Às vezes – muitas vezes mesmo – o destino tem destas ironias: quando, aos 70 anos, Mick Jagger, indiscutivelmente o mais feio dos sex symbols masculinos, parecia ter posto um fim à sua carreira de sedutor compulsivo, mantendo há quase 13 anos uma relação aparentemente estável e feliz com a estilista e ex-modelo L’Wren Scott, de 49, esta pregou-lhe a partida de se suicidar sem deixar sequer uma nota de despedida.
No passado dia 7, Mick estava a jantar num restaurante de Perth, na Austrália, país onde se preparava para dar vários concertos, no âmbito da Onfire Tour (a digressão de despedida dos Rolling Stones, que passará pelo Rock in Rio Lisboa a 29 de maio), quando recebeu a notícia. Pouco depois, o porta-voz do músico divulgou um comunicado em que negava que Mick e L’Wren tivessem terminado a relação, como se especulou nesse dia, e revelava que o vocalista dos Stones se encontrava “em choque e devastado”. No dia seguinte, o próprio daria conta da sua consternação na sua página do Facebook, num doloroso post: “Ainda estou a tentar compreender como é que o meu amor e melhor amiga pôde pôr fim à vida desta forma trágica. Passámos juntos muitos anos maravilhosos e tivemos uma vida fantástica (…) Nunca a esquecerei.”
Esta despedida pública de Jagger revela que por detrás da imagem de D. Juan empedernido que construiu ao longo dos anos se esconde, afinal, a alma poética tantas vezes revelada nas letras das canções que escreveu. Mostra um homem que nem sequer tem medo de falar dos seus sentimentos, como aliás já ficara provado em dezembro de 2012, quando a modelo, cantora e atriz americana Marsha Hunt (mãe da filha mais velha de Mick, Karis, e inspiradora do álbum dos Stones Brown Sugar) leiloou uma dezena de apaixonadas cartas que ele lhe escreveu no verão de 1969.
Um lirismo que não se coaduna de todo com o estilo de vida sex & drugs & rock’n’roll que o músico manteve: estima-se que Jagger se terá envolvido sexualmente com mais de quatro mil mulheres. A maioria delas, naturalmente, não passou de one night stands ou casos muito passageiros. Muitas eram anónimas, mas também houve várias famosas: da lista constam nomes como os das cantoras Linda Ronstadt e Carly Simon, da atriz Angelina Jolie ou da ex-modelo e cantora Carla Bruni (então com 23 anos, a atual Sr.ª Sarkozy namorava com outro ícone da música, Eric Clapton, que quando a apresentou a Jagger lhe pediu para não se meter com ela, pois estava mesmo apaixonado. Não resultou: Bruni encantou-se por Jagger e foi atrás dele, assumindo depois que ficou destroçada quando este a deixou após um breve caso).
Algumas, porém, estiveram tempo suficiente ao lado de Mick para fazerem história. Foi o caso da modelo americana Jerry Hall, sua segunda mulher e mãe de quatro dos seus sete filhos, com a qual viveu 23 anos. Um amor que sobreviveu a dezenas e dezenas de infidelidades, mas que não superou a revelação de que Mick engravidara a modelo brasileira Luciana Gimenez pouco depois de Jerry ter tido o quarto filho.
A primeira relação duradoura que Mike teve foi com Chrissie Shrimpton, que conheceu em 63, quando tocou com os recém-formados Rolling Stones num bar de Windsor. Ela tinha 17 anos e era secretária, ele tinha 19 e era estudante de Economia. Chegou a falar-se em casamento, mas tudo acabou em finais de 66, quando Chrissie descobriu que Mick se envolvera com a cantora Marianne Faithfull (que ainda era casada) e fez uma tentativa de suicídio com comprimidos.
Quatro anos depois, em maio de 70, Faithfull faria o mesmo quando o ex-marido lhe tirou a custódia do filho e Mick a trocou por Marsha Hunt. Nessa mesma época, o cantor ter-se-á envolvido com a atriz alemã Anita Pallenberg, que tinha tido um caso com um dos fundadores dos Rolling Stones, Brian Jones, que morreu em 1969, e já namorava com Keith Richards, com quem se casou e teve dois filhos.
Em finais de 1970, numa festa em Paris, Mick cruzou-se com a belíssima nicaraguense Bianca Macías. Casou-se com ela, em Saint-Tropez, em maio seguinte, cinco meses antes do nascimento da sua filha em comum, Jade Jagger (que se tornou uma modelo famosa). Separaram-se em 1977, quando Mick se envolveu com Jerry Hall (que ‘roubou’ a Brian Ferry, dos Roxy Music).
Bianca, que alegou esta infidelidade do marido para se divorciar, disse um dia que o seu casamento acabou no dia em que começou. Assim parecem ter sido quase todos os amores de Mick. O que viveu com L’Wren, esse, parecia finalmente “o tal”.
Aos 70 anos, Mick Jagger vive um momento trágico da sua saga amorosa
Estima-se que Jagger se tenha envolvido sexualmente com mais de quatro mil mulheres, mas também teve amores duradouros, nomeadamente com L’Wren, com quem viveu 13 anos, e com Jerry Hall, com a qual partilhou 23 anos.