Ainda há quem sofra por amor. Muito. É o caso de Ivete Oliveira, que depois de 22 anos de uma união feliz, 12 dos quais casada, se está a divorciar do ex-selecionador nacional António Oliveira. Sem pudores, a antiga professora, de 61 anos, não esconde a dor e fragilidade quando fala da sua “travessia do deserto”, expressão que usa para descrever o período difícil que vive. De férias no Algarve, numa casa que pertence a António, Ivete deu-nos uma entrevista emotiva em que revela os motivos que ditaram a sua separação. E em que começou logo por esclarecer: “Não quero, de maneira nenhuma, que as pessoas pensem que o António me fez mal.”
– Esta separação foi consensual?
Ivete Oliveira – Não! Foi o António que se quis divorciar. Isto já se prolonga há mais ou menos um ano e meio… Passei 15 anos sem nunca me zangar com o meu marido [emociona-se]. Tínhamos uns arrufos, mas nunca nos deitámos chateados.
– Então, o que é que ditou o fim de um casamento que parecia tão feliz?
– A degradação do meu casamento começa na altura em que adoeci. Aliás, na primeira vez que tive cancro, há 11 anos, correu tudo bem, convenci-me de que estava curada e a minha dedicação ao António continuou a ser a mesma, total e absoluta. Mas quando menos esperava, há seis anos, voltei a ser atacada pelo inimigo. Já sabia que desta vez a cura seria muito mais difícil. E aí começou o meu suplício. A minha neoplasia mamária provoca ansiedade, depressão, stresse e alterações de humor que podem prolongar-se por meses e até anos. Nessa altura, fui tratar-me para os Estados Unidos. Foi um período de solidão.
– Mas a sua família sempre a apoiou…
– Sim, mas o António e os meus filhos trabalham e eu estive lá dez meses! Quando me vi novamente doente, com a possibilidade de morrer a curto prazo, comecei a pensar que deveria olhar mais para mim… e tornei-me uma Ivete diferente. Antes, esquecia-me de mim, porque a minha dedicação ao meu marido era total. Pode parecer ridículo, mas calcei-o muitas vezes e era eu que o vestia todos os dias. E fazia isso por prazer! Mas deixei de o fazer, porque passei a escolher a minha roupa e não a dele.
– E quando começou a mudar de comportamento, o seu marido queixou-se?
– Sim, mais do que uma vez. O António disse-me por diversas vezes que o nosso casamento estava em perigo. Nunca acreditei que o meu casamento acabasse, porque o único homem que amei na vida foi o António. Tenho de aprender a viver sem ele, mas vou amá-lo até morrer. É isso que penso [emociona-se]! O tempo passa, quero agarrar-me às coisas desagradáveis do meu marido, mas vem sempre ao de cima o bem que ele me fez e os anos felizes que tivemos…
– Portanto, o seu marido lutou pelo vosso casamento…
– Sim, ele não desistiu de nós. Lutou bastante e devo-lhe esse reconhecimento. Mas só entende um doente oncológico quem já o foi… Muitos maridos não sabem que uma quimioterapia como a que fiz nos EUA é de tal maneira forte que mexe com a libido, que é muito importante na vida de um casal. E o António não me percebeu e começou a desligar-se de mim. Aconteceu tudo devagarinho, nem fui dando conta. Ouvir o meu marido dizer que deixou de gostar de mim foi algo que me feriu a alma [emociona-se]. Mas mesmo depois disto tudo, prometeu-me que me pagaria até morrer os meus exames nos EUA. Sei que ele é meu amigo…
– E a Ivete tem algum sentimento de culpa?
– Não me culpo. Sempre fui honesta com o meu marido e isso implicava não esconder as transformações que se deram na minha personalidade. E voltaria, provavelmente, a fazer a mesma coisa, mesmo tendo este desfecho. Tenho de respeitar a minha maneira de ser.
– Ivete, como é que se supera o momento em que se ouve o homem que se ama dizer: “Deixei de gostar de ti”?
– Acho que nunca fui tão ferida… [emociona-se]. Para mim, foi uma meia-morte. A única coisa que me poderia destruir de vez era perder um filho. Fora isso, só perder o António. Tive momentos difíceis na vida e nunca fui a um psiquiatra, mas com o que se passou com o António fui obrigada a recorrer a um. Fiquei com uma depressão profunda e agora estou a tentar sair dela.
– E nunca pensou em reconquistá-lo?
– Não. Deixar de gostar de alguém é algo definitivo e eu estava habituada a um amor e uma paixão muito grandes. Como tal, acho mesmo que o meu casamento acabou. O António também entrou na andropausa e tornou-se mais difícil… Escrevi-lhe muitos e-mails de amor, outros de raiva, e nunca obtive resposta.
– Está de férias no Algarve, numa casa que pertence ao António, e tem estado com os filhos e os netos dele. Continua a ser a sua família?
– Vim para o Algarve para tentar sair desta travessia do deserto. Estou debilitada fisicamente, porque como muito pouco… O meu amor pelo António não é doentio, porque nunca o persegui. Para ser correta, persegui uma ou duas vezes, mas porque ele me mentiu. Mas a verdade é que, depois destes meses todos, continuo a sofrer terrivelmente. E sim, esta continua a ser a minha família, pelo menos até o António arranjar uma nova pessoa.
– Já antecipou esse momento?
– Sei que é muito provável que o meu marido arranje outra pessoa, até porque tem três coisas a favor dele: é rico, é bem parecido e tem horários que lhe permitem fazer o que quiser com a mulher que ama. É um homem apetecível. Penso que uma nova relação dele não me vai perturbar, nem tão-pouco vou querer saber o que quer que seja.
– Está a sofrer muito, mas vai ter de continuar a sua vida. Como perspetiva o futuro?
– Vou-me divorciar, para fazer a vontade ao António. Não gostava de me divorciar, mesmo estando separada. Não gosto do termo “divorciada”. Vou tentar sair do Porto, para fazer o meu luto com calma. E quando me sentir capaz, vou voltar a fazer a minha vida.
– Acha que vai conseguir, um dia, ser amiga do António?
– Se conseguir deixar de gostar dele, será o meu melhor amigo. Acho que não vou conseguir tratá-lo por ex-marido… O António é o grande amor da minha vida, vamos ver o tempo que vou demorar a esquecê-lo…
Em processo de separação, Ivete Oliveira admite: “Vou amar o António até morrer”
António Oliveira e a antiga professora estão a separar-se após 22 anos de união.
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