Aos 43 anos, Cláudio Ramos já se tornou aquilo que sempre ambicionou: um rosto incontornável do entretenimento televisivo. O apresentador tem a seu cargo as rubricas Jornal Rosa e Consultório Sentimental do programa da SIC Queridas Manhãs, faz parte do programa da SIC CARAS Passadeira Vermelha e ainda apresenta o Contra Capa, no mesmo canal, e participa no Esquadrão do Amor, no Canal Q. Apesar de ser um apaixonado pelo seu trabalho, Cláudio já percebeu que precisa de desacelerar: a saúde não se compadece do ritmo frenético e voltou a ter de se submeter a nova intervenção ao coração, uma ablação cardíaca, que consiste na remoção de tecidos que bloqueiam os impulsos elétricos e, consequentemente, provocam arritmia.
– Foi operado há dois meses…
Cláudio Ramos – Sim. Esta intervenção foi mais invasiva e há 80% de probabilidades de não voltar a acontecer. Não queria ter feito esta intervenção, não foi fácil, mas tinha de ser. Estou com muita medicação e isso, a longo prazo, pode ser prejudicial, porque sobrecarrega outros órgãos, por isso decidi fazer esta intervenção. Para ver se com o tempo consigo deixar a medicação.
– Teve receio?
– Desta vez, sim, tive medo. Estava um aparato muito grande e só no bloco percebi que seria uma cirurgia mesmo à séria. Aí pensei que poderia já não sair de lá. Mas tinha tudo organizado, tudo escrito para o caso de me acontecer alguma coisa.
– Este problema não o faz repensar o ritmo de trabalho?
– Sim, este ano foi a primeira vez que pensei nisso. Estava muito cansado antes da operação, trabalhava muito tempo. Agora, na prática trabalho o mesmo, mas estou mais resguardado. Saio de casa às 7h da manhã e há dias que chego às 00h30. Fisicamente é muito violento, o que vale é que são coisas que gosto de fazer. São muitos programas, sou eu que escrevo todos os meus textos e mesmo estando em casa, estou sempre a trabalhar. Não paro um minuto. Por isso, agora, quando me sinto cansado, paro e aviso que não posso. Nestes três meses tenho de me restabelecer completamente e já pedi algumas folgas.
– Diria que hoje em dia é um rosto incontornável da televisão.
– Mas foi difícil. A maior dificuldade foi provar que conseguia ser um bom comentador na área “cor de rosa” e um bom apresentador. Eu sabia que as coisas eram compatíveis, mas durante muito tempo ninguém acreditou nisso. Agora, graças a Deus, sou uma alternativa ao programa da manhã, como outros colegas meus.
– Quer dizer que quando entra em casa não consegue desligar?
– Nem pensar. Nem quando estou a treinar consigo desligar do trabalho. Mas acho que consegui encontrar um equilíbrio.
– Além da televisão, tem o blog Eu Cláudio, que faz dez anos. Qual o segredo?
– Nasceu como um canto de desabafos, mas rapidamente percebi que tinha sentido fazê-lo crescer. Na altura, nunca imaginei que o mundo da blogosfera se transformasse no que é hoje, mas percebi que o importante era investir forte e profissionalmente Acho que o segredo passa pelo empenho e dedicação. É isso que faço todos os dias, mesmo cansado, tenho que dedicar-lhe tempo. Sou eu que escrevo, tenho uma equipa de apoio, mas sou eu a base, porque não posso defraudar quem investe em mim.
– Para terminar: o seu pai morreu recentemente. Mudou alguma coisa em relação ao que sentia por ele?
– Não. Nunca escondi que a nossa relação não era boa e neste processo todo o que mais me custou foi ver o sofrimento dos meus irmãos. Na altura em que nos zangámos deixei de o considerar meu pai, mas continuou a ser pai dos meus irmãos e eles é que me importam.
– Mas foi-se despedir dele…
– Claro. Fomos todos os filhos, só, numa pequena cerimónia.
Fotos: João lima | Produção: Filipa Gonçalves
Cláudio Ramos após a operação ao coração: “Desta vez, sim, tive medo”
O apresentador e ‘blogger’ reconhece agora que vai ter mesmo de abrandar o ritmo de trabalho.