Veio a Portugal no dia 21 de fevereiro, para cantar poemas de amor do chileno Pablo Neruda no Grande Auditório do CCB, e foi a propósito deste regresso ao nosso país que Ute Lemper falou com a CARAS. A cantora alemã respondeu por e-mail a todas as nossas questões e, aos 50 anos, mostrou estar de bem com a vida. A residir em Nova Iorque, foi casada uma primeira vez com o ator David Tabatsky, pai dos seus dois filhos mais velhos, Max, de 19 anos, Stella, de 17, e desde há 15 anos que vive um amor sólido com o produtor Todd Turkisher, de quem tem também dois filhos, Julian, de oito, e Jonas, de quase três. E foi sobre a sua vida pessoal que incidimos nesta entrevista, já que a carreira desta talentosa artista, que já interpretou Jacques Brel, Kurt Weill, Astor Piazzolla ou Edith Piaf, está devidamente documentada.
– Tinha 31 anos quando foi mãe pela primeira vez e 47 quando nasceu o seu filho mais novo. Como é que se vive a maternidade numa e noutra idade?
Ute Lemper – Foi muito mais difícil com 31! O primeiro bebé foi um choque, mas também um maravilhoso acordar para um mundo diferente. Descobri a mais bonita e incondicional forma de amar. E isso é a mais simples e eterna maravilha da minha vida. Adoro a minha vida com crianças, é de doidos, muito cansativa, mas animada. O meu último filho é muito fácil e sinto que nasceu numa grande família. Sou muito organizada a cuidar deles e tento ajudá-los em tudo.
– E quando anda em digressão, como é que faz, sobretudo com os seus filhos mais novos? Ainda precisam de muita atenção…
– Conto com o meu marido, uma maravilhosa babysitter, a minha sogra e outras ajudas. E claro que o irmão mais velho e a irmã ajudam sempre que podem. Mas por vezes sinto-me triste quando ando na estrada. Adoro estar em casa, mas também adoro o que faço, é definitivamente um conflito complicado de gerir!
– Os mais velhos gostam de a acompanhar?
– Os meus filhos mais velhos vão comigo bastantes vezes, aliás, fizeram-no também durante a infância, têm muitos carimbos no passaporte. Só o mais novo é que não tem andado muito comigo à volta do mundo. É muito difícil tratar deles em locais com fusos horários diferentes. É muito cansativo. Era mais fácil quando eu era mais nova.
– A adolescência deles é vivida com tranquilidade?
– Sim, os meus dois filhos adolescentes são fáceis e muito terra-a-terra. Tenho uma relação muito liberal com eles. Cresceram em Nova Iorque com uma grande confiança e com uma educação de âmbito mundial e o normal conhecimento acerca das políticas no mundo. Têm uma grande maturidade, são pessoas fantásticas e inteligentes. Eles são os meus grandes amigos.
– Com a idade deles já cantava em bares. Eles vão pelo mesmo caminho ou a juventude deles é completamente diferente da sua?
– Os meus filhos não têm uma grande paixão pela música. Gostam de música, mas não têm qualquer pretensão de ser artistas. Estudam ciências políticas, francês, e pode ser que a minha filha queira estudar medicina.
– Trouxe um espetáculo a Portugal no qual interpretou poemas de Pablo Neruda. Poemas de amor. Que significado tem o amor na sua vida?
– Sinto que preciso de muito amor na minha vida. Do amor da minha família, do meu marido, dos meus amigos e da música. O amor é a chama da vida.
– Vive intensamente o amor?
– Intensamente, sempre. Mas o amor também pode ser muito destrutivo. É a mais inspiradora, mais criativa e também a mais devastadora força da vida. Mas quando uma relação chega a um momento mais pacífico, com confiança e amizade, é maravilhosa e mais duradoura. Há conflitos, e é muito difícil o homem e a mulher darem-se sempre bem, por isso é bom haver momentos de separação, para se redescobrirem e perceberem o que cada um significa para o outro na sua vida. O casamento dá trabalho.
– Tem 50 anos. É uma altura de traçar novas metas e de fazer balanços?
– É um período interessante de reflexão, de nos focarmos no que realmente é mais importante na vida. O tempo passa muito depressa, mas, felizmente, a minha vida é muito rica em emoções. Rica na música e na criatividade, no amor, no cuidar, nas preocupações e até nos problemas normais do dia-a-dia. Cada capítulo da minha vida é o resultado de muito trabalho, semeei muitas plantas e agora tenho de tomar conta delas agora.
– Lida bem com a sua imagem?
– Ainda me sinto bonita e elegante…
– Chegou a hora de amenizar rugas e de fazer desaparecer gorduras localizadas?
– Nunca fiz isso. Preciso da minha cara natural para expressar a verdade e mostrar a alma.
Ute Lemper: “Aos 50 anos ainda me sinto uma mulher bonita e elegante”
A cantora alemã deu uma entrevista exclusiva à CARAS onde fala do amor pelo marido e pelos quatro filhos.