No ano em que comemora as suas bodas de prata com a moda, Luís Buchinho diz que prefere olhar para a frente, trabalhar o futuro da marca, mas não deixa de ser com orgulho que revê as imagens do seu primeiro desfile na ModaLisboa, tinha então 21 anos. Natural de Setúbal, o estilista mudou-se para o Porto aos 16 anos, para estudar Design de Moda no Citex, e acabou por se radicar na Invicta. É na Baixa que tem a sua loja/ateliê e é a partir de lá que trabalha para todo o mundo. Com a sua marca presente em 19 países, dos EUA à Ásia, Luís Buchinho só lamenta o preconceito que ainda existe entre os portugueses na hora de comprar moda “made in Portugal”.
Após 25 anos, o estilista continua a trabalhar para se superar a cada coleção. “Quando se deixa de criar o efeito surpresa, entra-se num caminho perigoso”, defende.
– Que balanço faz destes anos?
Luís Buchinho – Têm sido incríveis! E a verdade é que não dei pelo tempo passar. Trabalho estação após estação, procuro sempre superar-me, ir mais longe, de forma a que as coleções vinguem nacional e internacionalmente.
– Costuma revisitar as coleções passadas? Como vê as imagens do seu trabalho nos anos 90 e 2000?
– Mais do que rever os desfiles, gosto de consultar os meus sketchbooks, onde encontro esquissos com ideias que ficaram pelo caminho. Este ano tem sido especial, porque estamos a compilar o histórico destes 25 anos, e gostei de ver as imagens do início, onde denoto inocência, mas também encontro coleções muito bem estruturadas. Na altura tinha apenas 21 anos, mas já havia uma intenção muito fiel e forte de ser o que sou hoje. Há períodos de que não gosto mesmo, há outros de que gosto muito, como por exemplo as coleções de 2008 a 2010 e depois a partir da 2011.
– A moda é um mundo muito competitivo, onde a oferta é gigante, mas o Luís conseguiu que o seu traço seja reconhecido…
– Sim, e isso é o mais importante. A assinatura é o ADN de um estilista, sem isso um criador de moda não existe. É o traço que nos distingue e, para mim, é uma grande vitória.
– Faz parte dos seus planos alargar a marca Luís Buchinho a outros produtos?
– Neste momento estou a desenvolver uma linha de calçado e no futuro irei trabalhar uma linha de acessórios.
– Atualmente metade da produção da marca é para exportação. Este é um trabalho que tem feito gradualmente…
– O mercado nacional é pequeno e a conjuntura económica dos últimos anos fez com que tivéssemos de procurar soluções no mercado internacional. Estamos há dois anos e meio a trabalhar na exportação, marcamos presença nas principais feiras de moda e os contactos foram-se estabelecendo ao ponto de já estarmos presentes em 19 países.
– Onde é que se sente em casa, no Porto ou em Setúbal?
– Vim para o Porto para estudar e, no início, resisti bastante, porque a cidade era mais inóspita do que é hoje. No entanto, sempre lhe vi beleza. Além disso, em termos de trabalho, é muito prático estar no Porto, porque é a norte que está tudo. Percebi isso há 25 anos, como tal seria muito difícil regressar ao sul. Se não fui antes, também já não é agora…
– Dá aulas na Modatex há oito anos e contacta com as novas gerações. É importante essa partilha de experiências?
– É muito bom estar perto da nova vaga de estilistas, porque me ajuda a perceber a mentalidade dos mais jovens. Mas creio que para eles também é importante terem mentores. Ninguém na minha geração teve quem os orientasse para o futuro. Eu, e outros como eu, podemos ajudá-los com a nossa experiência.
Luís Buchinho fala dos seus 25 anos a fazer moda: “Tem sido incrível”
O estilista recebeu-nos na sua loja/ateliê na Rua José Falcão, na Baixa do Porto, onde nos últimos oito anos tem desenvolvido a marca Luís Buchinho.
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