Um dos atores mais consagrados do Brasil, António Fagundes, de 64 anos, está em Portugal com o filho mais novo, Bruno, de 25, fruto do seu casamento já terminado com a também atriz Mara Carvalho. Juntos, vão participar em Tribos, “comédia perversa” em cena de 10 a 28 de setembro 2014 no Teatro Tivoli BBVA e a 3 e 4 de outubro no Coliseu do Porto. O veterano ator, que já tem 49 anos de carreira, partilhou esta conversa com o filho, e juntos falaram da paixão pela representação e da forma como se sentem felizes por levar a ligação próxima que têm para o palco.
– Depois do sucesso desta peça em São Paulo, decidiram trazê-la para Portugal…
António Fagundes – É a terceira vez que venho com teatro para Portugal, é um público maravilhoso e não podíamos deixar de trazer este espetáculo para cá. Este país é extraordinário e como vamos andar em tournée vamos aproveitar também para dar um passeio.
Bruno Fagundes – Esta é a minha primeira vez com um espetáculo, mas sempre foi um sonho que tive e que até achava ousado demais. Acompanhei o meu pai nas peças anteriores que ele trouxe para cá e ficava sempre com vontade de fazer o mesmo. Por isso, estou muito feliz.
– Em palco, conseguem esquecer que são pai e filho?
– É muito fácil, porque temos um objetivo comum e muito claro: o bem do espetáculo. Somos os dois muito rigorosos e apaixonados pelo que fazemos e acho que dessa forma não tem erro, pois lutamos por um bem comum. Conjugamos muito bem a nossa relação pessoal com a profissional.
– O António não se torna mais exigente com o Bruno?
António – Não preciso, ele é muito exigente com ele próprio e para mim isso foi uma grata surpresa, pois conhecia o filho, mas não o profissional. Ele é tão apaixonado pelo teatro quanto eu e é mesmo muito disciplinado e atento.
– Bruno, é difícil ‘carregar’ o apelido do seu pai?
Bruno – Acho que não. Irei sofrer sempre essa pressão, mas isso não me preocupa, porque o mercado seleciona as pessoas que devem ou não trabalhar e eu dedico-me muito ao que faço. Sou muito chato com a minha profissão, até porque quero viver dela o resto da minha vida. Faço o meu trabalho humildemente e estou a construir o meu espaço, independentemente de ser filho de quem sou.
António – O mercado é cruel e ao mesmo tempo funciona com alguma justiça. Não temos de nos preocupar com isso, porque quem não é bom não vinga, não interessa de quem é filho.
– Calculo que seja um orgulho ver um filho seguir os seus passos…
– O mais saboroso foi exatamente vê-lo a deslocar-se de mim, a fazer o seu próprio percurso. O primeiro espetáculo que fizemos juntos foi um susto para os dois, porque não sabíamos se daria certo. Mas deu e, por isso, resolvemos trabalhar juntos de novo. Tenho mais três filhos e sempre os estimulámos a aprender várias coisas, andaram em aulas de canto, de música, pintura… Queríamos abrir-lhes as possibilidades de escolha e o único que quis seguir este caminho foi o Bruno. E ainda bem, porque ele tem talento.
– Com uma carreira tão intensa, conseguiu ser um pai presente?
– Acho que sim, mas não sei se os meus filhos concordam [risos]. Sempre fiz muita questão de estar com eles e mesmo agora, que eles já são adultos, fazemos uma viagem só os cinco uma vez por ano, para estarmos completamente dedicados uns aos outros.
Bruno – A vida dos meus pais sempre foi muito turbulenta por motivos profissionais e eles sempre fizeram questão de estarmos todos juntos. Isso foi muito bom e talvez tenha sido o que plantou em mim a paixão pela representação.
– Como é a vossa relação?
– Maravilhosa. Foi a nossa boa relação que fez com que conseguíssemos trabalhar juntos. Ele é o meu cúmplice, companheiro, amigo e é maravilhoso dividir o palco com ele.
António Fagundes sobe aos palcos portugueses com o filho mais novo
O César da novela “Amor à Vida” e o filho, Bruno, falam da sua ótima relação pessoal e profissional.