Ela canta, pratica taekwondo, faz ioga, tem aulas de francês e de piano, pinta e agora participa no programa Dança com as Estrelas. Chamam-lhe a mulher dos sete ofícios, mas Cuca Roseta garante que é só das 9h às 16h, hora a que vai buscar o filho, Lopo, de sete anos, à escola. Depois disso, é só mãe. A fadista é feliz, mas para essa felicidade estar completa só falta João Lapa regressar a Portugal – o preparador físico foi em janeiro deste ano trabalhar para a Arábia Saudita e regressa no final de maio. Cuca e João namoram há cerca de um ano e querem casar-se… “Falamos sobre isso, mas primeiro ele tem de fazer o pedido”, brincou a fadista.
– Tem sido uma revelação no Dança com as Estrelas! De onde vem esse gosto e jeito para a dança?
Cuca Roseta – Adoro dançar e descobri essa paixão nas festas e nas discotecas. Na altura em que saía à noite, antes de o meu filho nascer, fazia-o para dançar, ia para os sítios por causa da música e ficava o tempo todo na pista, era uma coisa que me libertava. Não saía até fechar. Este programa tem sido uma experiência espetacular, tem-me feito crescer como artista.
– Três galas, três danças sensuais, tal como os fatos…
– Desde que entrei que estou só na sensualidade, ainda não saí daí [risos]. Primeiro foi o chachachá, depois a kizomba e por último o samba. As roupas deixam-me um bocadinho desconfortável. Mas sei que depois é bonito de ver na televisão e faz sentido na dança. As pessoas sentiram um choque ao ver-me nesse papel sensual, mas tem sido muito engraçado para mim e sinto-me muito bem nos meus números. Tem sido uma experiência muito boa. Estou a gravar o meu disco, mas só penso na dança, durmo a sonhar com a coreografia, a pensar quanto tempo tenho para decorar os passos.
– O seu filho vê o programa?
– Ele foi lá numa das galas e disse: “A mãe dançou muito bem, foi a melhor!” É muito querido.
– Rouba-lhe é tempo para ele.
– Sim, é verdade. Tenho sido uma mãe muito sortuda, pois, apesar das minhas viagens, estou habituada a passar muito tempo com o Lopo, mais do que aquelas mães que trabalham das 8h às 20h. E agora parece que tenho esses horários: só consigo ir pô-lo à escola de manhã, já não consigo ir buscá-lo, mas depois compenso-o. O importante entre pais e filhos é o tempo de qualidade e quando estou com o Lopo desligo de tudo o resto, aquele tempo é só para ele, brincamos, falamos… Ele sente-se preenchido, sei que se sente seguro. Gosto muito de ser mãe. Por exemplo, deixei de sair à noite, deixei de ir jantar fora com os meus amigos, pois prefiro estar com o meu filho, irmos ao cinema ou jantar fora. Ser mãe preenche-me.
– O João tem visto o programa? Sente-se incomodado com tanta sensualidade?
– Ele vê em diferido, pela Internet. Não se incomoda nada. O João é um espetáculo, estou sempre a dizer que é o homem da minha vida e é. É uma pessoa rara, muito confiante de si próprio, muito calmo, para ele está sempre tudo muito bem, confia em mim e eu nele. Temos uma relação muito aberta e contamos um com o outro para tudo, por isso ele nunca vai achar que estou a fazer algo errado. Acho que o ciúme é uma ilusão da realidade e o João é uma pessoa muito inteligente e sensível e apoia-me. Por exemplo, sobre a roupa que usei quando dancei kizomba disse: eh lá, não achas que estás um bocado nua demais? Mas foi na brincadeira, percebeu que tinha de ir assim.
– Só com muita confiança é que uma relação assim à distância funciona, não é?
– Mesmo. Já tive experiência com um relacionamento à distância… As pessoas começam a ter vidas separadas. A verdade é que eu faço o meu dia sem o João e vice-versa e é preciso uma
base muito forte para aguentar isso, porque é liberdade total para os dois. Isso cabe muito bem em mim e no João, porque temos uma confiança gigante um no outro.
– As saudades potenciam mais o amor? Diz-se que a rotina do dia-a-dia estraga uma relação…
– Tem de se ter a dose certa. Quando as pessoas vivem muito tempo juntas, acabam por embirrar mais umas com as outras, mas estarem demasiado longe não é tão real. Eu e o João estamos muito apaixonados e estamos a aprender a ter cada um o seu espaço. Gostamos muito de partilhar as coisas um com o outro, apesar de fazermos várias coisas diferentes, o que acho importante e bom. Por exemplo, além do meu trabalho, faço ioga e taekwondo e o João vai ao ginásio todos os dias e assim conseguimos momentos individuais. No fundo, se o relacionamento não existisse, estaria bem comigo própria, não dependo daquele relacionamento. Acho que eu e o João fazemos isso muito bem.
– Mas esta distância física não deve ser fácil…
– É muito difícil, principalmente quando chego a casa, depois de um dia de trabalho, e ele não está lá. Para ele também, queríamos estar um com o outro. Mas acredito que nada acontece por acaso e acho que esta experiência nos vai trazer algo de bom. Até agora sinto que gosto cada vez mais dele, mesmo longe, está muito presente, isto não nos afastou. Ele próprio diz que lhe seria difícil estar lá sem estarmos ligados.
– O sofrimento está quase no fim…
– O João volta no final de maio, ainda falta um mês e meio… Mas é verdade que o pior já passou.
– Como é a relação do Lopo com o João?
– O Lopo adora-o. É tudo bom nesta relação, corre tudo bem. Era muito importante para mim ter esta estabilidade, já que tenho uma vida agitada, principalmente para o Lopo. E ele tem essa estabilidade, tem ali uma pessoa que admira, que segue, que quer ser igual, para além do pai, claro. Ele distingue muito bem e tem um amor muito grande pelos dois. O João acaba por ter um papel mais presente porque está todos os dias, tirando esta fase, mas nós vivemos muito tempo juntos até ele ir.
– O pai do Lopo está no Brasil, não é?
– Sim, vive lá há cinco anos. Apesar da distância, o Lopo adora o pai e o pai é muito querido, eles dão-se muito bem. E ele também sofre por estar longe do filho, mas tem de ser. Ele vive e trabalha lá, tem uma família, o Lopo tem um irmão… O Lopo vai lá nas férias e também já foi comigo. Tenho a sorte de cantar muito no Brasil e quando isso acontece o Lopo vai comigo e combinamos. Outras vezes, vai com a avó, com os tios. Nós também somos uma família muito unida, a minha com a do pai do Lopo, conhecemo-nos desde pequenos, morávamos todos perto.
– Está a preparar um novo disco. O que nos pode contar?
– Cada vez mais me sinto eu própria nos meus discos e este é um exemplo disso, é um disco completamente positivo. Fomos procurar as raízes do fado, que são Brasil e África, por isso, neste projeto há um encontro entre o fado e o samba. Por exemplo, tenho um dueto com Djavan, também há uma música da Sara Tavares… E depois há uma grande surpresa, uma coisa top que torna o disco muito especial.
Cuca Roseta: “Sou uma sortuda, tenho o Lopo e o João na minha vida”
Numa conversa franca, a fadista falou do filho, do namorado e de desafios.
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