, acabei por escolher uma carreira na área do desporto. Depois, fui uma adolescente com um peso normal. Fui sempre aprofundando os meus conhecimentos nesta área até fazer o doutoramento. Percebi que o que havia no mercado não dava uma resposta adequada às pessoas que queriam perder peso ou que não queriam ganhá-lo e criei a clínica.
– Acredito que também já tenha transmitido a importância de ter uma vida saudável aos seus filhos…
– Claro. Os meus filhos estão habituados a ver os pais treinar. Também os inscrevi em várias modalidades para experimentarem. Como qualquer criança, eles gostam de doces e tento não ter uma atitude muito castradora, porque a longo prazo isso torna-se contraproducente. Mas tal como lhes peço para estudar, também lhes dou recomendações em termos alimentares e não permito que se comam alimentos que não são saudáveis lá em casa. Agora, se eles vão a uma festa de anos, não vou fazer dos meus filhos os únicos que não comem gomas ou bolo de aniversário.
– E a Teresa permite a si própria alguns pecados alimentares?
– Eu como de forma muito saudável e sou daquelas que cumpre mesmo o que diz. Treino cinco vezes por semana, e treino a sério. Três vezes por semana corro, durante uma hora, dez quilómetros, e nos outros dois dias faço um treino misto. E gosto do esforço que o exercício me exige.

– Não deve ser fácil conseguir treinar todos os dias quando tem uma vida profissional tão preenchida…
– Pois não, mas se tiver de prescindir de alguma coisa na minha vida, a prioridade são os meus filhos e logo a seguir são os meus treinos. Sou mãe de duas crianças, tenho um casamento, e faço questão de dar muita atenção ao meu marido, além disso coordeno a clínica, dou consultas em vários sítios, acabei de escrever um livro… Existe tempo para tudo quando as pessoas são organizadas e têm prioridades. Comer bem e treinar são prioridades para mim. Todos os dias acordo às 7h30.
– E há mais truques para manter a boa forma física?
– Preparo todos os dias os meus
snacks em casa, que é uma coisa que faço em cinco minutos. Estou na clínica desde as 10 da manhã até à noite. Não é diferente da vida do resto das pessoas. Chego a casa, trato dos meus filhos e depois de eles adormecerem ainda vou trabalhar.
– O desporto é uma boa prática para manter o romantismo num casamento?
– Sem dúvida nenhuma! Eu apaixonei-me pelo meu marido a fazer mergulho. Ele pratica desporto e também tem de trabalhar à noite, depois de os nossos filhos estarem na cama. Mas conseguimos encontrar momentos só para nós. O que é preciso é querer. E é uma grande vantagem estarmos os dois na clínica, porque estamos a trabalhar para o mesmo e percebemos perfeitamente o que é que o outro está a fazer.