Ao longo de 40 anos de
carreira, foram muitos os papéis que Rita Ribeiro interpretou em peças
de teatro, musicais, cinema e televisão. Mas desengane-se quem achar que já a
viu fazer de tudo. Gisberta, que esteve em cena em fevereiro no teatro
Rivoli, é o seu primeiro monólogo. Trata-se da história real de uma mãe cujo
filho foi brutalmente assassinado por 14 adolescentes. Oito anos após a morte
da transexual Gisberta, que foi submetida a três dias consecutivos de
violência física e psicológica, a história de Angelina, a mãe, é trazida
à cena por Rita, que espera “não deixar cair no esquecimento a história de
Gisberta, e de todas as Gisbertas, e fazer com que mães e pais passem a ter
outra perceção das opções dos filhos”.
A viver um momento de paz e harmonia, a atriz fala com orgulho da família que
construiu. Bisavó aos 58 anos, Rita tem nas filhas, Joana e Maria,
nos netos, Gonçalo e Tiago, no bisneto, Salvador, e na
mãe, Maria José, as bases da sua vida. Maternal, diz que “gostava de
ser lembrada por ser bonita, como na música Você É Linda, de Caetano
Veloso, e também por ter feito a diferença na vida de algumas pessoas”.
– O regresso aos palcos portuenses, com um monólogo, foi um grande desafio?
Rita Ribeiro – Há muito tempo que ambicionava fazer um espetáculo como
este. Por vezes, durante a vida, perdemos as pessoas porque as queremos
controlar e moldar. E esta peça retrata um pouco isso de forma ficcionada. Esta
mãe perdeu um filho em vida, e voltou a perdê-lo na morte, o que dá origem a um
grande vazio e muito arrependimento. Mas não se fala só disso neste espetáculo,
a história é um pretexto para falar de sentimentos, do amor filial. Para mim
foi uma grande aprendizagem fazer este espetáculo, como creio que é para quem o
vê. Estou grata pela minha vida, que é muito bonita, mesmo com momentos de
tristeza. Este espetáculo fez-me
valorizar o amor que tenho à minha volta e que sinto pelas minhas filhas.
– E como estão elas?
– A Maria está quase a fazer 17 anos, é uma mulher linda em todos os
aspetos e uma amiga incondicional. Está a estudar para ser educadora de
infância, e à noite está a tirar teatro e televisão. A Joana herdou a minha
paixão pela restauração, assim como os meus netos, e foi avó há seis meses. O
meu bisneto é o nosso sol e veio lembrar a toda a família o encanto que é a
vida. O ano de 2013 foi muito importante para mim, porque aconteceu quase
tudo. A minha mãe esteve doente, mas já melhorou, e houve uma grande
aproximação da família. No ano passado também viajei com as minhas filhas pela
primeira vez. Fomos à Disney e foi a melhor prenda que poderia ter recebido
depois de um ano tão intenso. Agora, espero que 2014 seja um ano para uma boa
colheita, porque já semeei muita coisa e sinto que está na hora de começar a
colher.
– Sente-se disponível para voltar a amar, para deixar entrar alguém na sua
vida?
– Nunca deixei de amar, mas nos últimos anos estive a aprender a amar-me e tudo
o que vier agora é para complementar esta tranquilidade e alegria. Portanto,
sim, estou disponível para deixar alguém entrar na minha vida, para a colorir
ainda mais.
– Essa tranquilidade de que fala é o segredo para a sua boa forma aos 58
anos?
– Não só, também faço psicoterapia, meditação, ioga e muitas caminhadas que me
ajudam a encontrar o equilíbrio. Cada vez mais tenho a certeza de que os nossos
pensamentos são altamente tóxicos e, se deixarmos, a mente pode controlar a
nossa vida. Por isso, tenho de estar atenta e não deixar que nada nem ninguém
me desestabilize. Quando fiz 40 anos comecei a sentir que tinha de mudar a
minha vida e só havia dois caminhos: um muito melhor e outro muito pior. Quando
a vida está sempre em mudança, temos de dançar conforme a vida vai dançando
connosco. Essa é a grande inteligência emocional, a de nos conseguirmos adaptar
e mudar. Essa flexibilidade reflete-se no aspeto exterior, leva-nos a aceitar
desafios e a querer mudar. Se nos acomodarmos, verbo que detesto, somos
abafados, a vida suplanta-nos. E a vida é uma coisa tão bela!
Rita Ribeiro abre o coração: “Estou disponível para deixar entrar alguém na minha vida”
“Espero que 2014 seja um ano para uma boa colheita, porque já semeei muita coisa e sinto que está na hora de começar a colher”, afirma a atriz.
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