Despertar consciências para o problema da violência doméstica é o objetivo do videoclipe que será lançado esta semana a propósito da comemoração dos 25 anos da APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.
Rodrigo Guedes de Carvalho é não só autor da letra e música da canção, mas também ‘pai’ da ideia, já que acabou por ser o jornalista o grande dinamizador deste projeto, para o qual contou com o apoio incondicional de oito vozes femininas portuguesas, que dão vida ao tema
Cansada:
Aldina Duarte,
Ana Bacalhau,
Cuca Roseta,
Gisela João,
Manuela Azevedo,
Marta Hugon,
Rita Redshoes e
Selma Uamusse.
Rodrigo Guedes de Carvalho é não só autor da letra e música da canção, mas também ‘pai’ da ideia, já que acabou por ser o jornalista o grande dinamizador deste projeto, para o qual contou com o apoio incondicional de oito vozes femininas portuguesas, que dão vida ao tema
Cansada:
Aldina Duarte,
Ana Bacalhau,
Cuca Roseta,
Gisela João,
Manuela Azevedo,
Marta Hugon,
Rita Redshoes e
Selma Uamusse.
A CARAS acompanhou este encontro entre cidadãos unidos numa só voz para quebrar o silêncio de uma problemática que está, de forma assustadora, muito presente na sociedade portuguesa. “
A ideia nasceu de um poema que foi musicado por mim e uns amigos. Numa conversa com o presidente da APAV falei-lhe da existência deste poema e ele manifestou curiosidade em lê-lo. A partir daí, ficou interessado em saber se poderíamos fazer alguma coisa com isto. Sendo uma canção cantada na primeira pessoa por uma mulher, pensámos que a mensagem teria mais força se juntássemos vozes de grandes mulheres para a cantar. Por isso, contactei as cantoras, uma a uma, e todas as que aqui estão foram as nossas primeiras escolhas, minhas e do Filipe Melo, responsável pelos arranjos musicais. Foi uma aventura maluca, mas que conseguimos concretizar”, conta Rodrigo Guedes de Carvalho, visivelmente feliz por ter encontrado um grupo de pessoas igualmente preocupado em dizer ‘basta’.
“Todos os dias, no Jornal da Noite, tenho que dar uma notícia sobre violência doméstica, de tal forma que se está a tornar perigosamente banal. O número é absolutamente assustador. Mas como é que isto se resolve? Como é que se ataca? O que é que está a falhar aqui? É o sistema judicial? É a polícia? É a legislação que está mal feita? É a educação que está a falhar? São as famílias que estão a falhar? Dizem que é um problema de geração, mas hoje vê-se miúdos de 19 anos a dar chapadas às namoradas… Se a música tiver a força de chegar ao coração, de colocar as pessoas a pensar neste drama horrível a que devemos tentar pôr cobro, a sermos mais atentos, ótimo. A nossa intenção é fazer um alerta, mantendo o tema na agenda”, justifica o jornalista, de 51 anos.
A ideia nasceu de um poema que foi musicado por mim e uns amigos. Numa conversa com o presidente da APAV falei-lhe da existência deste poema e ele manifestou curiosidade em lê-lo. A partir daí, ficou interessado em saber se poderíamos fazer alguma coisa com isto. Sendo uma canção cantada na primeira pessoa por uma mulher, pensámos que a mensagem teria mais força se juntássemos vozes de grandes mulheres para a cantar. Por isso, contactei as cantoras, uma a uma, e todas as que aqui estão foram as nossas primeiras escolhas, minhas e do Filipe Melo, responsável pelos arranjos musicais. Foi uma aventura maluca, mas que conseguimos concretizar”, conta Rodrigo Guedes de Carvalho, visivelmente feliz por ter encontrado um grupo de pessoas igualmente preocupado em dizer ‘basta’.
“Todos os dias, no Jornal da Noite, tenho que dar uma notícia sobre violência doméstica, de tal forma que se está a tornar perigosamente banal. O número é absolutamente assustador. Mas como é que isto se resolve? Como é que se ataca? O que é que está a falhar aqui? É o sistema judicial? É a polícia? É a legislação que está mal feita? É a educação que está a falhar? São as famílias que estão a falhar? Dizem que é um problema de geração, mas hoje vê-se miúdos de 19 anos a dar chapadas às namoradas… Se a música tiver a força de chegar ao coração, de colocar as pessoas a pensar neste drama horrível a que devemos tentar pôr cobro, a sermos mais atentos, ótimo. A nossa intenção é fazer um alerta, mantendo o tema na agenda”, justifica o jornalista, de 51 anos.
Uma opinião partilhada pela fadista Cuca Roseta, de 33 anos, que não hesitou em aceitar o convite para fazer parte deste projeto.
“É preciso fazer qualquer coisa, porque ficarmos de braços cruzados não vai ajudar em nada. Acho que nós, enquanto artistas, temos que ser os primeiros a dar a cara e a voz a estes projetos, que precisam da nossa força.”
“É preciso fazer qualquer coisa, porque ficarmos de braços cruzados não vai ajudar em nada. Acho que nós, enquanto artistas, temos que ser os primeiros a dar a cara e a voz a estes projetos, que precisam da nossa força.”
Também Ana Bacalhau se prontificou desde o início a participar neste desafio de alinhar vozes em torno desta causa.
“Foi um desafio que aceitei prontamente, porque as notícias que têm vindo a lume acerca de vários episódios lamentáveis de violência doméstica, principalmente aqueles que resultam na morte de alguém, têm vindo a deixar-me bastante perturbada. Portanto, tendo a oportunidade de fazer alguma coisa que traga este assunto para a discussão pública, não poderia deixar de aceitar de imediato o desafio”, conta a vocalista dos Deolinda, de 36 anos, assegurando que afinar vozes de um grupo de cantoras com personalidades tão distintas foi um processo muito fácil, conforme nos explica:
“É um conjunto incrível de artistas extraordinárias, com vozes incríveis, personalidades marcadas, com um discurso muito próprio, e, para mim, é uma felicidade poder trabalhar com elas. Tenho a certeza de que o resultado só pode ser espetacular.”
“Foi um desafio que aceitei prontamente, porque as notícias que têm vindo a lume acerca de vários episódios lamentáveis de violência doméstica, principalmente aqueles que resultam na morte de alguém, têm vindo a deixar-me bastante perturbada. Portanto, tendo a oportunidade de fazer alguma coisa que traga este assunto para a discussão pública, não poderia deixar de aceitar de imediato o desafio”, conta a vocalista dos Deolinda, de 36 anos, assegurando que afinar vozes de um grupo de cantoras com personalidades tão distintas foi um processo muito fácil, conforme nos explica:
“É um conjunto incrível de artistas extraordinárias, com vozes incríveis, personalidades marcadas, com um discurso muito próprio, e, para mim, é uma felicidade poder trabalhar com elas. Tenho a certeza de que o resultado só pode ser espetacular.”
Manuela Azevedo, por seu lado, destaca a importância de participar num projeto cujo objetivo é alertar consciências.
“A sensação de cumprir um dever como cidadã, como mulher, de poder contribuir para chamar a atenção de causas importantes e acordar as consciências da nossa sociedade é o que me move. Estes alertas são fundamentais, são sempre urgentes, e quantos mais se fizerem, melhor. Cresceremos mais saudáveis”, diz a vocalista dos Clã, de 45 anos.
“A sensação de cumprir um dever como cidadã, como mulher, de poder contribuir para chamar a atenção de causas importantes e acordar as consciências da nossa sociedade é o que me move. Estes alertas são fundamentais, são sempre urgentes, e quantos mais se fizerem, melhor. Cresceremos mais saudáveis”, diz a vocalista dos Clã, de 45 anos.
Selma Uamusse assegura ter aceitado
“sem hesitação nenhuma” este desafio “
ainda antes de saber quem eram as pessoas envolvidas ou qual seria a estética, inclusivamente musical” por se sentir
“identificada enquanto mulher, enquanto cidadã, e porque acho que é um dever cívico”. Segundo a cantora, de 33 anos, é um privilégio dar voz a uma campanha destas.
“Nós, enquanto artistas, enquanto músicos, temos o privilégio de sermos seguidos de uma maneira ou de outra com alguma atenção. Se pudermos dar voz a bonitas canções é ótimo. Se pudermos dar voz a bonitas canções, com letras profundas e com uma mensagem especial, melhor ainda.”
“sem hesitação nenhuma” este desafio “
ainda antes de saber quem eram as pessoas envolvidas ou qual seria a estética, inclusivamente musical” por se sentir
“identificada enquanto mulher, enquanto cidadã, e porque acho que é um dever cívico”. Segundo a cantora, de 33 anos, é um privilégio dar voz a uma campanha destas.
“Nós, enquanto artistas, enquanto músicos, temos o privilégio de sermos seguidos de uma maneira ou de outra com alguma atenção. Se pudermos dar voz a bonitas canções é ótimo. Se pudermos dar voz a bonitas canções, com letras profundas e com uma mensagem especial, melhor ainda.”
A fadista Aldina Duarte, de 47 anos, realça a importância de se falar com alguma insistência sobre a temática da violência doméstica.
“Eu acompanho de perto o trabalho da APAV há muito tempo. Tenho visto todas as campanhas que tem vindo a fazer, não só em relação à violência contra as mulheres, mas também contra as crianças. Acho que é um trabalho muito importante, para sensibilizar, para mudar mentalidades, que é uma coisa tão difícil, e é preciso fazê-lo muitas vezes. Quantas mais vozes se juntarem, melhor. Infelizmente, é um trabalho muito gradual, porque nós gostaríamos de ver as coisas mudarem mais depressa, mas é importante que as pessoas estejam atentas, e acho que este projeto alerta, e fá-lo de uma forma muito eficaz, dando-nos a nós também a oportunidade de participar enquanto mulheres e artistas com quem as pessoas também se podem identificar. Independentemente de quem é a vítima, é importante que todas as pessoas se identifiquem e percebam que isto é uma questão com muitas caras, com muitas dimensões, que é preciso expor, é preciso falar e pô-la cá fora, em cima da mesa. Ainda que seja uma questão complexa, é preciso falarmos dela sempre que possível.”
“Eu acompanho de perto o trabalho da APAV há muito tempo. Tenho visto todas as campanhas que tem vindo a fazer, não só em relação à violência contra as mulheres, mas também contra as crianças. Acho que é um trabalho muito importante, para sensibilizar, para mudar mentalidades, que é uma coisa tão difícil, e é preciso fazê-lo muitas vezes. Quantas mais vozes se juntarem, melhor. Infelizmente, é um trabalho muito gradual, porque nós gostaríamos de ver as coisas mudarem mais depressa, mas é importante que as pessoas estejam atentas, e acho que este projeto alerta, e fá-lo de uma forma muito eficaz, dando-nos a nós também a oportunidade de participar enquanto mulheres e artistas com quem as pessoas também se podem identificar. Independentemente de quem é a vítima, é importante que todas as pessoas se identifiquem e percebam que isto é uma questão com muitas caras, com muitas dimensões, que é preciso expor, é preciso falar e pô-la cá fora, em cima da mesa. Ainda que seja uma questão complexa, é preciso falarmos dela sempre que possível.”
Uma opinião partilhada pela cantora de jazz Marta Hugon.
“Sou uma mulher bastante atenta a estas questões e espero que este conjunto de mulheres e esta iniciativa do Rodrigo alerte as pessoas e, se for possível ajudar a mudar algumas realidades, melhor.”
“Sou uma mulher bastante atenta a estas questões e espero que este conjunto de mulheres e esta iniciativa do Rodrigo alerte as pessoas e, se for possível ajudar a mudar algumas realidades, melhor.”
“Acho que nós, enquanto seres humanos, seres pensantes, temos o dever de dar voz, de falar, de trazer esta questão para cima da mesa diariamente”, conclui a fadista Gisela João, de 31 anos.
Rodrigo Guedes de Carvalho tem noção de que só este videoclipe
“não vai resolver nada” mas espera que seja, pelo menos, um motivo de reflexão. “
Se cada vez mais pessoas tiverem coragem para denunciar, se houver pessoas que repensem a legislação, se tentarem perceber o que é que acontece, de facto, aos homens que são presos… Passam lá os 25 anos ou a verdade é que a pena é reduzida para metade e até acabam por sair ao fim de oito anos por bom comportamento, e vão outra vez atrás das mulheres que agrediram? O que é que se passa quando uma mulher faz uma queixa e a GNR a manda para casa, acabando por ser morta quando chega a casa? É preciso convocar psicólogos e psiquiatras para perceber o que vai na cabeça destes homicidas que decidem matar alguém mesmo sabendo que vão passar o resto da vida na prisão. Sabemos que não há uma fórmula mágica, mas uma coisa sei: o silêncio não vai resolver absolutamente nada.”
“não vai resolver nada” mas espera que seja, pelo menos, um motivo de reflexão. “
Se cada vez mais pessoas tiverem coragem para denunciar, se houver pessoas que repensem a legislação, se tentarem perceber o que é que acontece, de facto, aos homens que são presos… Passam lá os 25 anos ou a verdade é que a pena é reduzida para metade e até acabam por sair ao fim de oito anos por bom comportamento, e vão outra vez atrás das mulheres que agrediram? O que é que se passa quando uma mulher faz uma queixa e a GNR a manda para casa, acabando por ser morta quando chega a casa? É preciso convocar psicólogos e psiquiatras para perceber o que vai na cabeça destes homicidas que decidem matar alguém mesmo sabendo que vão passar o resto da vida na prisão. Sabemos que não há uma fórmula mágica, mas uma coisa sei: o silêncio não vai resolver absolutamente nada.”