“Basicamente muito obrigado
a todos, A todas as pessoas, a todas as influências que tive na vida, desde a
minha família, que me dirigiu para a música (…) a todos os meus colegas. Muito
obrigado à minha equipa toda.” Foi desta forma que Jorge Palma agradeceu o galardão que lhe foi entregue por Cláudia Vieira e Ângelo Rodrigues.
Jorge Manuel d’Abreu Palma nasceu a 4 de junho de 1950, em Lisboa. Começou a estudar piano aos seis anos e aos oito fez a sua primeira audição no Conservatório Nacional.
Em 1963, em Palma de Maiorca, venceu o segundo prémio e uma menção honrosa no Concurso Internacional das Juventudes Musicais. Ao mesmo tempo que continuava os estudos normais, primeiro no Liceu Camões, depois num Colégio Interno perto de Abrantes, a música ganhava um lugar cada vez mais importante na sua vida.
Com apenas 14 anos, ‘trocou’ a música clássica pelo pop/rock e aprendeu a tocar guitarra sozinho e, três anos depois, tentou tornar-se independente e fazer da música a sua profissão. Integrou a banda Black Boys, mas a experiência durou poucos meses.
Em 1969, quando já estava a estudar na Faculdade de Ciências de Lisboa, entrou para o grupo de hard rock Sindikato, com o qual participou na 1.ª edição do Festival de Vilar de Mouros, em 1971. Gravaram um single e um álbum de versões e foi por esta altura que começou a compor as suas primeiras canções.
A sua estreia a solo deu-se em 1972, quando gravou o single intitulado The Nine Billion Names of God. Foi também nesse ano que abandonou os estudos de Engenharia para viajar pelo mundo. Estados Unidos, Canadá e Caraíbas foram alguns dos sítios por onde passou.
O primeiro single em português foi editado em 1973. A partir daí começou também a receber as primeiras encomendas de composição e orquestração para outros cantores. Esse ano ficou ainda marcado pela convocação para cumprir o serviço militar e pela partida para o asilo político na Dinamarca, com a primeira mulher, Gisela Branco. Para viver trabalhava no Sheraton, em Copenhaga, e foi aí que soube, através do canal de televisão da BBC o que tinha acontecido em Portugal no dia 25 de Abril de 1974. Decidiu regressar.
Com Uma Viagem na Palma da Mão, o primeiro LP de Jorge Palma, foi lançado em 1975. Na mesma altura trabalhava como orquestrador, compositor e letrista, tendo colaborado com nomes como Amália Rodrigues, Pedro Osório e Nuno Nazareth Fernandes. Até à edição do segundo disco, Té Já, passaram apenas dois anos. Os temas foram apresentados em Portugal, no Brasil e em Espanha.
Nos dois anos que se seguiram, 1978 e 1979, passou grande parte do seu tempo em França, tocando em bares, esplanadas e até no metro. Leonard Cohen, Paul Simon e Crosby e Bob Dylan eram os artistas cujos temas mais tocava.
No regresso ao nosso país gravou Qualquer Coisa Pá Música (1979), mas no início do ano seguinte voltou para França, já com a segunda mulher, Graça Lamy.
Seguiu-se o duplo LP Acto Contínuo (1980), Asas e Penas (1984) e O Lado Errado da Noite (1985). Este último recebeu muitos elogios dos críticos, que o descreveram como “o lado certo de Jorge Palma”, e foi distinguido com um Sete de Ouro e com o Troféu Nova Gente. Enquanto isso, o músico continuava os estudos de piano.
Quarto Minguante (1986), Bairro do Amor (1980) – considerado pelo Público e Diário de Notícias um dos álbuns do século a nível da música portuguesa – e Só (1991) foram os trabalhos de estúdio que se seguiram. Já em 1993 lançou Palma’s Gang: Ao Vivo no Johnny Guitar, um trabalho que resultou da formação do grupo Palma’s Gang, composto por músicos de outras bandas como Zé Pedro e Kalú, dos Xutos & Pontapés, e Flak e Alex, dos Radio Macau.
Três anos depois, Jorge Palma aceitou o convite para integrar os Rio Grande ao lado de Tim, João Gil, Rui Veloso e Vitorino. O trabalho do grupo foi um êxito em termos de vendas. Continua as colaborações com outros músicos, como Sérgio Godinho, André Sardet, Rui Reininho e Mafalda Veiga, faz trabalhos para teatro, dá espetáculos por todo o país, participa em concertos solidários. Entretanto foram lançadas algumas compilações dos seus melhores temas e reeditados os seus primeiros discos que ainda não existiam em CD.
A coletânea Dá-me Lume, com temas dos álbuns Bairro do Amor e Só, foi lançada em 2000 e voltou a confirmar o sucesso do músico, que ao longo dos anos se tornou figura incontornável e inconfundível da música portuguesa. Foram longas semanas nos primeiros lugares do top nacional.
Depois de vários adiamentos, o álbum de originais, intitulado Jorge Palma chegou finalmente ao público. Numa semana chegou ao terceiro lugar dos tops e tornou-se Disco de Prata.
Foi premiado em 2002 com o prémio José Afonso, justamente pelo último trabalho referido, e nomeado para os Globos de Ouro na categoria de Melhor Intérprete Individual e Melhor Música. Os Rio Grande deram origem aos Cabeças no Ar, depois da saída de Vitorino, e mais tarde, formou os Demitidos. Participou entretanto em projetos de outros artistas como Ala dos Namorados, Brigada Victor Jara, Couple Coffee, Sylvie C. e Janita Salomé.
Em 2007 gravou Voo Nocturno, com Flak e os Demitidos. O tema Encosta-te a Mim foi mais um sucesso e seguiram-se muitos concertos a solo e com banda, nomeadamente em salas como os Coliseus de Lisboa e Porto.
O single Tudo Por Um Beijo, integrado na banda sonora do filme A Bela e o Paparazzo, de António-Pedro Vasconcelos, foi lançado em janeiro de 2010.
No ano passado, em outubro, o cantor editou Com Todo o Respeito, com Página em Branco como tema de apresentação do álbum. O álbum conta com a participação da sua banda, Os Demitidos, Flak, Carlos Bica, Cristina Branco, Vicente Palma, Carlos Barreto, Gabriel Gomes e Bruno Vasconcelos. E é precisamente com esse trabalho que o músico, que conta já com 40 anos de uma admirável carreira, regressou à estrada e aos concertos intimistas por todo o país no início de 2012.
Fernando Alvim, Luísa Sobral e Sérgio Godinho eram os outros nomeados.
Jorge Palma leva para casa Globo de Ouro de Melhor Intérprete Individual
Estava nomeado com o CD ‘Com Todo o Respeito’ e o prémio foi-lhe entregue por Cláudia Vieira e Ângelo Rodrigues.