
Mike Sergeant
Um dia depois de vencer dois Globos de Ouro – Melhor Intérprete Individual e Melhor Música – António Zambujo viveu um dia triste, com a morte da avó. No passado mês de março, em entrevista para a CARAS, o artista falou da importância da avó na sua vida e na forma como ela, sem sequer perceber, tinha contribuído para que fizesse carreira no mundo da música. Quando questionado sobre as memórias de infância e a influência do cante alentejano no seu trabalho, Zambujo respondeu: “Tenho boas recordações dessa época, todas ligadas à minha avó. Foi por causa dela, embora a minha avó não tivesse essa noção, que a música começou a ganhar importância na minha vida. É como se tivesse duas infâncias: a do miúdo normal, que corria, andava de bicicleta e jogava à bola, e a outra, em que andava obcecado atrás da minha avó para ela me ensinar as letras das músicas tradicionais”.
Nessa mesma ocasião, o intérprete de Pica do 7 explicou as razões que o levavam a ir cada vez menos à sua terra natal. Mais uma vez, António Zambujo falou na avó. “Vou pouco, muito pouco [a Beja]. A minha avó hoje em dia está num lar e já não está nas suas plenas capacidades intelectuais. Eu acho que já não é a mesma pessoa, já não é a minha avó que lá está… Os meus amigos também vêm muito a Lisboa, onde vivo há 14 anos, portanto, acabei por me habituar a isto e Lisboa passou a ser a minha realidade”, explicou.