No ano em que comemora os
seus 50 anos de carreira e depois de alguns espetáculos, Carlos do Carmo
esgotou o Centro Cultural de Belém, num concerto partilhado com a Orquestra
Sinfónica Portuguesa e a harmónica de António Serrano. Durante quase
duas horas, muitos foram os temas recordados pelo fadista e por uma legião de
fãs de todas as gerações. “Estava muito nervoso, como sempre, mas bastante
feliz, pois todas as pessoas estavam numa sintonia de afetividade inesquecível.
Às vezes não é bem a questão do aplauso que está em causa, mas sim a forma como
o silêncio influencia o modo como se ouve e como se deixa que as almas se
liguem. Para mim, isso tem muito mais significado agora, até porque canto para
quatro gerações”, contou o fadista no final do espetáculo.
Nos bastidores, como tem feito ao longo de todo o seu casamento, Judite do
Carmo revelou que é habitual ajudar a tranquilizar o marido antes dos
espetáculos, pois ele ainda fica nervoso: “Não consigo estar na sala como
uma mera espectadora e prefiro ficar nos bastidores. O Carlos fica sempre muito
nervoso e eu também gosto de tranquilizá-lo. Gosto que ele fique sossegado,
fale com pouca gente e certifico-me de que tudo corre de uma forma serena.
Destes 50 anos, 49 são meus e sei que também faço parte deste sucesso.”
Camané, que em criança já escutava em casa as músicas de Carlos do
Carmo, contou que, à semelhança de Amália Rodrigues e Alfredo
Marceneiro, o fadista faz parte das suas raízes como artista: “O Carlos
é a grande referência viva do fado, da altura dos anos de ouro do fado. É uma
das minhas bases e referências mais próximas. Ele tem uma capacidade de se
renovar e reinventar a si próprio de uma forma fantástica. Está sempre a
surpreender-nos e acho que o melhor ainda está para vir.”
António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, estava
entusiasmado no fim do espetáculo: “Sou fã do Carlos e gostei muito do
espetáculo. Gosto de fado, gosto muito dele e esta combinação com a orquestra e
a harmónica mostrou a grande polivalência que o fado tem, mas também que o
Carlos dá ao fado.”
Carlos do Carmo encanta no CCB
O fadista comove plateia ao recordar 50 anos de carreira