Ao contrário do que estava previsto, o julgamento de Afonso Dias, principal suspeito do desaparecimento de Rui Pedro, não terminou esta quarta-feira, dia 14 de dezembro. A reconstituição do dia em que Rui Pedro foi visto pela última vez ficou agendada para 4 de janeiro de 2012.
No final da décima sessão do julgamento, durante a qual foi ouvida a primeira equipa da Polícia Judiciária que investigou o desaparecimento do menor, Ricardo Sá Fernandes, advogado da família, revelou que vai solicitar uma reunião com a direção nacional da PJ para que sejam apuradas “todas as responsabilidades” relativamente aos atos de que tomou conhecimento esta quarta-feira em tribunal e que considerou “gravíssimos”. A intervenção do advogado surgiu na sequência dos depoimentos de vários inspetores da PJ que assumiram em tribunal terem havido muitas falhas na investigação. Acompanhado por Manuel Mendonça e Filomena Teixeira, pais de Rui Pedro, o advogado disse ainda: “Ficamos chocados com o que foi dito hoje neste tribunal, tivemos conhecimento de que desde o primeiro momento os inspetores da Judiciária sabiam da existência da prostituta Alcina Dias. Nunca a ouviram formalmente e justificaram tal facto como um esquecimento”. Recorde-se que só em 2008, quando a 3.ª equipa tomou conta do caso, é que Alcina Dias, que terá estado com Rui Pedro no dia do desaparecimento, foi ouvida pela PJ.
Perplexo, Ricardo Sá Fernandes continua dizendo que “isto ultrapassa todos os limites”, considerando que o comportamento dos inspetores é “quase o absurdo” e garantindo: “Os pais do Rui Pedro e eu próprio não descansaremos enquanto isto não for apurado em sede própria”.
Presentes em todas as sessões, sentados atrás de Afonso Dias, os pais de Rui Pedro mostram-se revoltados com tudo o que têm ouvido em tribunal. No entanto, Manuel Mendonça reafirma: “Não quero que o Afonso seja condenado, quero o Pedro.” Já Filomena Teixeira, cuja fragilidade física e emocional é visível, afirmou à TVI: “Sinto-me a ir abaixo. Estava com esperança que isto fosse um recomeçar, mas afinal não foi isso que aconteceu. Acho que não há palavras que descrevam o que eu sinto neste momento. É como estar a desmoronar-se alguma coisa à minha volta. Eu tinha um filho… Eu tenho um filho que tem agora 24 anos e não sei onde ele está nem ninguém me ajuda a procurá-lo. É a sensação que eu tenho. É que ninguém me ajuda, estou sozinha. Nem o meu pai tenho para me ajudar.”
O acórdão do coletivo de juízes só deverá ser conhecido no próximo ano.