Adans Peres, filho de um artista de circo
português, viveu um sonho ao alcance de poucos: casou-se com uma verdadeira
princesa. Em setembro de 2003, o aclamado acrobata de forças combinadas
tornou-se o segundo marido da princesa Stéphanie do Mónaco e pertenceu,
durante dez meses, à mais ilustre família monegasca. Contudo, o facto de nunca
ter sabido lidar com o mediatismo que se gerava à volta da mulher, e,
consequentemente, da sua vida privada, impediu que o casamento perdurasse. A
trabalhar temporariamente em Portugal, com um espetáculo no Casino Lisboa, o
luso-descendente falou com a CARAS sobre a sua vida ao lado da princesa
Stéphanie, mulher que confessa ainda o fazer sentir-se ansioso.
É especial estar a trabalhar no país onde o seu pai nasceu?
Adans Peres – Sim, claro, e estou a gostar muito de cá estar. É uma
ótima ocasião para mostrar o meu trabalho e conhecer melhor o país. Só cá tinha
vindo uma vez, há 16 anos.
– O que é que o seu pai lhe transmitiu de Portugal?
– Transmitiu-me a cultura. O meu pai contava-me histórias da sua família, da
sua infância… Quando ainda era criança lembro-me de que também falava em
português.
– Cresceu num circo e começou a trabalhar com o seu irmão em números de
acrobacia. Como é que um ginasta conhece uma princesa?
– Sempre tive o sonho de ir ao Festival Internacional de Circo de Monte Carlo,
que é uma competição muito prestigiada. Eu e o meu irmão participámos e ganhámos
o Clown de Prata. Foi nesse momento que conheci a Stéphanie. Só nos casámos
dois anos depois, em 2003. Mantivemos primeiro uma relação de amizade, porque
ela namorava com o diretor do circo no qual eu iria trabalhar mais tarde, Franco
Knie. Mais ou menos um ano depois de nos conhecermos fui trabalhar para o
Casino de Monte Carlo. Ela já estava solteira e começámos a nossa relação.
– Como é que na altura lidou com o facto de se ter apaixonado por uma
princesa?
– Eu apaixonei-me pela Stéphanie desde o primeiro momento em que falei com ela,
mas sempre respeitei a relação que ela tinha na altura. Quando começámos a
namorar, não pensei que iríamos ficar noivos e que acabaríamos por nos casar.
– Como é que descreve os dez meses do vosso casamento?
– Os momentos que passei ao seu lado foram os mais bonitos da minha vida.
Estava mesmo a viver um sonho. Fui a Monte Carlo, ganhei um prémio fabuloso,
apaixonei-me por uma mulher que julgava intocável, durante um ano vivi um amor
em silêncio, pensei nela continuamente e depois casei-me com Stéphanie! O nosso
namoro foi fabuloso.
– O que é que ditou o fim do vosso casamento?
– A paixão foi tal que não discutimos como seria a nossa vida conjugal. Eu queria
continuar a trabalhar, o que implicava estar sempre fora de casa. E estou
seguro de que ela queria que eu deixasse o meu trabalho para ficar ao seu lado.
Mas eu não conseguia deixar o meu trabalho. Depois, eu estava a casar-me com a
minha mulher e não com a princesa do Mónaco. Não soube lidar com o interesse
mediático que se gerava à nossa volta. Cometi muitos erros de imaturidade com a
Stéphanie e se pudesse voltar atrás teria tido outra atitude. Deveria ter
entendido que ela nasceu neste mundo e que este interesse era compreensível.
– Nunca pensou abdicar da sua profissão para se dedicar em exclusivo ao
vosso casamento?
– Pensei, mas não o podia fazer de um dia para o outro! Quando ia trabalhar,
tinha paparazzi por todos os lados. Chegava a casa e em vez de desfrutar
da nossa vida a dois, falava do que sentia em relação a esta pressão
mediática… Tudo isso acabou com o nosso casamento. Apaixonei-me por ela, mas
não estava preparado. Não era uma pessoa madura enquanto homem para viver uma
relação como a nossa. 90 por cento da culpa do nosso casamento ter falhado foi
minha. Acho que ela pensou: “Porque é que me casei com uma pessoa que
nunca está em casa?” Não planeámos bem o futuro. Casámo-nos porque
gostávamos muito um do outro, mas era um mundo novo para mim, e já nem sabia
quem era meu amigo e quem não era. Todos tinham curiosidade em perceber como é
que seria o casamento de um acrobata com uma princesa.
– Quem é a princesa Stéphanie em privado?
– É uma pessoa muito acessível para os amigos. Age por simpatia e gosta de
cuidar da família. Quando estávamos casados, ela cozinhava e gostava de estar
sobretudo com os filhos. Sempre foi muito próxima deles. Conheci-a numa fase em
que estava muito serena.
– Como era a sua relação com o príncipe Rainier, o príncipe Alberto, a
princesa Carolina e os filhos de Stéphanie?
– Sempre foram muito amáveis comigo. Relacionei-me mais com o príncipe Rainier
e com Alberto, a Carolina não vivia em Monte Carlo. Na verdade, nunca estive
com ela no palácio, nem sequer no Natal… Ela é uma pessoa bastante formal,
aristocrática e podia pensar que o nosso casamento seria uma loucura da sua
irmã. Pode ser, mas não sei, nunca falei com ela sobre isso. Mas sempre me dei
bem com todos, tratavam-me muito bem.
– Depois do divórcio, ficou amigo da sua ex-mulher?
– Sim. Levei bastante tempo a esquecer Stéphanie e a apaixonar-me novamente.
Todos os anos vou ao Festival de Monte Carlo e fico ansioso sempre que a
vejo… Neste momento, tenho outra relação e estou feliz. Sempre respeitei a
Stéphanie e portei-me bem com os meios de comunicação social, nunca falei
demais.
– É um incómodo ou um orgulho ser conhecido como o ex-marido da princesa
Stéphanie do Mónaco?
– Neste momento é um orgulho. Há pessoas que nos tratam bem, outras não. Hoje
entendo que achem interessante saber como foi esta fase da minha vida.