Miguel Câncio Martins, de 46 anos, é português, mas é mais reconhecido no estrangeiro. O seu nome é incontornável na arquitetura de interiores a nível internacional, pois é responsável pela decoração de alguns dos espaços públicos mais famosos e mais
in do mundo, caso do Buddha Bar, em Paris.
A morar há vários anos na capital francesa, o arquiteto teve a possibilidade, através do seu trabalho, de conhecer as mais diversas pessoas e, por isso, o seu círculo de amizades inclui personalidades de todo o mundo, desde príncipes a alguns dos
designers mais conhecidos, de
top-models internacionais a atores de Hollywood.
Casado com
Marie Charlotte Guichet, responsável pelas relações institucionais da cadeia de televisão francesa TF1, e pai de
Shanna, de 13 anos, fruto de uma anterior relação, o arquiteto esteve no Algarve para a inauguração de um espaço que decorou, o Sete Deck Lounge, propriedade de
Luís Figo e
Paulo China, e conversou com a CARAS sobre o seu sucesso profissional e pessoal.
– Diz-se que namorou com Naomi Campbell…
Miguel Câncio Martins – Infelizmente, não namorei com a Naomi [risos]. É muito minha amiga e não tivemos história nenhuma a dois, embora pudéssemos ter tido, pois passávamos muito tempo juntos.
– Entretanto, casou-se o ano passado. Como está a ser a vida a dois?
– Muito boa, não mudou grande coisa, pois como já vivíamos juntos há quatro anos, já nos sentíamos casados. O casamento foi uma forma de partilharmos com os amigos aquilo que sentíamos. Foi cá em Portugal e ainda hoje os estrangeiros falam disso.
– Este foi o seu primeiro casamento. Decidiu casar-se porque acredita que encontrou a mulher certa?
– Queria casar-me somente uma vez e a Marie foi a pessoa que encontrei e que achei ser a mulher da minha vida. Ela tem ascendência de Marselha e da Córsega e, por isso, é uma mulher de temperamento forte [risos]. É também um grande apoio, sinto que me saiu a sorte grande.
– Como é que a conheceu?
– Conhecíamos as mesmas pessoas, frequentávamos os mesmos lugares e cruzámo-nos várias vezes sem nos apercebermos. Uma vez, através de um dos melhores amigos dela, conhecemo-nos, e duas semanas depois eu recebi a Ordem do Mérito em França, das mãos do ministro dos Negócios Estrangeiros, com o qual ela trabalhava. Foi um encontro casual e muito engraçado, que deu alguma seriedade à minha pessoa [risos].
– Como é enquanto marido? Atencioso, preocupado?
– Acho que é importante manter em permanência a chama da paixão acesa, embora cada um também tenha de ter o seu jardim privado. Casais muito ciumentos, possessivos, que vivam só em função um do outro, não me agradam. Realmente tenho muita sorte, pois eu e a minha mulher somos muito independentes, ela tem uma vida hiperativa. Às vezes até está mais ocupada do que eu [risos]!
– Com o tipo de trabalho que tem, que o obriga a viajar muito, tem de ter a seu lado alguém que entenda muito bem a sua profissão…
– Exatamente, mas ela já trabalhou no Ministério dos Negócios Estrangeiros e, como tal, também viajava muito, sabe como é. E quando não me acompanha, entende que a minha vida tem de ser assim.
– É pai de uma rapariga de 13 anos. Como está a lidar com a adolescência?
– Ela vive no Mónaco com a mãe, mas passa muito tempo comigo. Está a entrar na fase em que temos de medir um pouco as nossas forças e como sou um bocadinho mais forte, acabo por ganhar [risos]. Até aqui fui o ‘papá cool’, como ela diz, agora tenho de ser um pouco mais duro. Espero que daqui a uns anos ela perceba que houve uma fase em que tive de ser mais ríspido.
– Parece ser um pai presente, apesar de trabalhar muito e viajar constantemente…
– A minha filha e a minha mulher são as minhas prioridades, passam à frente de tudo e para elas arranjo sempre tempo.
– Mas não é um "workaholic"?
– Sou, mas levanto-me as 6h da manhã para depois conseguir arranjar um bocadinho de tempo para a minha vida pessoal. Desde que a minha filha era pequenina que vamos de férias juntos, ela acompanha-me às obras todas e viaja muito comigo. Aí aproveitamos para passear, visitar museus, e gosto muito que ela me acompanhe.
– Ser pai novamente faz parte dos planos?
– Andamos a estudar o assunto [risos]. Gostava muito de ter mais dois filhos, de preferência duas meninas. Adoro estar rodeado de mulheres [risos].
– Quando descobriu a sua paixão pela arquitetura?
– Desde pequeno que desenhava casas, cidades… O meu pai é arquiteto e vivi sempre nesse mundo. Agora ele reformou-se e está a trabalhar comigo.
– E trabalham bem juntos ou por vezes a relação que vos une atrapalha?
– Claro que quando se está descontente é muito mais difícil dizê-lo a um pai do que a um colaborador. Não se ralha com o pai [risos]! Às vezes é complicado gerir isso e separar o lado profissional do familiar, mas temos conseguido.