No ano em que comemoram os 35 anos da banda em que se estrearam, e da qual foram fundadores, os Trovante, e 20 anos depois do fim da mesma, Luís Represas e João Gil voltaram a juntar-se em estúdio para gravar um CD de originais, que dá pelos seus nomes. Um reencontro natural, tendo em conta que o ex-vocalista e o ex-guitarrista dos Trovante sempre se apoiaram um ao outro nos seus percursos individuais. Este regresso teve, segundo dizem, o contributo fundamental de Margarida Pinto Correia, a mulher de Luís, e Ana Mesquita, a mulher de João.
– O que é que vos fez voltar a trabalhar juntos após tanto tempo?
João Gil – As nossas mulheres [risos]!
Luís Represas – Por um lado, a EMI lembrou-se de nos desafiar a fazer um disco de originais aproveitando a onda dos nossos 35 anos de carreira. Por outro, ao fim destes anos todos tivemos tempo suficiente para fazermos música separados, o que nos trouxe solidez e fez com que agora estivéssemos suficientemente fortes e com a vontade de fazermos juntos algo de original e novo.
– Mas estiveram estes anos separados por alguma questão mal resolvida do tempo dos Trovante?
– Os Trovante existiram durante 16 anos e acabaram. Cada um de nós andou 20 anos a fazer o seu caminho, e nesses anos houve entre estes dois edifícios pontes de união. Houve canções do Gil que cantei em discos meus, espetáculos em que o convidei a subir ao palco, e pessoalmente sempre mantivemos o contacto. Nunca deixámos de ser amigos e nunca tivemos qualquer tipo de quezília.
– O João referiu que foram as vossas mulheres as grande incentivadoras…
João – São sempre. Era uma brincadeira, mas é para levar a sério. Temos duas mulheres fantásticas, singulares, grandes mulheres. Já que o Luís falou de edifícios, que é uma imagem bonita, quando as pessoas têm um edifício bem construído e sólido, tudo se aguenta e corre bem. Por isso, este trabalho é um reencontro muito bonito entre duas pessoas bem resolvidas na vida e na música. Duas pessoas disponíveis para continuar a sua vida musical, profissional e de amizade. Nós os dois temos muito em comum. Além de sermos do mesmo signo, temos muito mais a unir-nos para além das duas mulheres fantásticas que temos e da paixão pela música: temos uma maneira muito positiva de ver as coisas, somos dois otimistas incorrigíveis, o que nos torna leves perante as dificuldades.
– A amizade não pode ser prejudicial a nível profissional, visto que têm mais à-vontade para dizerem certas coisas?
– Não deixamos de o fazer. Dizemos tudo o que nos apetece.
Luís – Acho que é exatamente o contrário. O facto de nos conhecermos muito bem faz com que adivinhemos rapidamente o que o outro está a pensar e a querer. Depois, temos coincidências em termos conceptuais. E mesmo as divergências que sabemos ter em termos de gosto não são sequer discutidas, pois estamos a fazer um disco a dois. Ninguém impõe nada a ninguém, apenas propomos e dispomos.
– Essa capacidade de aceitarem bem as vossas diferenças sempre existiu?
João – Acho que passámos por uma fase de crescimento enquanto homens e músicos quando fizemos os Trovante. Particularmente nós os dois, que muitas vezes fizemos parceria como autores de música e letra, rapidamente nos conhecemos a um outro nível. Lembro-me de que naquela altura aprendi muitas coisas, mas, sobretudo, tive a capacidade de compreender onde cada um de nós era realmente bom e se transcendia. Beneficiámos os dois dessa parceria e hoje em dia diria que é muito mais simples e menos doloroso, pois já não temos de passar por essa aprendizagem.
– Ambos têm percursos de sucesso na música portuguesa. Em que é que este projeto diverge dos outros que já fizeram?
– Beneficia largamente de tudo o que fizemos. É um disco altamente imediato e espontâneo. Beneficia de haver a compreensão mútua de como se pode potenciar o melhor de cada um de nós. Neste disco eu canto, porque senti a segurança, o apoio e o abraço do Luís. Creio que o Luís beneficia também do facto de eu estar mais maduro enquanto compositor.
Luís – Pelo facto de ter composto para muita gente, o João sabe melhor do que ninguém quais são as canções onde eu posso ir mais longe e isso dá-me uma enorme segurança.
João Gil e Luís Represas: Juntos de novo por uma paixão comum
Vinte anos depois do fim dos Trovante, os músicos voltam juntos a estúdio e lançam um álbum de originais.
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