“Com a morte de Margaret Thatcher,
desapareceu um dos grandes estadistas do século XX.
Ideologicamente, poderá discordar-se de
várias das posições que assumiu, nomeadamente quanto ao capitalismo popular e à
forma de o implantar, mas não há dúvida de que marcou as décadas de 70 e de 80
e restituiu ao Reino Unido parte do prestígio perdido.
Tive ocasião, como Primeiro-ministro de
Portugal, de com ela contactar e negociar, visitando-a no 10 de Downing Street
e posso asseverar que Portugal contou com o seu apoio para a nossa adesão à
então C.E.E.
Impressionou-me, na altura, o autoritarismo
como liderava a sua equipa durante as conversações.
Também durante o meu tempo como Chefe do
Governo e durante a guerra das Falklands (ou Malvinas, como quisermos),
Thatcher solicitou a aterragem de aviões britânicos nos Açores, invocando a
aplicação do velho tratado da Aliança celebrado no século XIV. Essa
autorização foi-lhe concedida e penso que Londres nunca o esqueceu.
É interessante assinalar que Margaret
Thatcher, a primeira mulher a ser Primeiro-ministro no seu país, acabou por não
completar o seu terceiro mandato, em parte por ter exagerado nas suas críticas
ao que, desde 1992, passou a ser designado por União Europeia.
Essa posição fez escola no Reino Unido e
estará na origem do referendo que Cameron anunciou ir realizar”.
Francisco Pinto Balsemão
Francisco Pinto Balsemão reage à morte de Margaret Thatcher
O presidente do Grupo Impresa contactou diretamente com a 'Dama de Ferro' na qualidade de primeiro-ministro de Portugal, entre 1981 e 1983.