Paulo Cardoso, de 61 anos, é conhecido pelo seu trabalho como astrólogo. Mas há muito mais por detrás deste homem. Pintor, escritor, cenógrafo e com formação académica em Química, Paulo tem muitos ofícios e há oito anos decidiu enveredar por mais um ao criar o espaço Entremaremar, um turismo rural entre o Cabo Espichel e o Meco, uma das suas zonas de eleição. Porque o seu sucesso como astrólogo é reconhecido, Paulo Cardoso passa a assinar semanalmente o horóscopo da CARAS já a partir desta edição. O astrólogo assinará ainda, a partir do dia 19 de novembro e durante quatro semanas consecutivas, quatro livros que serão distribuídos gratuitamente com a nossa revista, cada um dedicado a um tema específico: o primeiro será um guia do amor, o segundo sobre trabalho e dinheiro, o terceiro tem por tema o bem-estar e o último terá uma abordagem mais geral sobre a astrologia.
Foi no seu espaço dedicado ao turismo rural que Paulo Cardoso nos recebeu e contou como esta nova fase lhe tem trazido tantas coisas boas. O astrólogo falou ainda das saudades que sente do filho Ricardo, de 33 anos, fruto do seu casamento de três décadas, já terminado, com a soprano Helena Vieira, e do neto, Santiago, de quatro.
– Como surgiu a paixão pela astrologia?
Paulo Cardoso – Surgiu após uma série de tentativas de realização em várias áreas. Passei pela química, pela física nuclear e sempre gostei muito de números. Foi este trajeto académico que me ajudou em muitas das coisas que fiz. Mas a verdade é que me sentia insatisfeito com o que fazia e sentia uma vocação para uma área mais estética e humana. Passei pela Escola Superior de Belas Artes e pelo Conservatório. Tudo isto na tentativa de encontrar aquilo que procurava. Inesperadamente, em 1976 começo a interessar-me por astrologia através de uma amiga que tinha descoberto um livro que ensinava a fazer os cálculos astrológicos. Sempre tive alguma simpatia pelos signos e aquilo passou a fazer-me algum sentido. Fiquei embasbacado com tudo e encantado por perceber como era possível que a minha data de nascimento falasse com tanto rigor sobre mim. Percebi que ali estaria um filão e que as potencialidades da astrologia eram imensas.
– Calculo que nessa altura não se falasse muito de astrologia…
– As pessoas sabiam os seus signos e pouco mais, não se falava de astrologia nem de ascendentes. Nessa altura estas coisas pagavam-se caro e foi muito difícil, até para encontrar livros, pois não havia quase nada. Tinha de pedir para me trazerem de Paris ou de Londres. Mas sou persistente e quando sou apaixonado não largo, por isso não desisti. Rendi-me, acabei por fazer disto profissão e em pouco tempo tinha o meu dia preenchido com consultas.
– Na sua vida rege-se pela astrologia?
– Durante muitos anos, sim, até porque gostava de ‘testar’ aquilo que estava a fazer. A partir de certa altura, e com o volume de trabalho, deixei de ter tempo para isso. Depois, já conheço tão bem o meu horóscopo que tudo é automático, pois ao saber a posição dos astros sei a influência que eles terão em mim.
– Como têm sido estes 35 anos de carreira?
– Sou um bocadinho outsider e aquilo que faço não se faz muito em Portugal, já que tento conciliar as minhas variadíssimas vocações. E na realidade aquilo que me dá mesmo mais prazer é a pintura, uma carreira que tenho há 40 anos, mas que é mais reconhecida no estrangeiro. Aqui em Portugal tenho a sensação de que por ser astrólogo fui sacrificado na pintura. A minha carreira faz-se entre o prazer da pintura, o dever da astrologia e o prazer e o dever da escrita. Parecendo que não, já escrevi perto de 40 livros.
– E está a escrever outro…
– Sim, é uma continuação do trabalho que faço há 30 anos sobre o astrólogo Fernando Pessoa. Será o quarto livro sobre esse assunto.
– E agora decidiu dedicar-se ao turismo rural…
– Venho para o Meco há uns 40 anos e sempre disse que quando fosse grande gostava de ter uma casa aqui [risos]. Há uns oito anos andava a ver se arranjava um terreno e apareceu exatamente o que eu queria, com vista para o mar e um determinado número de características… Endividei-me para conseguir comprá-lo e depois para conseguir construir uma casa bonita. Mais tarde, percebi que só poderia sobreviver se fizesse uma casa que desse em turismo rural. É uma guest house com uma sala para recitais, onde tudo é inserido na natureza. Estou muito apaixonado por este local. Aqui há uma vertente ecológica, a energia vem dos painéis solares, a água é tirada da terra com um furo, não tenho praticamente resíduos. Tenho um pomar, faço compotas para os hóspedes, é um pouco como receber essas pessoas na minha casa.
– E num espaço assim há mais tranquilidade para trabalhar?
– Muito mais.
– Mudando de assunto, o Paulo já é avô e agora vive afastado da sua família…
– Sim, é verdade, e sinto-me um bocadinho desconsolado. O meu filho, nora e neto foram viver para o Porto há um ano e eu não tenho muita facilidade em lá ir. Agora sinto-me como se fosse meio avô.
– Como lida com essa distância do seu filho?
– Com alguma mágoa. Quando temos filhos achamos sempre que vamos estar o mais próximo possível deles, mas se eu olhasse para o horóscopo já sabia que isso ia acontecer, pois o planeta da casa 5 é muito independente [risos.] Mas pronto, a vida é assim…
– Estando aqui e com a idade que tem, alguma vez se sente sozinho?
– Não, nunca. Tenho muitos animais que me fazem companhia e muitos afazeres.
Paulo Cardoso: “Tenho a sensação de que por ser astrólogo fui sacrificado na pintura”
A partir desta semana o astrólogo, que nos recebeu em sua casa, assina na CARAS a previsão do horóscopo.
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