São 7h00 da manhã e Marta Rebelo já está a ser maquilhada. Um hora depois, a blogger veste o seu fato de banho florido e incarna de imediato a personagem do dia: uma nobre estrangeira exilada em Portugal, uma diva dos anos 60 que, num dia de calor, combate o aborrecimento a mergulhar numa piscina. Esta produção para o seu blogue, Fabulista, que integra agora o canal CARAS Blogs, revela muito do sentido estético e da criatividade da consultora de comunicação que, assume, gosta de se vestir de uma forma “diferente”, não para dar nas vistas, mas para ser fiel a si própria. E foi precisamente para manter a sua genuinidade e poder viver sem amarras que Marta deixou de ser deputada e trocou a imagem de menina ‘certinha’ pela de uma mulher irreverente e criativa, que não tem medo de ousar no estilo nem nas opções de vida. A CARAS acompanhou esta sessão fotográfica e descobriu com que cores e padrões se veste o ‘fabuloso’ destino de Marta Rebelo.
– A Marta é consultora de comunicação, mas também está muito associada à moda…
Marta Rebelo – É verdade. Acho que essa associação tem que ver com o facto de a minha persona pública revelar esse cuidado com a imagem. Tudo começou quando cheguei à Assembleia da República, em 2007, e passei a ter algum mediatismo. Sempre fui vaidosa (acho que todos somos um pouco), e tenho um sentido estético muito próprio. A roupa, a maquilhagem e os acessórios são uma forma de nos exprimirmos como indivíduos. A indústria da moda é fascinante, porque é das que mais lucro gera. E não é uma indústria fútil, como muitas pessoas a descrevem. Acho que algumas peças de roupa são mesmo obras de arte. E tudo o que contribui para nos fazer sentir bem é maravilhoso!
– Mas considera-se uma fashion victim?
– Não, não sou uma fashion victim! É muito difícil eu perder a cabeça com uma peça de roupa, porque quando vejo o preço começo logo a pensar nos quilos de ração que posso comprar para as minhas crias de quatro patas. Há prioridades, e esta crise também veio educar-nos e sensibilizar-nos para a realidade. Sou é uma observadora ativa da moda. Gosto muito de brincar neste mundo e isso é muito visível no meu blogue.
– No seu blogue, e como se pode ver, aliás, por esta produção que fez, esse seu sentido estético é muito explorado. Como é que define o seu estilo?
– Tenho um desamor em relação àquilo a que chamo de ‘carneirada’, a uma certa uniformização das coisas… Há uma tendência muito forte para haver um look padrão, e nas mulheres portuguesas isso é muito notório. Os cabeleireiros adoram-me, porque acham que sou muito aventureira e brinco com o meu cabelo. As portuguesas querem é alisamentos e cabelos compridos! Adoro arriscar, gosto de coisas diferentes.
– Mas que tipo de peças é que são ‘a sua cara’?
– Os meus anéis em forma de bichos, como o meu escaravelho e a minha aranha. São anéis diferentes, estranhos, mas são mesmo a minha cara. E tanto os uso com jeans como com um vestido de gala.
– Quando era deputada usava toilettes muito mais formais. Nessa altura, ainda não tinha esse seu sentido estético tão apurado ou sentia que não podia ousar, porque tinha de corresponder às expectativas dos seus pares?
– Isso é inevitável. E não mantemos o mesmo estilo ao longo da vida. Quando trabalhava na Faculdade de Direito, em escritórios de advogados ou na Assembleia da República obedecia a um certo dress code estabelecido. E na Assembleia há mesmo um cuidado muito grande com o que se veste. Um dos episódios mais caricatos que tive quando era deputada prendeu-se mesmo com a roupa que estava a usar. Nesse dia, tinha de ir ao púlpito falar de um determinado assunto e optei por vestir um modelo anos 60, com um decote normalíssimo, mas sem mangas. E o tema dos meus braços desnudados fez a agenda dos quatro dias seguintes! [risos] Eu tentava adaptar o meu estilo a esse padrão mais conservador… Sempre fui fiel a mim própria, independentemente das minhas obrigações profissionais, mas tive uma fase muito quadrada, em que achava que não podia ser verdadeiramente eu… A partir do momento em que deixei de ter esse peso e cortei com essas obrigações institucionais, o meu estilo começou a sobressair.
– Se a roupa e os acessórios que usa refletem a pessoa que é, como é, afinal, a Marta?
– Ui… Dizem que sou diferente, mas que continuo a ser feminina e independente. Tenho uma personalidade muito vincada, com um tempero de mau feitio. Também acho que sou uma pessoa criativa e as minhas escolhas estéticas refletem isso mesmo.
– O seu blogue também é um espelho dos seus interesses, paixões e causas. Como é que está a correr este projeto?
– O Fabulista está a correr bem! É um projeto que me permite fazer coisas muito diferentes e que me realizam. Tenho leitoras que são mulheres muito atentas à moda e que procuram opções diferentes neste meio. Depois, há um grupo de mulheres que, mesmo não sendo tão ligadas à moda, gostam da maneira como escrevo e gostam de me ler. E há ainda um grupo de pessoas que chegou ao Fabulista através do separador da Grande D, no qual falo da depressão. Essa é a razão que leva mais pessoas a contactarem-me.
– Assumiu publicamente que sofria de depressão crónica numa entrevista que nos concedeu, no início de maio. Essa atitude de dar a cara por esta causa deve ter gerado muito feedback…
– Sim, muito! Acho que descrevi o que muitas pessoas sentem, o que, de alguma maneira, gera solidariedade e compreensão. Tento sempre ajudar as pessoas que me contactam, mas deixo sempre claro que não sou médica. No início, foi avassalador para mim. Há muitas pessoas a passarem por isto e que estão a sofrer muito. Nem temos noção do alcance desta doença.
– Outro tema que aborda regularmente no Fabulista é o amor que tem pelos animais, as suas ‘crias de quatro patas’…
– Cresci com animais, porque a minha mãe adora gatos. Tenho a Nonô, uma cachorra, e a Miss Kitty, a Jujú e o Benny, que são gatos. Para mim, eles são família. Mas não os humanizo! Tenho noção de que são animais e não lhes visto coisas ridículas. Não posso ter filhos biológicos, tenho uma filha adotiva, mas já não precisa de mim como os meus animais. Os animais ajudaram-me a gostar mais das pessoas e ensinaram-me o que é o amor incondicional. Eles gostam sempre de mim.
– Adotou uma criança?
– A minha filha já é adulta. Adotei a Dri há uns anos, mas não posso falar sobre ela, porque senão ela mata-me! Não ponho de parte a hipótese de voltar a adotar. Nem tenho necessidade de adotar um bebé, pode ser uma criança mais crescida.
Marta Rebelo: O percurso de menina ‘certinha’ a diva irreverente
Mergulhámos no ‘fabulástico’ e colorido mundo da ‘blogger’ do canal CARAS Blogs.
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