Carla Matadinho fala do seu principal papel: “Sou uma mãe muito orgulhosa”

Doce no olhar e nas palavras, Carla Matadinho consegue equilibrar a delicadeza feminina com o pulso firme de produtora. Um equilíbrio que se estende à vida familiar ao lado do produtor Paulo Sousa Costa e da filha de ambos, Letícia, de três anos.
– Ultimamente tem-se dedicado mais à empresa que tem com o Paulo.
Carla Matadinho – A Yellow Star Company é um projeto que surgiu em conjunto e tem crescido a um ritmo ótimo. O público em geral estava habituado a ver-me mais exposta nos media por causa da minha atividade na moda e na televisão, mas sempre conciliei o meu trabalho artístico com outros trabalhos de escritório e esta foi a evolução natural das coisas.
– Tem saudades da moda e da televisão?
– Tenho muitas saudades de fazer televisão com mais regula­ridade, apresentar programas, fazer reportagens e entrevistas, sou uma comunicadora nata. Da parte de moda, tenho saudades apenas de alguns trabalhos, mas felizmente vou tendo trabalhos de fotografia e passerelle. Do que tenho realmente mais saudades dessa altura é do tempo que tinha para mim.
– Mas regressa agora à televisão…
– Sim, estou de volta à Praça da Alegria, no Porto, onde há três anos comecei com o Mamã Cheguei. Desta vez é um espaço novo, mais virado para a mulher.
– Agora tem mais tempo para ser mãe ou o facto de trabalhar com o Paulo torna difícil ‘desligar o botão’ mesmo em casa?
– Atualmente não tenho tem­po para nada, é horrível, somos donos da empresa, sou produtora, marketeer, mãe e mulher que precisa de ter tempo para cui­dar de si… Não é fácil. Como é natural, o trabalho vai para casa, mas acho que tenho um vício saudável, pois consigo desligar para termos os nossos momentos a dois.
– E como é trabalharem juntos?
– É bom. O Paulo valoriza-me muito enquanto mulher, mãe, trabalhadora e lutadora em tudo na vida. Não gosto de receber um ‘não’ e vou sempre atrás do ‘sim’. E ele é a melhor pessoa para analisar e reconhecer como somos uma boa equipa.
– A Letícia já tem três anos. Em que fase está?
– Está linda, reguila, inteligente, perspicaz, malandreca, e com um grande sentido de humor. Tem um vocabulário e uma capacidade de discussão fora de série, tem sempre a resposta pronta e é super negociadora.
– Consegue ver a sua personalidade nela?
– Sim, digo muitas vezes que ela é a minha miniatura, é tão refilona!
– Há uns anos sofreram uma grande perda com a morte do Paulinho [filho de Paulo]. Con­versam com a Letícia sobre o irmão?
– São cinco anos de um grande vazio e de um espaço que nunca será completado. Sempre falámos do mano à Letícia e ela adora ver as fotografias dele, sabe que está no “céu” e, com o tempo, vai perceber tudo o que aconteceu, mas cada fase na devida altura. Temos o cantinho do mano e a Letícia fala dele como se o Paulinho estivesse sempre com ela, e no fundo quem disse que não está?! Às vezes as crian­ças veem e sentem coisas que os adultos não percebem.
– Ela é uma menina muito especial e sensível. Sente-se arrebatada por ela com frequência?
– Sou uma mãe muito orgulhosa, delicio-me com tudo o que ela faz e diz, sempre.
– Sente que tem sido uma mãe presente?
– Sem dúvida! Quando se é mãe é para educar e criar os filhos. Tudo muda. As nossas rotinas são em função daquele pequeno ser que tanto nos faz felizes!
– A maternidade tornou-a diferente?
– Antes da maternidade, houve uma tristeza profunda que me fez mudar muito, a forma de olhar o outro e a própria sociedade, o mundo. Depois veio a materni­dade, que nos primeiros meses não foi fácil, mas com o tempo veio a serenidade e a felicidade que me completam. Estes 32 anos têm sido uma montanha-russa!
– Gostava de ter mais filhos?
– Gostava muito, mas vamos ver com o tempo como tudo progride.