Uma parede, um escadote,
um sofá e pétalas. Poucos adereços, mas os suficientes para fazer brilhar Luísa
Barbosa, que, com um sorriso cativante, tomou conta do cenário. Fácil de
fotografar, ou não tivesse ela começado a sua carreira no mundo da moda, foi
também em três tempos que conversámos com a nova cara da SIC que se juntou a Rita
Andrade, Iva Lamarão, Cláudia Borges e Vanessa Oliveira na
apresentação do programa Fama Show. E embora esta não seja a primeira
entrevista que dá à CARAS, relembramos na mesma o seu trajeto: nasceu em
Coimbra há 32 anos, veio para Lisboa para continuar os estudos, escolheu
Direito e hoje é advogada de formação. Modelo da Central Models, fez trabalhos
de publicidade e um dia, ao ser selecionada para Video Jockey da MTV,
decidiu trocar as leis pelo entretenimento e tem pautado o seu trajeto
televisivo pela discrição. Mora sozinha, ou melhor, com duas gatas que são as
estrelas da sua página de Facebook, e ser mãe faz parte dos seus planos.
Quando? Pois é isso mesmo que vamos começar por saber.
– Sempre disse que ser mãe era um desejo. Acha mesmo que as mulheres têm de
abdicar de crescer profissionalmente para se tornarem mães?
– Não. Acho que ser mãe dá trabalho, tal como a profissão ou a nossa casa,
é uma questão de encontrar um equilíbrio. Felizmente a sociedade, o mundo
profissional e os homens já começaram a perceber que há mulheres que conseguem
fazer tudo isso e também porque os pais começam a estar cada vez mais presentes
e a partilhar cada vez mais as tarefas que têm a ver com os filhos.
– E ainda não é mãe porque não se sente mesmo preparada ou porque ainda não
encontrou o pai ideal?
– As duas coisas [risos]. Mas principalmente porque não me sinto preparada!
– Receia que um dia que esteja preparada para ser mãe corra o risco de não
conseguir concretizar esse desejo no imediato?
– Posso nunca me sentir preparada. Depois, se for mãe, quero focar-me completamente
nesse papel, vou querer ser a melhor mãe do mundo. Neste momento estou focada
na minha carreira profissional. E também pode não fazer parte do meu trajeto
ser mãe… Eu vivo um dia de cada vez.
– O que é que a faz feliz?
– Estar bem comigo, com os meus amigos e família, tudo isso é importante
para ter uma vida equilibrada.
– Tem amigos para a vida?
– Sim, sou muito amiga dos meus amigos. Se me desiludem não sei se terão
oportunidade de o fazer outra vez.
– Como alimenta as suas amizades?
– Eu faço-os rir e eles fazem-me rir…
– Rir é o melhor remédio…
– [risos] Sem dúvida! Os amigos são aqueles com quem damos as maiores
gargalhadas e que também estão lá nos momentos em que estamos menos bem. Acho
que me tenho rodeado das pessoas certas.
– Mora sozinha?
– Moro sozinha desde os 23 anos. Sou extremamente organizada, nem sempre
sou arrumada, mas sei onde está tudo. [risos]
– Acha que viver muito tempo sozinha dificulta uma vida em comum?
– Não sei, ainda não me aconteceu! Mas suponho que sim. No entanto, as
minhas duas gatas ajudam-me a não chegar a um ponto de ser
obsessivo-compulsiva. [risos]
– Cozinha bem?
– O suficiente. Adoro fazer doces, mas como moro sozinha depois corro o
risco de comê-los sozinha e não posso, tenho de manter a linha…
– Que cuidados tem com o corpo?
– Tenho apenas os cuidados que depois se refletem na minha boa forma, mas
são sobretudo para me sentir bem psicologicamente e de saúde. Sempre tive
cuidados com a alimentação. Gosto de uma alimentação saudável, mas como de tudo
desde farinheira, no cozido à portuguesa, a musse, só não o faço todos os dias.
Sou muito interessada em nutrição e nos alimentos que nos fazem bem. Nós somos
mesmo o que comemos e isto não é uma metáfora, é mesmo literal. Faço exercício
físico desde muito nova, treino com um personal trainer. E só me
maquilho se tiver de trabalhar, não o faço no dia-a-dia, não durmo maquilhada,
uso creme hidratante todos os dias e bebo muita água.
– Até aqui, e sem querer menosprezar os projetos em que tem estado envolvida,
não tem tido grande visibilidade. Tem noção de que este programa lhe dará uma
projeção maior?
– Não sei como lidarei com essa questão da visibilidade e com a curiosidade
que eu possa vir a suscitar, mas a minha vida é muito aborrecida, acho que vou
desapontar as pessoas e as revistas. [risos] Ser famosa não é o meu objetivo, o
meu objetivo é fazer coisas de que me orgulhe, fazer o meu trabalho, construir
uma carreira com cautela, com alicerces primeiro e depois erguer paredes
fortes.
– São todas mulheres bonitas neste programa… Trabalhar com mulheres
causa-lhe alguma estranheza?
– As mulheres estão cada vez melhor no mundo profissional e temos ali
quatro grandes exemplos disso, mulheres, mães e profissionais. Eu tenho tanto a
aprender com elas e elas têm sido tão fantásticas no sentido de me integrarem
que não sinto estranheza nenhuma.
– Que mudanças é que o Fama Show trouxe à sua vida?
– [risos] Comprei carro! Tinha carta e conduzia, mas moro no centro de
Lisboa, gosto de andar a pé, não tenho problema em andar em transportes
públicos e sou grande fã de táxis, por isso, nunca tinha comprado carro. Agora,
com as deslocações diárias para a SIC, que fica em Carnaxide, senti necessidade
de o fazer. De resto, há a questão do ritmo de trabalho, que é diferente do que
tinha, mas como gosto da ausência de rotinas, foi mais uma mudança bem-vinda.
– É um programa em que a imagem das apresentadoras conta. É escrava da sua
imagem?
– Acho que não sou e quem me conhece também dirá que não. Mas tenho perfeita
noção da importância da imagem e seria irresponsável trabalhar à frente das
câmaras e ignorar esse aspeto.
– Mas como mulher também gosta de estar bem…
– Sim, claro, dá-me prazer cuidar de mim, saber se estou bem e sentir-me
bem. E se alguém disser o contrário está a mentir. Depois, depende é o que isso
significa para cada um.
Luísa Barbosa: “Ser famosa não é um objetivo”
É descontraída, organizada, mas não muito arrumada e é com garra que desbrava caminho rumo à felicidade. Este é o retrato breve da nova cara do ‘Fama Show’.