Há 13 anos, Lara
Martins entrou na Guildhall School of Music and Drama, em Londres, onde
terminou o Curso Superior de Canto com a mais alta classificação. Atualmente,
a cantora lírica, natural de Coimbra, sobe todos os dias ao palco do Her
Majesty’s Theatre, em Londres para interpretar o papel de Carlotta Giudicelli
em O Fantasma da Ópera. Em Portugal para atuar no Teatro São Carlos,
Lara, de 36 anos, casada com o arquiteto francês Sebastian Pollet, de
42, e mãe de uma filha de três anos, Matilde, contou como tem vivido
esta experiência e como concilia a carreira com a família.
– Sempre quis ser cantora?
Lara Martins – Comecei a ouvir música clássica muito cedo, com o meu pai,
mas nunca pensei fazer carreira da música ou ser cantora lírica, aconteceu por
acaso. Nunca foi um sonho. Entrei no Conservatório, as coisas foram progredindo
e tornou-se uma paixão que foi crescendo. Hoje não me imagino a fazer outra
coisa.
– Vive em Londres há 12 anos. Por que decidiu emigrar?
– Sucedeu a uma série de acontecimentos: estudava no Conservatório em
Coimbra e fui fazer uma masterclass com uma cantora inglesa. Ela sugeriu
que prestasse provas de entrada para as escolas superiores de música inglesas.
Fiz, entrei e mudei-me para Inglaterra aos 21 anos. Claro que no início não foi
fácil, estava sozinha numa escola altamente competitiva, mas tudo foi
melhorando aos poucos. Neste momento Londres já é a minha casa, sinto-me muito
bem. Foi lá que amadureci e cresci.
– E agora faz O Fantasma da Ópera. Como surgiu essa oportunidade?
– Há três anos fiz uma audição para o papel. Cheguei à fase final, mas
descobri que estava grávida e não me pude comprometer. Disseram-me que quando o
papel voltasse a estar disponível me contactavam, e assim foi. Fiquei com o
papel em setembro de 2012.
– Como concilia o papel de mãe com as noites de trabalho?
– É muito difícil. Temos uma ama a viver em nossa casa, já que as creches
não funcionam com os meus horários [risos].
– O seu marido, arquiteto, terá horários mais normais. Como mantêm a saúde
da relação?
– Não é fácil, pois quando ele sai de casa eu estou a dormir e quando chego
está ele [risos]. Mas tentamos aproveitar ao máximo o pouco tempo que temos
juntos. Há um entendimento muito grande entre nós.
– Fazer um musical é diferente do que fazia como cantora lírica. Foi fácil a
adaptação?
– Hoje em dia já há uma componente dramática e teatral muito grande nos
espetáculos de ópera, mas claro que no teatro musical isso é mais marcado.
Agrada-me bastante, pois a parte teatral sempre me despertou muito interesse.
Este é o meu primeiro trabalho, mas gostava muito de continuar.
– Londres é uma das cidades mais reconhecidas pelos seus musicais. Sente-se
afortunada?
– Claro que sim, por todas as oportunidades que tenho na vida. Tive a sorte
de começar logo no sítio certo, com um papel principal num dos espetáculos com
mais sucesso do mundo do teatro musical. É sabido que o talento não basta e na
minha profissão a sorte é um fator muito importante. Tive sempre ótimas
oportunidades, mas esta vida também exige muitos sacrifícios. Não é fácil.
Lara Martins, uma portuguesa que conquistou Londres com a sua voz
Aos 36 anos, a cantora lírica é uma das protagonistas do musical ‘O Fantasma da Ópera’, no Teatro Her Majesty’s, em Londres. Em Lisboa, falou desta experiência.