Aos 36 anos, Charlize
Theron, sul-africana, há vários anos a trabalhar em Hollywood, considera-se
uma mulher abençoada pela vida. Por coisas tão simples como ter amigos
maravilhosos e um frigorífico cheio de comida. Ou por ter a sorte de conseguir
papéis que a têm desafiado a ir sempre mais longe. Um deles, Monstro,
valeu-lhe mesmo a maior parte dos prémios de melhor atriz em 2003, nomeadamente
o Óscar, o Golden Globe e o Screen Actors Guild.
Charlize, que terminou em fevereiro de 2010 um namoro de nove anos com o
realizador irlandês Stuart Townsend, tem, desde março passado, mais uma
razão para sorrir: concretizou o sonho de ser mãe, com a adoção de Jackson,
um bebé que tem agora cinco meses. “É tudo aquilo que sempre quis. Não sei
explicar melhor”, disse à imprensa durante a antestreia de A Branca de
Neve e o Caçador, em que faz de Ravena, a rainha má. Filme em exibição
entre nós que motivou a entrevista exclusiva que publicamos.
– Acha mais fácil desempenhar o papel de rainha má ou de princesa?
Charlize Theron – Não sei, nunca fiz de princesa [risos].
– Quando era pequena, nunca quis ser princesa?
– Não, queria ser uma sereia. Queria ser a Daryl Hannah em Splash – A
Sereia.
– Então como é que aparece agora neste filme e neste papel?
– Porque vi um enorme potencial numa coisa que me pareceu muito icónica. Todos
conhecemos bem esta história, mas depois surge o desafio: “Como é que pegamos
nesta história e a viramos de pernas para o ar?” Acho que foi isso que nos
entusiasmou a todos. E o desafio para mim e para a Kristen [Stewart,
que faz de Branca de Neve] foi construir estas personagens de forma a que não
fossem a preto e branco, uma má e outra boa. Queríamos mostrar duas mulheres
que são apenas humanas, com alguns aspetos mágicos, mas construí-las de forma a
torná-las reais e a dar-lhes emoções com que as pessoas se identificassem.
– Tradicionalmente, na Branca de Neve a rainha má é obcecada com o aspeto e
a beleza, mas a sua abordagem é um pouco diferente…
– A Branca de Neve foi educada no sentido da bondade e nunca perdeu, à Ravena
ensinaram-lhe que para ser poderosa é necessário ser jovem e bela. Por isso,
esta história é mais sobre poder que sobre beleza. Quando Ravena se vê ao
espelho e começa a envelhecer, aquilo que chora não é a perda da beleza e sim
do poder.
– Diz-se que é mais divertido fazer de vilão. Isso neste caso foi verdade?
– Adorei fazer de Ravena. É muito especial termos a liberdade de nos
comportarmos de uma maneira que nunca nos seria permitida na realidade. Por
exemplo, eu nunca poderia gritar às pessoas como grito neste filme!
– É uma atriz muito corajosa e parece procurar sempre papéis desafiantes e
por vezes muito difíceis. Porquê essa necessidade?
– Acho que nenhum ator quer que as coisas sejam fáceis. E acho que essas
personagens complexas me mantêm com os pés assentes na terra. Sou fascinada
pela condição humana e sinto-me incrivelmente abençoada por ter um trabalho que
me permite explorar isso. É muito simpático dizer que eu sou corajosa, mas eu
acho que é só mesmo uma dádiva. Não há nada como entrar no meu carro de manhã e
ter medo de não ser capaz de fazer o que tenho para fazer. Tem que ser
realmente um papel difícil, duro, desafiante, para me conseguir afastar da
minha vida, porque a minha vida é ótima.
– Tem sido difícil conseguir esses papéis?
– Nem devia dizer isto, porque as pessoas vão ficar com vontade de me dar um
murro, mas tem sido apenas sorte. Sinto-me incrivelmente grata pelas oportunidades
que tenho tido! Acho que só somos bons na medida das oportunidades que temos.
– O que é que torna a sua vida tão boa?
– Sou incrivelmente abençoada. Tenho pessoas maravilhosas na minha vida. Tenho
saúde. Estou em forma, consigo correr uma maratona. Tenho um frigorífico cheio
de comida. Como é que poderia não estar grata? A vida é extraordinariamente boa
para mim!
Charlize Theron: “A vida é extraordinária para mim”
Separada desde fevereiro de 2010 do realizador Stuart Townsend, com quem manteve uma relação de nove anos, em março a atriz adotou sozinha um bebé que tem agora cinco meses.
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