Não trocam os momentos em família por nada no mundo e vivem sem medo de desafios. Aos 37 anos, o humorista e apresentador João Paulo Rodrigues e a mulher, Juliana Marto, de 31, dizem que quando pensam no futuro se imaginam sempre juntos. Com as filhas, Rita, de seis anos, e Sofia, que nasce em agosto.
– São um casal feliz?
J.P. Rodrigues – Nunca ninguém é absolutamente feliz. Ser feliz implica um estado ininterrupto de felicidade que não existe. Contudo, podemos ter a sorte de partilhar a vida com alguém que nos faça estar felizes muitas vezes. Nós temos essa sorte. Construímos uma família que, apesar de todas aquelas coisas chatas, típicas em todas as casas, é a origem de toda a alegria de cada um de nós. E assim vamos sendo felizes um com o outro.
– Todos os casais têm uma história de amor. Qual é a vossa?
– Conhecemo-nos num festival de tunas femininas em Coimbra, a Juliana estava a tocar com a sua tuna. Eu estava, por acaso, a assistir. Gostei do sorriso dela. Gostei muito. Fomos apresentados por amigos comuns e ficámos amigos também. Durante algum tempo fomos só isso: amigos. Eu ia ter com ela a Coimbra ou ao Monte da Caparica, onde ela estudava, e ela ia ter comigo ao Porto. Divertíamo-nos muito um com o outro. Gostávamos de estar juntos. Um dia, apercebemo-nos de que já não queríamos – não conseguíamos – estar um sem outro e… O pedido de casamento foi, como eu lhe havia prometido, especial. Acordei-a às três da manhã, metemo-nos num táxi e arrancámos para o aeroporto. “Onde vamos?”, perguntou-me ela. “Já vais ver, tem paciência”, respondi eu. Passadas três ou quatro horas, ligou à mãe: “Mãe, estamos em Veneza, ele é maluco!”. Mais tarde zangou-se comigo porque tinha gasto muito no jantar! Amuou e fugiu por uma ruela sem saída que terminava num ancoradouro de gôndolas. “Deixa-me estar sozinha um bocadinho. Já sabes como fico quando estou chateada”, disse-me. “Eu trago-te aqui para te pedir em casamento e tu resolves amuar comigo?”, concluí. Começou a chorar! O resto fica para nós.
– Há quase três anos mudou-se para Lisboa sozinho e depois a família juntou-se-lhe. Que balanço faz da vida na capital?
– Esta mudança aproximou-me mais das minhas miúdas. Antes, as minhas semanas eram passadas de um lado para o outro. Entre TV e espetáculos, estava muito tempo afastado delas. Com a mudança para a SIC a minha vida acalmou. Agora que tenho uma profissão ‘a sério’ [risos], passámos a ser mais família. E isso é o melhor de tudo.
– Como conciliam a sua vida profissional com a familiar?
– Não é fácil. Eu estou sempre a trabalhar, fins de semana incluídos, e isso tem consequências. A Ritinha cresceu com esta realidade e, por isso, para ela é normal. A Juliana, legitimamente, cobra-me mais e está sempre a recordar-me que o trabalho não é tudo.
– No meio disso tudo, encontram tempo para os dois?
– Sempre que podemos, fugimos os dois.
– Como tem sido acompanhar a gravidez da Juliana? Mima-a muito?
– A Juliana é uma mamã linda e todos os mimos são poucos. A barriga demorou menos tempo a crescer desta vez. Está enorme. De um momento para o outro, a Sofia passou a ser alguém presente na nossa vida.
– Estarem em Lisboa, longe da família, com duas crianças, significa ainda uma maior necessidade de planeamento. Estão preparados?
– Preparadíssimos. Não temos medo de desafios.
– A Sofia nascerá em Lisboa? Quer assistir ao parto?
– Sim, será lisboeta como o pai. A Ritinha é matosinhense. Quero assistir ao parto, resta saber se consigo.
– Estão sempre de acordo na educação da vossa filha?
– Nem sempre. Eu e a Juliana somos o resultado de educações distintas. Por isso, é natural que às vezes as opiniões não coincidam. Como é ela que está mais presente na educação da Rita, por norma eu sigo as suas indicações. E tem mesmo de ser assim, porque, em idade mental, eu sou mais ou menos da idade da Rita [risos]!
– Como se descrevem enquanto pais?
– A Juliana é a educadora, eu sou o ‘deseducador’ [risos]. A mamã está sempre lá, em tudo que a Ritinha faz. Sempre atenta, sempre preocupada, sempre presente. O papá é o mais chato: “Cuidado, Rita, não faças isto, não faças aquilo!” Eu sou o ultra-mega-preocupado. Nas palavras da Ritinha, a mamã é “fixe e amorosa”. Já o papá, é “fixe, fofinho e muito carinhoso”.
– Como é que deram a notícia da gravidez à vossa filha?
– Entregámos-lhe um envelope com a primeira ecografia e perguntámos se sabia o que era. Quando lhe dissemos que era um bebé, um irmão ou uma irmã, começou a chorar, “de felicidade”, disse ela. Temos tudo filmado. Para mais tarde recordar…
– Como reagiu a Rita [a pergunta era dirigida aos pais, mas é Rita quem responde]?
Rita – Reagi muito bem, fiquei contente, aos pulinhos no sofá e fiquei muito feliz ao saber que ia ter uma irmã. Vi na ecografia que a maninha é muito fofinha, é muito bonitinha e parecida comigo e com o meu papá. A minha mamã não tem nenhuma filha parecida com ela.
– E não tens um bocadinho de ciúmes…?
– Não tenho ciúmes porque sempre quis ter uma mana. Quando ela nascer, vou amá-la, porque ela vai ser muito querida, como eu.
– João Paulo, acha que a sua vida vai mudar com o nascimento da Sofia?
JPR – Tenho a certeza que sim. Vamos voltar às fraldas e aos biberões, às noites sem dormir… Mas faz parte. E estou ansioso por que mude… Uma nova vida nas nossas vidas. Venha ela, estou ansioso por conhecê-la!
– Nos últimos meses fez um grande esforço para perder peso e ganhar massa muscular. Como se sente com um novo corpo aos 37 anos?
– Sinto-me com 27! Aliás, sinto-me muito melhor do que quando tinha 27. Naquela altura fumava e tinha pelo menos mais 15 quilos. Ganhei saúde, ganhei vida. Se soubesse que era assim, já o tinha feito antes.
– Qual foi motivação para mudar?
– O compromisso que assumi com o desafio que me lançaram. Se me dizem que não sou capaz, fico em brasa! Foram muitas as vezes que me apeteceu desistir, pensava que nada compensava o sacrifício. Nesses momentos, lá aparecia a voz da minha consciência a dizer-me: ‘És mesmo fraquinho, pá. Vais dar razão aos que acham que vais falhar?’ E assim foram passando os meses e o corpo foi mudando e com isso a confiança e a vontade de me esforçar um bocadinho mais.
– O que é que diria a alguém que quer ter um novo corpo e tem falhado sistematicamente no seu propósito?
– Acho que cada um deve procurar a sua própria motivação onde e com quem lhe faça sentido. Não há duas pessoas iguais, por isso, não há uma técnica, uma dica ou conselho que sirva a toda a gente. E reconhecer isto é deixar de olhar para aquilo que os outros fazem, o que nos obriga a desenvolver o nosso próprio processo. É este autoconhecimento – perceber onde temos falhado e porquê, o que nos motiva a acordar às seis da manhã para correr, o que devemos deixar de comer ou passar a incluir na nossa dieta, etc. – que vai escrevendo a nossa fórmula. E para que isso aconteça, a primeira coisa a fazer é começar. Comecem e depois logo se vê.
– Recebeu muitos elogios da Juliana?
– Sim. Disse-me que admirava a minha força de vontade. A verdade é que eu não teria conseguido sem ela. O apoio dela foi fundamental. E acho que ela gosta mais deste marido novo. Como alguém disse: “A Juliana casou com um bidão e agora tem um tanque em casa.”
– Estar em forma é uma preocupação que partilha com a sua família?
– Não é uma obsessão, não somos fundamentalistas da boa forma, mas temos os cuidados normais, todos praticamos exercício físico e cuidamos da nossa alimentação.
– Apresentar o programa da manhã da SIC continua a ser um desafio?
– Todos os dias os desafios são diferentes, por isso a aprendizagem é contínua. A preparação para cada programa é diferente, o que exige que tenhamos de estar bem preparados e informados. Aprendi a entreter informando e a comunicar divertindo. E depois há também as grandes lições de vida que ali recebemos de vez em quando, que nos fazem olhar para o que temos de uma forma mais agradecida. Em quase três anos no programa conheci pessoas fantásticas. Algumas marcaram a minha vida.
– O que é que o desafia enquanto ator, humorista, apresentador e músico?
– Sou isso tudo? Enquanto ator, o que mais me desafia é a verdade com que consigo fingir que sou outra coisa que afinal não sou. Enquanto humorista, são as lágrimas! Sim, as lágrimas que se soltam de tanto rir. É isso que busco quando estou em cima de um palco. O João apresentador ainda anda por ali, meio perdido, a ver como os apresentadores a sério fazem. Talvez busque o equilíbrio entre comunicar e entreter, ensinar e fazer rir, informar e inspirar, sei lá… o JPR músico ou cantor ainda está a tentar perceber por onde quer seguir. Em breve terá uma resposta…
– Qual a receita para se sentir feliz consigo mesmo?
– Nunca me levar demasiado a sério e fazer apenas o que me faz feliz. Se é para ser infeliz, mais vale procurar outro caminho. Nunca é tarde para mudar a vida e transformá-la em algo de que realmente gostemos.
– A Juliana é muito discreta. É fácil ser casada com o João Paulo?
Juliana Marto – Sou discreta no sentido em que não me identifico com o meio profissional do João e, por isso mesmo, prefiro passar despercebida. No que toca à boa disposição, palhaçadas e convívio com os amigos somos parecidos e entendemo-nos bem. A única dificuldade de ser casada com o João é o facto de a vida profissional dele ocupar muito do seu tempo e, consequentemente, passarmos menos momentos em família.
– Em casa ele é o João Paulo ou o Jota?
– É um bocadinho dos dois. Normalmente é um pouco mais contido, até porque como trabalha tanto aproveita para descansar, mas nos momentos em que estamos todos juntos boa disposição não falta, principalmente quando se junta a Rita, que também gosta de ser ‘engraçadinha’ como o pai.
– O João Paulo fá-la rir ou é um daqueles casos que confirmam o ditado “em casa de ferreiro, espeto de pau”?
– Faz-me rir muito, sem dúvida! Não há um único momento do dia em que não faça ou diga algo que me faça rir… faz parte da sua natureza.
– Têm-se sentido mimada por ele nesta gravidez?
– Sim, tenho, mas também não sou uma grávida difícil de agradar… não tenho desejos e não tenho grandes alterações hormonais [risos], até porque nem tenho tempo para isso, com a Rita e com os estudos… Felizmente, tudo corre dentro da normalidade, aliás, até considero a atenção e preocupação dele comigo excessivas, ao invés de pedir mimos e atenção, peço é que não se preocupe tanto!
– A vida profissional do João Paulo obrigou-a a vir viver com a vossa filha para Lisboa. Como correu a adaptação?
– Muito bem. Somos todos mais felizes em Lisboa. Só pelo simples facto de estarmos juntos, qualquer sacrifício vale a pena.
– O João Paulo diz sempre que tem uma mulher muito bonita. Como se sente quando ouve elogios do seu marido?
– Sabe sempre bem ouvir elogios da pessoa que amamos, fico de alma e coração cheios e fico feliz que o meu marido sinta orgulho na mulher que tem.
– Estão casados há sete anos. Com tantas mudanças na vossa vida, tiveram tempo para sentir os efeitos da tão famosa crise dos sete anos?
– Estamos casados há sete anos, mas juntos há dez. Posso dizer que na nossa relação há companheirismo, compreensão e respeito. Tudo se resume em aceitar e amar, porque enquanto existir amor, tudo será ultrapassado. Sejamos sinceros: aguardamos a chegada da nossa segunda filha, portanto, tudo o que se prevê para estes sete anos de casados é uma enorme ‘crise’ de felicidade.
João Paulo Rodrigues: “A Juliana é uma mamã linda e todos os mimos são poucos”
O apresentador e a futura dentista esperam a segunda filha, Sofia, para agosto.
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