Passados seis meses da anunciada “reforma” de Gisele Bündchen, de 35 anos, das passerelles, a top model brasileira continua no topo, a trabalhar muito e a dedicar-se à família. “Estou muito feliz, a família é sempre uma coisa muito importante e eu amo a minha”, resume a top model sobre o relacionamento com o jogador de futebol americano Tom Brady, de 38 anos, negando qualquer possibilidade de crise no casamento. Em entrevista exclusiva à CARAS, Gisele vai além das imagens que estão no livro de luxo que comemora os 20 anos de sua trajetória profissional e revela quais são suas melhores lembranças de infância, em Horizontina, no Rio Grande do Sul. Uma conversa que decorreu em Boston, nos EUA, na companhia do marido e dos filhos, Benjamin, de cinco anos, Vivian Lake, de dois, e John, de oito, filho do relacionamento anterior de Tom, e que é definido por Gisele como um “bónus”, já que afirma sempre que tem três filhos.
– O livro e a palavra ‘reforma’ imortalizam a sua carreira?
– O livro é uma forma de celebração de 20 anos de carreira. Acredito que a vida é constituída por vários ciclos e este livro é o resumo de um capítulo. Agora sinto-me mais aberta e pronta para viver este novo capítulo que está a começar na minha vida. Estou neste meio há mais de 20 anos. Aos poucos, pretendo redirecionar o meu tempo para projetos pessoais, mas isso não significa que tenho imposto uma data para que isso aconteça. Tão pouco que estarei me desvinculando do mundo da moda. Tudo tem o seu tempo e as coisas acontecem exatamente quando têm de acontecer. Só Deus sabe o que está para vir…
– Mas continua a trabalhar muito, certo?
– Ainda continua a trabalhar e a viajar bastante. Mas, aos poucos, tenho conseguido conquistar mais espaço para mim, para a minha família e para novos projetos. É uma fase de transição e demora um certo tempo para que as coisas se adequem.
– Quem são os seus ídolos?
– Gandhi, Nelson Mandela… São tantos! A minha mãe também é um dos meus maiores ídolos. Ela conseguiu equilibrar o papel de mãe e esposa, criando seis filhas e trabalhando fora! Sou grata por ela ter sido este exemplo de amor incondicional, dedicação, humildade, generosidade e simplicidade, sempre valorizando a família. No mundo da música, adoro Renato Russo, com as suas palavras inspiradoras. Também Marisa Monte, pois ela tem o dom da palavra e a sua voz suave toca o meu coração. Na moda, admiro a Christy Turlington, que faz um trabalho lindo com a sua fundação, é um exemplo de beleza exterior e interior! Também admiro o trabalho exemplar da Viviane Senna na área da educação. Não poderia deixar de lembrar da Malala Youfaszai que, mesmo tão jovem e diante de tantas adversidades, é tão conectada com o seu eu interior e com o seu propósito de vida, lutando pela paz e pela igualdade para o nosso mundo.
– Quem já lhe deu um conselho que aplique até hoje?
– O meu pai sempre foi um ótimo conselheiro. Sempre adorei conversar com ele. Uma vez, ele disse: ‘Ninguém é melhor que ninguém. Trate os outros como você gostaria de ser tratada, ser humilde é essencial, você tem de viver com as suas escolhas, não se pode enganar a consciência, escute sempre o seu coração’.
– Quando está em casa o que gosta de fazer em família?
– Adoro um bom chimarrão e é claro que a comidinha da mãe ou do pai também tem o seu valor.
– Gosta de ser discreta…
– A modelo Gisele é uma figura pública. A Gisele mãe, irmã, filha, esposa e amiga é como qualquer outra pessoa. Gosto de manter a minha privacidade, pois as coisas que acontecem no meu íntimo não dizem respeito às outras pessoas.
– O que faria se pudesse ficar completamente anónima?
– Adoraria jogar vólei de praia quando vou ao Rio de Janeiro, levar as minhas crianças ao parque sem preocupações, caminhar na rua à vontade, fazer as coisas sem ser perseguida. Seria ótimo!
– Do que é que não abre mão no seu dia a dia, na sua casa?
– Quando não estou a trabalhar e estou em Boston, há três coisas de que não abro mão: levar os meus filhos à escola e participar ao máximo nas atividades deles; fazer exercício e ter este momento meu, de cuidar do corpo e da mente; estar presente nos jogos do meu marido, dando o meu apoio e torcendo por ele e pela sua equipa.
– O que nunca falta em sua casa? E o que não pode entrar?
– Adoro ter flores pela casa, sinto que dão outra vida, por isso, tento sempre ter flores por perto. Gosto muito de velas também. Tento evitar ao máximo comida industrializada dentro de casa. Prefiro que a nossa família coma comida saudável, que a natureza nos proporciona.
– Que valores tenta passar aos seus filhos?
– Acredito que a melhor forma de ensinarmos é atarvés das nossas ações. Tentamos ser os melhores exemplos que podemos. Cresci no interior e sempre tivemos muito contacto com a natureza, o que me proporcionou a oportunidade de apreciar a sua beleza e valorizá-la. Os meus pais também nos ensinaram a dar valor e a sermos gratos por tudo o que conquistamos. Faço questão de encorajá-los a serem eles mesmos, autênticos. Todos somos diferentes e especiais, não acredito em seguir um padrão.
– Sendo brasileira com um marido americano, como é educar os filhos num lar internacional?
– Temos as nossas diferenças, mas estamos conseguindo administrar bem isso, temos uma comunicação aberta e isso é essencial. Falo somente em português com as crianças, enquanto meu marido fala em inglês. Eles falam ambas as línguas fluentemente, e o que eu acho mais interessante, ainda, é que eles sabem com quem falar cada língua.
– Considera que dizer ‘Eu amo-te’, seja ao marido ou aos filhos, é importante?
– Com certeza! Demonstrar através de palavras e ações os nossos sentimentos é muito importante e é costume na nossa família. ‘Eu amo-te’ é uma das poucas coisas que o meu marido sabe falar em português, porém, uma das mais importantes para mim.
– Você sempre disse que queria uma família grande… Pretende aumentá-la, ter mais um filho, talvez?
– Neste momento, a nossa família está ótima do tamanho que está. Mas aprendi a nunca dizer nunca! Quem sabe futuramente?