Foi cambaleante e ainda visivelmente debilitado que Manoel de Oliveira, de 103 anos, esteve no Salão Nobre da Assembleia da República, onde foi homenageado. Esta foi a primeira vez que o cineasta apareceu em público depois de em julho ter estado internado durante uma semana devido a um problema pulmonar que lhe causou insuficiência respiratória.
Perante deputados e várias personalidades ligadas à cultura, Assunção Esteves, presidente da Assembleia da República, explicou as razões que levaram este órgão nacional a homenagear o cineasta portuense: “O Parlamento decidiu cruzar a celebração da abertura do ano parlamentar com uma homenagem ao cinema português, mas sobretudo ao realizador Manoel de Oliveira. Este momento solene prova o consenso que todo o Parlamento mostra em relação à obra do realizador. É muito difícil escolher as palavras para definir a arte, sobretudo quando se trata de definir a perfeição, como é o caso.”
Momentos depois de ser apresentada uma pequena videobiografia do cineasta, este fez questão de dirigir algumas palavras a todos os presentes: “Quero agradecer à Assembleia da República esta grande homenagem que me concedeu. Muito obrigado e viva o cinema!”
Antes da exibição do seu novo filme, O Gebo e a Sombra, em antestreia nacional, o cineasta foi ainda agraciado com uma réplica das chaves do convento dos beneditinos [quando foi construída, no século XVI, a atual sede do Parlamento funcionava como Mosteiro de S. Bento da Saúde].
Sempre ao lado do avô durante esta homenagem, Ricardo Trêpa afirmou: “Acima de tudo, o meu avô quer viver. É muito difícil recuperar totalmente de todas as dificuldades de saúde que ele já teve… Mas ele não desiste e quer continuar a viver e a amar.
Neste dia de homenagem, foi ainda exibido nas escadarias da Assembleia o filme Aniki-Bobó, realizado por Manoel de Oliveira em 1942.
Assembleia da República presta homenagem a Manoel de Oliveira
O cineasta de 103 anos apareceu pela primeira vez em público depois de ter estado internado.