Desde que lhe foi diagnosticado um tipo raro de cancro, um linfoma não-Hodgkin de células T Angioimunoblástico, o ator brasileiro Reynaldo Gianecchini, de 39 anos, tem preferido as ações às palavras. Corajoso, em paralelo com o seu tratamento, o galã tem feito uma verdadeira maratona de apoio à luta contra a doença, expressando através de cada gesto de solidariedade o que ele próprio sente, como aconteceu numa recente visita ao GRAACC – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Cancro. Na ocasião, Gianecchini quebrou o silêncio e falou em exclusivo à CARAS, um mês depois de outro duro golpe: a morte do pai, Reynaldo Cisoto Gianecchini, a 17 de outubro, aos 72 anos, vítima de cancro do pâncreas e do fígado, contra o qual lutava há dez meses.
Embaixador da linha de T-shirts do projeto Sou Fã de Criança, juntamente com a atriz Adriana Birolli, Gianecchini distribuiu 300 kits de brinquedos e a mesma quantidade em kits de guloseimas aos meninos do GRAACC, naquela que foi a sua segunda visita ao espaço, onde já tinha estado em junho, quando ainda não sabia do linfoma.
Neste momento, o ator continua com as sessões de quimioterapia, devendo realizar um autotransplante após a quinta sessão. Trata-se de uma técnica para obter células-tronco do sangue ou da medula óssea e devolvê-las ao mesmo paciente. O ator também foi submetido a uma tomografia por emissão de positrões, uma modalidade de diagnóstico por imagem que permite avaliar funções importantes do corpo, tais como o fluxo do sangue, o uso do oxigénio, e o metabolismo do açúcar (glicose), ajudando os médicos a avaliar como estão a funcionar os órgãos e os tecidos e assim controlar a evolução da doença.
A par do tratamento médico, o popular brasileiro recorre ainda ao auxílio espiritual do médium João Berbel e ao forte apoio da família, em especial da mãe, Heloísa Helena, 70 anos, que após a perda do marido dedica todo o seu tempo a cuidar do filho. Os amigos têm também estado ao lado do ator, em especial a ex-namorada, Marília Gabriela, de 63 anos, e a atriz Cláudia Raia, 44, com quem iria contracenar no espetáculo Cabaret, atualmente em cena.
Longe da televisão desde o fim da novela Passione, em janeiro deste ano, na qual deu vida ao vilão Fred, Gianecchini interrompeu ainda a temporada da peça Cruel para ser internado. Apesar dos contratempos, a esperança é o lema que quer seguir.
– O contacto com estas crianças tem-lhe ensinado a lidar com a doença?
Reynaldo G. – Aprendemos muito com as crianças. Elas são quem mais me ensina nesta fase do tratamento e mantenho um grande contacto com elas.
– Qual o caminho para suavizar o processo do tratamento e não se deixar abater pelas dificuldades?
– Encarar tudo com leveza, tentar viver um dia de cada vez e aprender com a situação.
– Mudou a forma como vê a vida?
– Sem dúvida. Entramos numa relação diferente com as pessoas, repensamos todas as nossas relações… Basicamente, o que mais me tocou foi a forma como as pessoas ficam sensibilizadas. E como é bom partilhar tudo… O amor, a solidariedade. Apercebemo-nos do quanto precisamos das pessoas. Ficamos com uma visão menos egoísta.
– Nesta fase em quem se apoia mais?
– Família, amigos e até pessoas que nem conheço e sorriem para mim. Qualquer gesto de amor e de carinho é uma grande ajuda.
– Sempre foi otimista. Agora não é diferente, certo?
– Sempre fui otimista e, agora, mais do que nunca. Não consigo pensar em coisas más, apenas boas. Tudo o que tenho aprendido, tudo o que tenho conquistado, todo o amor que tenho sentido por parte das pessoas… Acredito na cura, não acredito na doença. Só consigo pensar que a minha vida vai melhorar daqui para a frente.
Reynaldo Gianecchini fala, otimista, da sua dura luta contra o cancro
O galã brasileiro visitou o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Cancro, onde distribuiu sorrisos e muitos presentes.